Para começar a estudar sobre Doutrina da Salvação, precisamos sistematizar, organizar os textos bíblicos referentes a esse assunto. Quando se vai estudar qualquer tema, precisamos ver como os textos bíblicos conversam sobre, para podermos ter uma opinião final sobre o que as escrituras dizem a respeito do tema. Utilizar-se da razão para estudar a Bíblia é muito importante. Razão, emoção e fé caminham paralelamente, quando a fé faz você continuar a subir onde a razão e a emoção não conseguem. Cuidado, pois, haverá momentos em que esses paralelos podem se cruzar. Fé combatendo a razão e emoção, cabe a nós conseguirmos atingir o equilíbrio entre ambos. Como exemplo temos o pietismo que, ao ver o uso excessivo da razão, força a volta para as emoções, o que só muda o foco, mas sem restaurar o equilíbrio. Na história da Igreja, podemos ver duas formas que o inimigo tenta destruir o povo de Deus. Uma delas era o embate físico, que durou cerca de 300 anos, e a outra é o embate intelectual, ainda recorrente na atualidade, onde o inimigo tenta combater nossas doutrinas e nossa fé a nível mental. Podemos ver que a salvação nos diferentes grupos significa:
👉 Igreja primitiva grega: ser salvo da morte e do erro.
👉Igreja romana: salvação da culpa e das suas consequências, nesta e noutra vida (purgatório e inferno)
👉 No protestantismo clássico: salvo da lei, da ansiedade que suscita em nós e do seu poder de condenação.
👉 Pietismo e avivamento: salvação é o triunfo sobre o estado de impiedade através da conversão e transformação.
👉Teologia liberal: progresso na direção da perfeição moral.
Doutrina
É possível olharmos para a doutrina como filosofia, mas nossa proposta é enxergar que o ensino bíblico (doutrina) traz respostas para a vida (existencial) as questões mais profundas do ser humano, estudar sobre doutrina é entender que precisamos ser salvos. E do que precisamos ser salvos: cada grupo responde da sua forma. Nós cristãos precisamos ser salvos de nós mesmos, do peso que carregamos, das nossas aflições na alma, do nosso ego e do nosso pecado.
Tensão
Quando falamos de salvação, é importante perceber que existe uma tensão entre exercer misericórdia e a exigência de justiça. O mistério que se desenha é entre a coragem de aceitar-se a si mesmo a despeito de saber- se inaceitável.
A Tensão entre a ira de Deus e o amor de Deus. Se não percebemos isso o amor se converte em sentimentalismo e fraqueza se não incluir a justiça. A mensagem de um amor divino que negligencie a mensagem da justiça divina não pode dar ao ser humano uma consciência tranquila. Essa tensão quando mal compreendida gera um ensino baseado em duas percepções: Risco x Segurança.
Doutrina da expiação Expiação é o ato pelo qual o pecado é cancelado, o objeto da expiação é o pecado. O pecado é o que nos desvia do que deveríamos ser, nos afastando de Deus e nos esvaziando até não existir mais nada em nosso coração. A Expiação é criada por Deus de forma exclusiva. Há o equilíbrio entre amor reconciliador e exigência de justiça. Eliminação divina da culpa e do castigo não consiste em ignorar a realidade e profundidade da alienação existencial. Deus participa, assume a alienação existencial. O sofrimento de Deus não substitui o sofrimento humano, apenas o torna coparticipante. O ato divino supera, a alienação humana se ocupa da culpa e do pecado Rm 3:25.
Salvação é: Reunir o que está alienado. Dar um centro ao que está disperso. Superar a ruptura entre Deus e o homem sendo Cristo o mediador- aquele que transpõe o abismo que existe, Cristo é o que reuni o que está separado e é também o Redentor. Na salvação a nossa vida será comparada a de Cristo, o que deixa a salvação inalcançável ao ser humano, necessitando da mediação Dele.
Substituição
A morte de Cristo é também substitutiva, Ele assumiu o nosso lugar. (Gálatas 3: 10-14) Amor e Justiça Você acreditaria em um juiz que recebesse o seguinte caso: Um certo homem chega em casa e vê que um assaltante roubou sua casa e matou toda a família. Em vez de se vingar, o homem leva este ladrão para julgamento do juiz. O juiz alega ser uma pessoa extremamente misericordiosa e absolve o assaltante. Coloque-se no lugar do homem que sofreu no assalto, qual o seu pensamento a respeito do juiz? Se não acreditamos em um juiz que agisse dessa forma, não podemos crer que é assim como Deus manifesta justiça em nossa vida. Todos pecamos, não somos inocentes. E como justificar nós que somos pecadores? A justiça de Deus não é feita de qualquer forma, na cruz é onde a justiça e o amor estão perfeitamente equilibrados. O Amor é sustentado pela Justiça, como por exemplo, quando um casal convive e apenas um dos lados faz as tarefas domésticas de casa. Por mais que eles se amem, o que mais faz em casa se sentirá injustiçado e o amor não será suficiente para manter o equilíbrio do casal. Na maioria das doutrinas da salvação, Amor e Justiça estão desiquilibradas ou desvinculadas. Pessoas que focam na justiça, afirmam que estamos seguros. Aqueles que focam no amor, nos dizem que estamos em perigo. Tenha ciência que o amor de Deus também vem com a Justiça divina, equilibradas na Cruz.
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