sábado, 7 de dezembro de 2019

Apocalipse - Parte 4

Nessa  aula  daremos  continuidade  ao  assunto  de  Apocalipse  em um  tom  pastoral,  como  uma  conversa  livre  acerca  das  últimas palavras  que  este  livro  nos traz  sobre  a  oração. 

APOCALIPSE  –  PARTE  4 

Nessa  aula  nós  finalizaremos  a  primeira  sequência  que  tivemos de  uma  conversa  pastoral  acerca  do  Apocalipse  para,  depois começarmos  a  conversar  sobre  as  principais  direções  de  onde  o texto  pode  nos levar.   Daremos  a  ênfase  na  essência,  esperança  e  consolação  de  que não  olhemos  para o  livro  de  Apocalipse  como  um  livro  que  precisa ser  criptografado,  ou  decifrado  até  a  última  vírgula.  Na  verdade, esse  livro  precisa  ser  uma  experiência  de  quem  está  olhando  no mundo  espiritual  a  realidade  da  história,  e  que  o  Cordeiro  está segredando  em  nosso  coração  de  que  Ele  é  o  vencedor  da história,  a  qual Ele  nos  convidou  a  participar. 

Até agora nós vimos as últimas palavras que o livro traz desta experiência fantástica sobre a Igreja, sobre o próprio Cristo, sobre o poder e sobre o mal. Nessa aula, estaremos vendo as últimas palavras que este livro nos traz sobre a oração. Nos Capítulos 8 e 9 nós veremos essas últimas palavras em uma mistura entre visão e oração. Na abertura do sétimo selo temos um momento de silêncio, quando as orações são ouvidas. Aparece um anjo que vai à frente do altar com um incensário na mão. Esse anjo, então, mistura essas orações que subiram juntamente com o incenso. A ideia, portanto, é de que as orações se unem a um incenso. Isso me leva à minha primeira reflexão de que, mesmo as nossas orações mais honradas e mais nobres, ou em tempos difíceis onde a igreja está sendo perseguida pelo nosso inimigo mais cruel, ou até quando nossa oração sai como um grito da nossa alma, até mesmo essas orações precisam ser purificadas para tocar a presença do Senhor, porque a santidade de Deus vai além de tudo que imaginamos. Assim sendo, essas orações de uma Igreja que está sendo perseguida é misturada com incenso, a fim de ser purificada. O anjo, então, pega o fogo do altar, reforçando a ideia de purificação e também a ideia de Espírito Santo.  Temos, portanto, uma mistura: oração, purificação do incenso e o fogo do Espírito Santo. Essa ideia de purificação é muito forte, que está presente tanto no Espírito Santo quanto no incenso. O anjo então mistura tudo isso no incensário, como se fosse uma funda, e atira na terra novamente essa mistura única: oração, purificação e fogo. Quando esta mistura toca a terra, ouvem-se terremotos, trovões e relâmpagos, conforme narrado em Apocalipse 8: 5. São as orações de um povo que está clamando, vivendo esse tempo. Essas orações que tocaram o altar e que são ouvidas e atendidas, agora, como fruto dessas orações, surge esse trovão, que volta com um impacto na terra - é a resposta da oração que atinge o seu propósito. Então, mesmo depois do silêncio, mesmo depois dessa grande batalha, precisamos nutrir em nosso coração essa esperança e convicção de que as orações dos santos irão voltar como trovão, e a oração da igreja irá voltar como terremoto. Dessa forma, o Senhor irá cumprir na história aquilo que Ele tem para cumprir. Daí a nossa necessidade de continuar orando, de continuar intercedendo, porque, em algum momento da história, a nossa oração irá virar terremoto e trovão. E através desse trovão, Deus irá cumprir e realizar a história através da oração do seu povo. A oração é o momento que nós temos para fazer parte do governo de Deus na história. Ou seja, de alguma forma, a oração transforma o mundo, nos traz para dentro da história.

Sem a oração nós ficamos excluídos, como se fôssemos alguém que está à beira do caminho. E então começamos a orar e entramos no trilho do Espírito Santo, e participamos de um Deus que está governando o mundo. Nesse momento, nos tornamos agentes. A oração da igreja irá criar impacto sobre a terra para revelar a vontade, o juízo e a santidade de Deus. Quando esse anjo faz esse movimento de atirar, o texto está nos garantindo que a oração vai ter o impacto necessário, e esse impacto será tremendo, único e poderoso, porque Deus age na história através da oração do seu povo. João está exilado na ilha de Patmos, e o exílio é uma das piores experiências, Pois é o lugar onde estamos fora do lugar onde gostaríamos de estar. E eu penso que muitas vezes, na vida do crente ou na nossa vida cristã, por um motivo ou outro, nós somos retirados do lugar de onde gostaríamos de estar. Nessa experiência de exílio, Roma parece estar enviando uma mensagem para João: "João, você é apóstolo de Cristo, mas quem manda aqui sou eu". Então esse exílio tem uma força de imposição: "você pode ser apóstolo em suas igrejas, mas aqui, nesse mundo, quem manda é o Império Romano”. É estando nesse exílio que ele ora e clama, porque essa oração é a ferramenta que ele tem para consolar o coração e consolar a sua comunidade, para fazer parte da história. É também a arma que ele tem para mostrar que aquelas grades e aquele exílio não são suficientes, que o Reino de Deus vai aparecer com tremenda força, com raios, trovões e terremotos, e que nenhum império é capaz de se sustentar de pé diante de Jesus Cristo. A profecia do apóstolo João é regada sempre à oração, porque é ela que ativa a nossa imaginação. Porque quando existem problemas na área financeira, na área de saúde, na vida da igreja, em questões familiares ou em qualquer área que seja, a oração é aquilo que ativa a nossa imaginação. É quando nos deparamos com a imagem de que existe esse império que está dominando toda nossa vida e está nos exilando, nos tirando do lugar onde gostaríamos e deveríamos estar. Nesse momento, o mundo e a vida estão dizendo: quem manda aqui sou eu. E quando nos retiramos para oração, somos introduzidos novamente na realidade de que Deus é o Dono da história. E nós percebemos que, por mais feroz que seja esse império que se levanta contra nós, ele não irá sobreviver diante do Cordeiro. A oração é a arma que nós temos de ativar a nossa percepção e a nossa imaginação, porque todo império das trevas, em qualquer época da história, vai tentar roubar toda a capacidade que a Igreja tem de enxergar que Cristo é soberano. Todo império das trevas vai tentar minar as suas forças, mostrando que a força, o domínio e o poder estão na mão do time adversário – é aquele marido que não se converte nunca, é aquele irmãozinho que sempre dá problema e você começa a pensar que é impossível acontecer qualquer coisa. Em qualquer movimento do império das trevas ele sempre vai tentar causar um impacto: “isso é impossível” ou "quem manda aqui sou eu” ou “eu já decidi, o seu lugar é o exílio e você vai ficar preso aí no seu canto". E quando nós começamos a mergulhar nessa atmosfera da oração, nossos olhos são abertos e passamos a enxergar a fragilidade de todo o reino que não seja o Reino do Cordeiro. Quando nós oramos, os olhos do nosso coração se abrem e nós enxergamos o Cordeiro Santo que tira o pecado do mundo, que governa sobre todas as nações, que está acima de todo principado e potestade. Quando a Bíblia fala sobre as últimas palavras de oração, ela nos ensina a conversar com nossa alma. Nós vemos no Capítulo 6:9-11 que o ser humano começa a orar: "até quando?" Essa é a oração que sempre fazemos quando bate o desespero, quando estamos sendo perseguidos pelo império do mal. Esse império vai nos massacrando e nos apertando de tal forma que, inevitavelmente, acabamos orando nessa direção: "Senhor, até quando os meus inimigos conseguem tanto sucesso em frear o seu reino?"
No entanto, esta oração de "até quando", à medida que nos deixamos contagiar por essa percepção espiritual, a oração ganha esse sentido de que os selos são abertos, também à medida que a vontade e o juízo de Deus estão sendo revelados. A oração do povo de Deus encontra o juízo de Deus. Nesse caso, nós vemos que o juízo de Deus é resposta às orações do Seu povo. No capítulo 10:1,2 nós temos dois símbolos muito fortes, quando vemos as últimas palavras sobre a oração: os selos e as trombetas. Nos selos nós vemos essa marca, o juízo de Deus sendo manifesto. Nas trombetas estamos falando de anúncio, de proclamação. Na história do Povo de Deus existe essa relação muito clara: o cordeiro era desmembrado e era colocado fogo no altar. Mas o cordeiro só poderia ser colocado sobre o altar depois que o sacerdote oferecesse incenso nesse altar. Ou seja, as trombetas tocavam depois que o cordeiro era colocado. A ordem, portanto, é: primeiro o incenso (oração), depois a continuação. Na mentalidade daquele povo, o toque da trombeta já anunciava essa esperança, porque a trombeta é um prenúncio. Fica evidente então, que quando aquele personagem do Novo Testamento está naquela sala de cinema 20D imaginária, no momento em que ele escuta João falando da trombeta, a sensação que vem é que ela vai tocar. 

Nesse momento o sacerdote está levando incenso e a oferta vai ser recebida. Com isso, naturalmente, o coração daquela pessoa já se enche de esperança. É exatamente isso que nós vemos e sentimos ao ler o livro de Apocalipse. Sugiro alguns textos: I Tessalonicenses 4:16, Mateus 24:31, Isaías 27:13. Figurativamente, o incenso está sendo usado como figura de oração. Pensar em trombetas é pensar em vitórias, em novos começos, pois ela toca anunciando que alguma coisa irá acontecer. Portanto, o papel da trombeta é criar expectativa, e quando ela soa, o povo fica com a melhor expectativa possível. Então a oração na vida do crente, no sentido figurado, é que abre os nossos ouvidos, inclusive, para começarmos a escutar o som da trombeta tocando, dizendo que o tempo novo está chegando. Quem não ora, não escuta a trombeta tocar; quem não ora, não percebe o novo tempo chegando. Orar é se identificar com uma realidade espiritual que está para além dos nossos olhos. E nós vemos, depois das últimas palavras sobre a oração, as últimas palavras sobre o testemunho, sobre o fato de testemunhar, mesmo debaixo de tão acirrada competição. Vai aparecer então a figura de Elias, e a questão aqui é que o papel da igreja é um papel de testemunha. Nós não podemos transferir este esse papel de testemunhas para ninguém, esse papel está confiado à igreja.   

Nós vemos as últimas palavras sobre o céu, que é o lugar onde vamos morar. Então a Bíblia traz a percepção desse Lar Celestial que Deus nos preparou, e as últimas palavras sobre a salvação, que é tudo isso que Deus está construindo para nós. Salvação tem a ver com Deus construindo em nosso coração essa ponte perfeita que atravessa o tempo. Antes, nós éramos inimigos, agora somos amigos, e a história da salvação é a história desse meio do caminho, enquanto estamos sendo transformados dia após dia, glória após glória, no meio dessa batalha épica contra dragões, bestas e tudo mais. O livro de Apocalipse traz a última capa, o último Capítulo de uma história. E eu fico imaginando como você imagina terminar a sua história. E como nós terminamos de ler uma história com um livro onde, ao fim, você sai com aquela sensação de dever cumprido, de que aquela história foi realmente impressionante. E quando deveríamos fechar a última página da nossa Bíblia, a sensação que deveria invadir o nosso coração é: o Cordeiro reina, e por isso eu tenho paz. As últimas palavras precisam reavivar em nosso coração uma expectativa pelo som da trombeta. As últimas palavras desse livro tão maravilhoso precisam trazer para o nosso coração tamanha consolação, que quando fecharmos as suas páginas, tenhamos vontade de levar Consolação a quem não tem.  

Nós vivemos em um mundo repleto de ansiedade, de medo, de maldade e violência, e receber a mensagem do Apocalipse é receber esperança e consolação para compartilhar com essas pessoas. Se faltar esperança na igreja, onde o mundo pode encontrar? Se faltar consolo, onde o mundo pode achar consolação? Particularmente, eu creio que o Espírito Santo preparou para nós um livro espetacular para nos gerar esperança e consolação. Ore para que, ao ler esse livro, isso seja verdade em sua vida. Agradeço esses momentos de caminhada pastoral, e já o convido para os próximos encontros para agora, enfim, podermos conversar sobre o texto, sobre as principais direções de interpretações que temos ao longo da igreja. Mas quero pedir a você, mais uma vez, que seu coração esteja devidamente aquecido no consolo quem vem da parte de Jesus Cristo. Que Deus te abençoe. 

Nenhum comentário: