terça-feira, 22 de setembro de 2020

A DOUTRINA - das Escrituras sagradas (Bibliologia)📖

A DOUTRINA DAS
ESCRITURAS(Bibliologia)

Quando a Palavra de Deus é negligenciada, a religião pura e verdadeira desaba. Quando ela desaba ninguém pode, nem será salvo. Erasmus Sarcerius (1501 - 1559). 

Introdução

A Bíblia é a única base da doutrina cristã. Por isso, se o conceito formulado sobre as Escrituras for errado, todas as outras doutrinas serão afetadas de modo negativo. Daí percebe-se a importância da concepção sadia da Bíblia. Quando ela
não é considerada do modo como exige, não pode servir de base para a conservação da “sã doutrina” (Tt 2.1).
Intimamente ligada à doutrina está a vida diária do cristão. O comportamento do crente deve ser um exemplo de doutrina posta em prática.

Portanto, se uma pessoa não tiver uma ideia correta acerca da Bíblia, isso também influenciará o seu modo de andar. Com efeito, a Bíblia deve ser para o cristão um manual de padrões para a vida. 

Se não for assim, o homem estará à mercê dos seus próprios modos errados e pecaminosos de pensar, os quais fatalmente o conduzirão à ruína. 

Deve ser lembrado que há pessoas que, apesar de professarem um conceito sadio da Bíblia, vivem em desacordo com isso. É claro que essas pessoas envergonham o Evangelho. Suas vidas espirituais são um verdadeiro fracasso.

A revelação

Revelação é, basicamente, o desvendamento de algo que era
desconhecido ou a manifestação de alguma coisa que estava escondida. No
contexto judaico-cristão essa palavra é usada para se referir à comunicação
que Deus faz de si mesmo e da sua vontade. Assim, em termos teológicos, a
revelação é um processo por meio do qual Deus desvenda ao homem seu caráter e seus desígnios. O resultado desse processo também é chamado de 
revelação.

Para fins de estudo, a revelação de Deus se divide em dois aspectos:

A revelação geral

  Refere-se ao testemunho que Deus dá si mesmo a todos os homens por meio da criação (Rm 1.19-20), da sua providência na história (At 14.15-17) e da consciência humana (Rm 2.14-15). A revelação geral alcança todos os homens em todos os lugares (Sl 19.1-6), mas não tem conteúdo redentor. O máximo que ela faz é expor alguns atributos de Deus, tornando os homens indesculpáveis por rejeitá-lo (Rm 1.20-23). 

A revelação especial ou específica

  Refere-se ao desvendamento do caráter e do plano de Deus na história da redenção (Sl 78; 107), na pessoa de Cristo (a expressão máxima da revelação – Jo 1.18; 14.9; Cl 1.15; 2.9; Hb 1.1-3) e nas Escrituras Sagradas (2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21). A revelação especial tem conteúdo salvífico, ou seja, é possível alguém compreender o plano redentor de Deus por meio dela (2Tm 3.15). Contudo, ainda que 
destinada a todos, a revelação especial alcança efetivamente um número
limitado de pessoas.

A inspiração

Conforme visto, a Bíblia compõe a revelação especial de Deus, tendo sido inspirada por ele. Quando se diz que a Bíblia é inspirada por Deus, isto significa que o Espírito Santo supervisionou aquilo que os autores bíblicos escreveram nos autógrafos, isto é, nos escritos originais (as cópias não foram inspiradas) de tal modo que eles o fizeram sem cometer qualquer erro. Deus não ditou as palavras da Bíblia (apenas poucas partes foram 
provavelmente ditadas – e.g., a Lei), nem tampouco os autores bíblicos entraram em estado de êxtase para escrever os livros. O que Deus fez na realidade foi mover (2Pe 1.21) ou dirigir os escritores para que compusessem sua revelação usando suas personalidades, culturas e faculdades mentais. Desse modo, pode-se dizer que Deus falou através do homem (Mt 1.22; 2.15;1Co 14.37). É importante destacar que não é correto dizer que os autores bíblicos foram inspirados por Deus. O termo “inspirados” se aplica apenas aos livros bíblicos. 

Seus autores foram movidos ou impelidos (Gr. ferómenoi) pelo Espírito Santo. Alguns textos bíblicos que servem de base para esse ensino são Mateus 5.18; 22.43; 2Timóteo 3.16; 2Pedro 1.20-21 e Hebreus 1.1. 

Hoje não existe nenhum fragmento sequer dos escritos originais. Todos se perderam ao longo dos séculos. O que se tem agora são cópias, a maioria delas preparada por homens zelosos e habilidosos. Para se chegar ao texto original um trabalho científico denominado crítica textual tem sido realizado nessas cópias e em fragmentos delas. Graças à ação de Deus em preservar sua Palavra (1Pe 1.24-25) e aos esforços da crítica textual, o conteúdo dos autógrafos foi mantido acessível com precisão praticamente total.

O crente deve ter sempre em mente que a Bíblia, por ser divinamente inspirada, é:

Inerrante: Não há erros na Bíblia, seja no campo da ciência, da geografia, da história ou da filosofia (Jo 10.35; 17.17).

Infalível: O que a Bíblia ensina não conduz as pessoas ao erro. Nós caminhos e soluções que prescreve, ela nunca falha, de modo que a pessoa que a obedece pode caminhar segura, sabendo que está seguindo um mapa que a leva na direção certa. Ademais, suas promessas e profecias nunca falham. O que ela diz acerca do amanhã, certamente se cumprirá (Nm 23.19; Sl 119.9,11; Mt 5.18; Tt 1.2).

Além disso, uma vez que Deus a destinou a criaturas inteligentes com o objetivo de lhes transmitir verdades essenciais, a Bíblia também é interpretável. Isso significa que há um sentido específico (e não vários!) em cada porção do texto sagrado. Esse sentido pode ser descoberto por meio do emprego das regras normais de hermenêutica, usadas, inclusive, pelo próprio Cristo (Mt 22.41-46). 

É verdade que há trechos difíceis de entender, mas isso não autoriza ninguém a dar ao que foi escrito o sentido que achar mais conveniente, distorcendo as Escrituras (2Pe 3.15-16). Antes, o leitor deve buscar o significado pretendido pelo autor sagrado, sabendo que esse significado é claro na maioria das vezes e compõe a mensagem do próprio Deus ao 
homem. Por ser inspirada, inerrante, infalível e interpretável, somente a Bíblia 
pode ensinar o que é correto acerca do Deus único e verdadeiro. Assim, qualquer crença que a rejeite jamais poderá levar o homem ao real conhecimento da divindade. 


A canonicidade

Sendo inspirados por Deus, os livros da Bíblia são dotados de canonicidade. O termo “cânon” vem do hebraico (qaneh) e do grego (kánon) e significa, basicamente, vara de medir ou régua. Com o tempo, essa palavra passou a ter um significado mais amplo, indicando também uma norma ou padrão de qualquer natureza (Gl 6.16). Assim, quando se afirma que um livro é canônico, isso significa que deve
ser usado como uma régua para “medir” a validade do que o homem crê e faz.
Deve ficar bem claro que a canonicidade dos livros bíblicos não lhes foi imposta por homens. O fato de Deus tê-los produzido usando o processo da
inspiração visto acima é que lhes confere canonicidade. Os homens
simplesmente reconheceram essa qualidade presente nos livros bíblicos desde a sua produção. Aliás, mesmo os escritores bíblicos tinham consciência da
autoridade de seus escritos por serem revelação de Deus. Isso se pode ver,
por exemplo, em 2Samuel 23.2; 1Coríntios 2.13 e 14.37. 

Para reconhecer um livro como canônico foram usados os seguintes critérios:

Autoria profética ou apostólica: Para ser reconhecido, o livro deveria ser escrito por um profeta, por um apóstolo ou por alguém sob a autoridade de um apóstolo (por exemplo, Marcos escreveu seu evangelho sob a autoridade do apóstolo Pedro). 

Aceitação: Para ser reconhecido, o livro tinha que ter ampla aceitação entre o
povo de Deus. O reconhecimento da igreja em geral foi considerado fator muito importante, uma vez que o Senhor manifesta sua direção por meio do povo santo. 

Conteúdo: Para ser reconhecido, o livro tinha que mostrar harmonia doutrinária com a ortodoxia já fixada. Livros que apresentassem desvios ou negação de doutrinas consagradas foram rejeitados. 

Inspiração: Para ser reconhecido, o livro tinha que dar evidências de origem divina, falando com autoridade e apresentando valores morais e espirituais elevados, próprios de uma obra inspirada pelo Espírito Santo. O cânon - Enquanto o termo canonicidade se aplica a uma qualidade sobrenatural dos livros bíblicos, a palavra “cânon” é usada para se referir ao conjunto de livros que compõem tanto o Antigo como o Novo Testamento. A Bíblia é composta por 66 livros. Dessas obras, 39 fazem parte do Antigo Testamento e 27 do Novo. Os livros do Antigo Testamento são classificados da seguinte maneira:

Pentateuco - Gênesis, Êxedo, Levítico, Números, Deuteronônimo. Estes foram escritos por Moisés. 

Históricos - Josué, Juízes, Rute, 1 e
2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1
e 2 Crônicas, Esdras,
Neemias e Ester.

Poéticos - Jó, Salmos, Provérbios,
Eclesiastes e Cantares. 

Proféticos - Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, 
Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Quanto aos livros que fazem parte do Novo Testamento, sua classificação
é a seguinte:

Evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas, João.

Atos - (livro histórico)

Epístolas PaulinasRomanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom. 

Epístolas Gerais - Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas.

Apocalipse (Profético).

O judaísmo ortodoxo não aceita os livros do Novo Testamento. Já o catolicismo romano, desde o Concílio de Trento (1545-1563), recepciona os livros apócrifos que são 13 obras (incluindo fragmentos de livros) escritas durante a época do Império Grego (também chamado de período interbíblico) e que não são reconhecidas nem pelo judaísmo, nem pelo protestantismo. O termo “apócrifo” significa “oculto” e os livros sob essa designação são os seguintes: 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, adições a Daniel (Salmo de Azarias, Cântico dos Três Jovens, História de Susana, Bel e o Dragão), adições a Ester, Oração de Manassés, Epístola de Jeremias, Baruque, 
Eclesiástico (Siraque), Sabedoria de Salomão e 1 e 2 Macabeus. Alguns
manuscritos da Septuaginta incluem 3 e 4 Macabeus e os Salmos de Salomão.
A concepção de Jesus acerca das Escrituras Jesus expressou uma concepção extremamente elevada das Escrituras.

  No tocante a isso, os Evangelhos mostram o seguinte:

1. Jesus usou a Escritura para repudiar as tentações de Satanás (Mt 4.1-11).

2. Jesus realçou a perenidade da Lei Mosaica e dos Profetas (Mt 5.17-18),
tornando esses escritos comparáveis às suas próprias palavras (Mt 24.35).

3. Jesus destacou que o testemunho de todo o Antigo Testamento acerca dele se cumpriria (Lc 24.44).

4. Jesus aprovou a visão de que nas Escrituras se encontra a vida eterna (Jo
5.39).

5. Jesus afirmou que o Espírito Santo falou através dos autores bíblicos (Mc
12.36).

6. Jesus aceitou a historicidade de eventos bíblicos considerados questionáveis na atualidade (Mt 12.39-41; Mc 10.6; Lc 17.26-27; Jo 6.49).

7. Jesus defendeu a inerrância (ou, talvez, a integridade. Cp. Tg 2.10) da Escritura dizendo que ela não pode ser desmembrada (Jo 10.35).

8. Jesus destacou a importância de se conhecer profundamente a Escritura
(Mt 22.29).

9. Jesus valorizou detalhes gramaticais e palavras específicas do texto bíblico (Mt 5.18; 22.31-32, 43-45).

10. Jesus garantiu a composição inerrante do Novo Testamento, dizendo que enviaria o Consolador que guiaria os apóstolos nessa tarefa (Jo 14.26; 16.12-15).

domingo, 29 de dezembro de 2019

CRISTOLOGIA - Parte 3

Nesta aula, veremos as heresias criadas a fim de explicar a natureza humana e divina de Cristo, bem como os concílios que definiram o que a igreja pensa a respeito. 

CRISTOLOGIA - Parte 3

Olá! bem-vindo de volta, continuamos com a cristologia. Quando conversamos sobre cristologia, precisamos falar sobre heresias dentro do próprio cristianismo, de movimentos de pessoas que não fizeram essa consideração da maneira como entendemos hoje. Lembra que Jesus tem duas naturezas, a natureza Humana natureza Divina. A primeira geração não teve esse problema que a segunda geração teve, a necessidade de explicar. Surgiram diversos líderes defendendo várias coisas, hora afirmando as duas naturezas, hora negando uma das duas. Por exemplo, Eutiques, Bispo de Alexandria que confunde as duas naturezas, humana e divina, de forma que quando ele foi ensinar sobre quem era Cristo, dizia que uma natureza engoliu a outra. Ele foi condenado, no sentido de refutado o seu pensamento, no ano de 451.  

HERESIAS - DOCETISMO 
O docetismo traz essa ideia grega de que a matéria é má, então se a matéria é má, como que Jesus poderia vir em carne? obviamente isso que é humano não é bom e Ele não podia ter um corpo humano. Docetismo vem de uma palavrinha do grego chamada δοκέω [dokeō], "parecer", ou seja, ele parecia humano mas não era humano. O gnosticismo tem essa cristologia docética. 

HERESIAS - EBIONISMO 
O ebionismo, já no primeiro século, negava a pré existência. Jesus não existiu sempre, ele começou a existir em um determinado momento, a ideia de que quando ele foi batizado começou a existir. Ainda tem muita igreja em nossos dias que defende um pouco essa ideia ebionista, de que Jesus se tornou Deus, que ele recebeu o Espírito Santo e nesse momento é que ele se conscientiza que é o messias. Você verá alguns pastores passeando por esse território justamente por não saber. Por isso que eu gosto muito da pergunta e repito “Se você não conhece uma boa teologia, de que Cristo você está falando?Num Cristo que parece homem, de um Cristo que parece Deus, em um Cristo que a natureza humana e divina são confusas. No pensamento ebionista Jesus era um profeta extraordinário, conforme vimos na primeira fala de C.S. Lewis, quando falamos de teologia da libertação, é possível o mesmo raciocínio. Você está falando de alguém que é extraordinário mas não é Deus, é alguém muito legal, muito bacana mas existe essa diminuição do lado divino de Jesus Cristo.  

HERESIAS - NESTORIANISMO
Nestor era um bispo, pastor, um líder local da igreja em Constantinopla. Nestor tem uma ideia muito interessante que Jesus Cristo fosse super habitado, é humano mas é como se recebesse uma mega energia espiritual. era um humano tão cheio de espírito que Ele fez o que fez. Em 451 questionaram Nestor, pois ele tentava explicar as naturezas de Cristo como se Ele fosse O Incrível Hulk, a qualquer momento surge uma natureza dentro de Jesus que ele virava mesmo divino, era uma coisa meio sem controle, uma natureza atropelava outra. Uma hora ele era Bruce Banner, outra hora ele era Hulk, uma hora ele era homem, outra era Jesus. Estava muito mal resolvido entre o que que era humano e o que era divino. Ao longo dos séculos esse tipo de confusão foi muito comum. Particularmente eu tenho muita dificuldade de acusar Nestor como um charlatão. Ele era alguém que na sua época, ano de 428, que assumiu a igreja e está tentando explicar, que estava tentando olhar para trás, criando significados de que se Ele era Deus, era homem. Nessa dificuldade, Nestor começa a ensinar mesmo não tendo certeza e outras pessoas precisaram vir para explicar que Nestor havia entendido errado. Por isso a necessidade dos concílios e das reuniões daquela época, são fundamentais para que a nossa fé cristã tenha sido preservada ao longo desses séculos.  

HERESIAS - CERETIANISMO 
Essa próxima heresia defende a ideia de que Jesus Cristo ganhou a divindade na imersão do batismo, mas na morte ele a perde. Ele não foi sempre Deus e sempre homem, teve uma hora de ser homem e teve uma hora de ser Deus. 

 HERESIAS - APOLINARISMO
Apolinário defende que Jesus tinha um corpo físico mas ele não tinha uma mente humana. A ideia é como se Jesus fosse um folheado de divindade, ele não é necessariamente as duas coisas, então ele é um híbrido. É difícil ver em Apolinário as duas naturezas de bem desenhadas. Apolinário foi desmentido no Concílio de Constantinopla no ano de 381.

 HERESIAS - ADOCIONISMO
Aqui, se nega a divindade de Cristo. Jesus era alguém tão submisso ao Pai que tornou-se Cristo por essa obediência tão perfeita. Muitos liberais de hoje usam essa ideia meio adocionista. 

HERESIAS - ARIANISMO
Está na base do Concílio. Diácono de Alexandria, Ario defendia que Ele era apenas uma criatura e não era um Deus. Você perceberá um pêndulo de heresia para heresia, de ensinamento para ensinamento, hora não sabendo como se equaciona a questão da divindade, hora não sabendo como se equacionar a questão da humanidade. Vez após vez cada uma dessas teorias falham.  

Nós temos alguns documentos históricos que vale a pena olhar, para que você se posicione, entenda mais um pouco sobre essa questão das naturezas e de como essas heresias distorcem o ensinamento bíblico da natureza de Cristo. No ano de 1529 foi publicado o Catecismo Menor. Vale a pena você ler esses documentos1 para que você consiga basear a sua fé e decidir em que Cristo Você acredita. Vou ler um trecho deste Catecismo Menor, publicado em 1529: “Eu creio que Jesus Cristo, verdadeiro Deus gerado do Pai na Eternidade e também verdadeiro homem nascido da virgem Maria,  seja  meu  Senhor,  o  qual  redimiu  a  mim,  uma  pessoa perdida  e  condenada,  adquiriu,  recuperou  de  todo  o  pecado,  da morte  e  do  controle  do  diabo[...]” Cada  uma  das  funções  desses  catecismos,  são  tentativas  de elaborar  o  mistério  de  um  Cristo  que  é  plenamente  homem  e  um Cristo  que  é  plenamente  Deus.  Cuidado,  por  mais  que  isso  seja um  discurso  filosófico,  deve-se  ao  fato  esse  período  histórico  era composto  de  inúmeros  pensadores  filósofos  bem-conceituados. Roma  domina  a  Grécia,  mas  os  pensadores  da  época  são herdeiros  dessa  tradição  da  filosofia  grega.  Essa  filosofia  grega presente  no  Império  Romano  é  intrínseca  a  vida  cotidiana,  pensar em  filosofia  era  absolutamente  comum.  Para  alguém  defender  a sua  fé  naquela  época  faria  uso  da  filosofia,  seria  o  equivalente  a alguém  usar  o  YouTube  hoje  para  defender  sua  posição.  Se  eu quero  falar  alguma  coisa  hoje,  eu  vou  no  YouTube  e  gravo  um vídeo  e  naquela  época,  se  eu  quisesse  defender  alguma  coisa,  eu falava  através  da  filosofia,  isso  é  um  dado  cultural.  Se  eles queriam  se  fazer  entender,  tinham  que  usar  a  linguagem  da época. Então  os  catecismos  (ensinos)  foram  aparecendo,  os  documentos foram  aparecendo,  que  tentaram  definir  acerca  do  mistério, porque  cada  vez  que  uma  dessas  pessoas,  um  desses  homens tentava  explicar,  quem  era  Cristo,  eles  deformavam  um  lado  da natureza.  Apesar  dessa  linguagem  filosófica,  é  como  se  fosse uma  capa,  uma  proteção,  para  que  o  mistério  de  um  Deus  que  é homem  e  Deus,  de  um  Jesus  que  é  homem  e  Deus,  permaneça intacto.  Por  mais  que  tudo  isso  tenham  um  linguajar  filosófico,  é uma  teologia  cristológica,  é  uma  tentativa  para  não  romper  o mistério.   

Enquanto se constrói esses discursos, estamos tentando evitar que todas essas teorias acabem com o mistério da afirmação bíblica que essa primeira geração não precisou se aprofundar. Todas as gerações que lutaram, usaram esses argumentos filosóficos. O próximo documento que vou citar é a Confissão De Augsburgo, de 1530. “Ensinam outrossim que o Verbo, isto é, o Filho de Deus, assumiu a natureza humana no seio da bem-aventurada Virgem Maria. De sorte que há duas naturezas, a divina e a humana, inseparavelmente conjungidas na unidade da pessoa, um só Cristo, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, que, nascido da Virgem Maria, veramente sofreu, foi crucificado, morreu e foi sepultado.” Esses documentos atestam, testificam a necessidade de proteger esse significado maior do que significa um Cristo encarnado. Se você quer se aprofundar na cristologia, vale a pena separar um tempo e ler cada um desses artigos para que você se familiarize com essa linguagem filosófica e a partir dela, você possa traduzir para o tempo de hoje. Um dos documentos mais conhecidos, mais famosos, é a Confissão de Fé de Westminster, de 1646, muito usado pelos presbiterianos até hoje. “Aprouve a Deus, em Seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, Seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem; o Profeta, o Sacerdote, o Rei e o Cabeça e Salvador de Sua Igreja[..]” Documento que vale a pena ler, de 1647, o breve Catecismo Na Assembleia De Westminster, que são documentos fantásticos, fabulosos, não tem como não estudá-los se queremos aprofundar esse assunto. Por favor, vença o desafio de uma linguagem cansativa filosófica e se aprofunde nestes documentos. Quando se está pensando nessa formulação clássica, nesse raciocínio filosófico, afirmamos que Cristo é verdadeiramente Deus, Cristo é verdadeiramente humano, Cristo é uma só pessoa. “Há nele duas naturezas, divina e humana, claramente distintas e substancialmente diferentes, mas inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis”. Louis Berkhof. Hoje, ao falar sobre isso na igreja, resumimos séculos e séculos e séculos e séculos de história e debates, de gente que morreu, gente que sofreu, gente que defendeu isso com a própria vida, com a frase dizendo que Jesus foi 100% homem e Jesus Cristo foi 100% Deus. No púlpito, passamos pela cristologia e afirmamos o consenso que Jesus Cristo, por ser um mistério, era 100% homem e 100% Deus, essa é a formulação clássica. CATÓLICOS X PROTESTANTES Vivemos no Brasil o clima de anti protestantismo e anti catolicismo. Ainda se vê muito quem é católico ser anti protestante ou anti evangélico e vice-versa, com esse raciocínio de ser contra mais do que se é a favor as suas próprias crenças. Existem muitas coisas que separam essas duas linhas de pensamento, mas quando se fala de fé cristã, há um ponto de interseção entre catolicismo e protestantismo e visivelmente ambos tentam negar que esse ponto existe. Quando um católico está negando isso, ele desconhece a história, quando o protestante está falando isso, ele também desconhece a história, porque existe um pacote filosófico que a igreja sempre defendeu. Isso se deve então a natureza o conceito que foi defendido pela igreja no ano de 381.

 CONCÍLIOS
O concilio da Calcedônia, criado pelo Imperador chamado Marciano, tinha um objetivo político. O imperador não era religioso mas percebeu que as igrejas estavam com algumas divergências e reuniu a liderança, os bispos da época com o objetivo de organizar a crença para igreja não rachar. O concilio nasce da preocupação de um político que não quer ver o seu Reino dividido porque isso seria pior para ele, Marciano reúne este concilio para colocar em pratos limpos e saber o que a Igreja Cristã crê. Esse Concílio foi muito importante pois organizou essas controvérsias que foram formuladas no primeiro concilio de Nicéia, onde pela primeira vez se foi debatido sobre as duas ideias: homem, Deus. Jesus Cristo tem essas duas naturezas. A resolução desses concílios são muito importantes porque definem a fronteira do que iremos crer. Você pode não saber, mas a sua fé de acreditar no Jesus Cristo é respaldo desses Concílios. Vou ler esse texto a respeito da sistematização do pensamento cristológico no concilio de Niceia e confirmado no concilio de Constantinopla: 2História dos Concílios disponível em espanhol no site: http://portalconservador.com/livros/Alberigo-Giuseppe-Historia-de-los-Conciliosecumenicos.pdf Resumo em Português: https://goo.gl/PD3n8E https://goo.gl/MSjmMN

“O unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não criado, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas; Esse mesmo senhor Jesus Cristo por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria tornou-se homem.” Em Calcedônia, 451, essa ideia é expandida um pouco, mas a base continua a mesma. Acompanhe comigo parte do texto: “Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis e indivisíveis; a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo pra formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor” Esses três concílios definem o conceito filosófico do pensamento, organizaram sistematicamente, filosoficamente, o tempo que se discutia sobre essas questões. Seja qual for seguimento da igreja, pode ser ortodoxa, pode ser a católica, pode ser protestante, todos nós viemos desse mesmo ponto. Não tem como ser cristão e rasgar esses três concílios. A igreja de Antioquia dá uma ênfase para falar sobre as naturezas, logo, quando você fala de natureza está falando de natureza humana de natureza Divina. A igreja de Alexandria dava ênfase de falar sobre a pessoa e quando estamos falando de pessoa hoje, dizemos que só existe uma pessoa, uma pessoa e duas naturezas.   
Esse é o mistério que a primeira geração nunca teve que exemplificar para ninguém, já as próximas gerações tinham que explicar para as pessoas que existe um ser transcendental, Deus o nosso Deus, que é uma pessoa só, mas tem duas naturezas. QUESTIONAMENTOS Há alguma coisa da natureza Divina que passa para humana e vice versa? Elas se comunicam, será que existe alguma coisa do divino que fica marcado para o humano? quando eles estão colocados juntos no mesmo corpo, o que acontece? Cristologia é pensar como que eu administro essas duas naturezas dentro de uma pessoa só. O estudo da cristologia é um estudo que gasta tempo e temos uma quantidade de raciocínios e argumentos para explicar o mistério, o que não é uma tarefa fácil ou simples. A pergunta que eu faço é: o que se comunica do humano com divino? o que não se comunica? Sabemos que existe coisas em Deus que estão só em Deus, um homem é muito pequeno para abrigar em si tudo que há em Deus, mas sabemos que há alguma coisa que está se comunicando. O estudo da cristologia nos leva a saber o que se comunica e o que não se comunica. Ao longo de todos esses séculos a igreja defendeu a sua posição, por isso mencionei os documentos, dos concílios, eles sintetizam tudo o que a igreja definiu sobre esse assunto. É importante ler, é importante conhecer o que a Igreja defendeu. Terminarei citando um puritano, John Owen. Em 1500, ele levanta uma polêmica muito interessante, se estamos pensando de uma pessoa que tem duas naturezas, consequentemente estamos pensando em alguém que tem duas vontades, dois conhecimentos, e duas outras coisas. Na próxima aula veremos textos referentes a isso, que diz que Jesus é chamado de bom e Ele diz eu não sou bom, o Pai é bom. Ou quando Jesus é confrontado e Ele disse: eu não sei a hora só o Pai sabe. Tentaremos fazer encaixe final de como essas naturezas estão conversando entre si e, se existe uma vontade humana e se existe uma vontade divina, elas estão ali dentro do nosso salvador e elas conversam. Te espero lá. Deus te abençoe. 

CRISTOLOGIA - Parte 2

Nesta aula, lembraremos da importância do Espírito Santo e como estamos inseridos na Trindade. Veremos os ofícios de Jesus e quais os estados que ele passou, presentes também na vida do cristão. 

CRISTOLOGIA - Parte 2

 Olá! Bem vindo de volta, continuamos em cristologia. Embora se esteja falando sobre cristologia, eu quero fazer um pequeno desvio proposital. Vamos falar do Espírito Santo. 

A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO SANTO 

 É impossível uma boa cristologia que não fala da pessoa do Espírito Santo porque, quando vemos essa relação da natureza humana de Jesus com Espírito Santo, você percebe no texto bíblico que o Espírito Santo capacitava Jesus Cristo como homem até para fazer os milagres. Na tentação existe um fato importante quando Satanás diz “Chama os anjos para te fortalecer, te ajudar”, justamente batendo na condição humana de Jesus uma das coisas que pretende é que Jesus por conta de suas necessidades reconfigure sua relação com Espirito Santo, Jesus está sendo tentado a desenvolver seu ministério de forma autônoma em relação ao Espirito Santo. Para estabelecer uma boa cristologia, precisamos fazer essa relação, essa conexão entre a natureza humana de Jesus e o Espírito Santo.  

Vamos lembrar da passagem em Mateus Capítulo 3 Versículo 16. Quando Jesus é batizado nitidamente percebemos o Espírito Santo entrando em ação na vida de Jesus de uma maneira muito específica. Outro exemplo, na tentação em Lucas Capítulo 4, mais uma vez o texto diz que o Espírito conduziu Jesus para o deserto. Note que, mesmo tendo a natureza de homem e a natureza Divina, é o Espírito Santo que conduz. Apesar de ser Deus, Jesus tem uma relação tão íntima, tão pessoal com essa parte, essa característica humana, que Ele se deixa conduzir, como no batismo, na tentação. Nas realizações dos milagres, todas são atribuídas nos Evangelhos ao Espírito Santo, vemos isso em Mateus 12:28, Atos 10:38, quando os milagres acontecem na vida dos Apóstolos e na vida de Jesus, vemos uma ação do Espirito Santo, o texto bíblico é claro em fazer essa associação. “E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi? Mas os judeus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino? E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam então vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus. Ou, como pode alguém entrar na casa do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando então a sua casa? Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. Portanto, eu vos digo: 
Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.” Mateus 12:23-32 Perceba que a blasfêmia acontece porque esses milagres, essas realizações estão sendo feitas pelo Espírito Santo através da vida de Jesus e aqueles homens estão simplesmente zombando. Zombar dessas obras da ação do Espirito Santo se configura de alguma forma como blasfêmia contra Espírito Santo, Jesus está se posicionando contra esses homens essencialmente porque eles estão zombando ou desmerecendo as obras do Espírito Santo. Jesus não está preocupado em defender as suas obras, que se alguém falar das obras dele, essa pessoa estará blasfemando contra o filho. A humildade de Jesus era tão grande, que a preocupação de Jesus é quando a obra do Espírito Santo está sendo questionada. Jesus afirma que as ações que ele realiza, as realiza na força do Espírito Santo e aqueles homens estão desmerecendo, questionando e blasfemando contra o Espírito Santo ao não enxergar o autor daquelas obras. O texto de Romanos 8 Versículo 11 também surpreende. Paulo fala em romanos que a ressurreição é atribuída ao Espírito Santo. Pensa comigo, Jesus é Deus e Jesus é homem, então Jesus enquanto homem não tinha nenhum poder Sobrenatural enquanto Ele estava no sepulcro. Agora, Jesus nunca deixou de ser Deus, Ele mesmo poderia ressuscitar a si próprio, entende a lógica? Ele mesmo poderia realizar qualquer atitude, qualquer ação, mas o texto bíblico é muito claro ao dizer que Jesus fica num estágio de dependência, pois Ele sendo Deus e homem, espera que o Espírito Santo aja para que ele ressuscite. Isso é fantástico! a bíblia está dizendo que como homem a dependência de Jesus, do Pai, do Espírito Santo é tão grande, que Ele aceita ser conduzido mesmo sendo Deus. ANALOGIA COM A ATUALIDADE Lembrei do meu filho, que gosta de assistir a série The Flash. Imagine que você é um super-herói The Flash, seu super poder é a alta velocidade, e você irá correr contra outras pessoas. Em vez de você usar essa força de ser o homem mais rápido do mundo, você corre exatamente na mesma velocidade que todos os outros. É esta a ideia, que Jesus não está trapaceando usando o seu poder acima de qualquer coisa e sem limites, mas tudo que Ele faz, o faz na dependência do Espírito Santo então. Para entender a cristologia, precisamos entender do Espírito Santo, por que na sua parte que é humana, Jesus depende exclusivamente e totalmente do Espírito Santo. Um teólogo puritano chamado Herman Bavinck, nos ajuda a pensar justamente nessa questão de que uma boa cristologia é impossível sem pensar no Espírito Santo. Vou fazer uma relação com alguns textos, de Jesus como homem e Jesus como Deus, para você refletir. Jesus como Deus, em Mateus 2: 2,11; 14: 13; 28: 9 foi adorado. Jesus como homem adorou o pai. 👉Jesus como Deus recebeu orações dirigidas a Ele e como um homem Ele orou o pai. 👉Como Deus foi chamado de Deus, como o homem foi chamado de homem. 👉Como Deus foi chamado de filho de Deus. Como homem foi chamado de filho do homem. Como  Deus  era  Sem  Pecado.  Como  homem  ele  foi tentado.👉Como  Deus  sabe  de  todas  as  coisas.  Como  o  homem cresceu  em  sabedoria.

OS OFICIOS  DE  CRISTO

 Quando  Jesus  assume  essa  natureza,  essa  Encarnação,  tem propósito,  uma  missão.  Falar  dos  ofícios  de  Cristo  é  falar  do  que ele  veio  para  fazer  como  Deus,  do  que  que  ele  veio  fazer  como um homem.

1º  Ofício:  Sacerdote.  Primeiro,  precisamos  entender  que  o sacerdócio  de  Jesus  é  eterno,  ele  aconteceu  e  ele  continua acontecendo  por  toda  eternidade.  Temos  duas  palavrinhas importantes  e  talvez  você  não  esteja  familiarizado  com  elas: oblação  e  intercessão.  A  segunda  é  mais  fácil,  quando  se  fala  de oblação,  é  referente  ao  sacrifício,  de  sacrificar.  Já  intercessão, refere-se  a  orar. Nem  todos  os  mediadores  são  sacerdotes  mas  todos  sacerdotes são  mediadores.  A  função  ou  ofício  do  sacerdote  tem  a  ver  com mediação  e  por  isso,  quando  Jesus  se  apresenta  para  nós  como  o sacerdote,  estamos  baseados  no  sacrifício  e  na  intercessão. Agora  pensa  na  eficiência  disso,  pensa  na  eficiência  de  um sacerdote  perfeito  ou  de  um  sacerdócio  perfeito  e,  se  existe  um sacerdócio  perfeito,  existe  uma  mediação  perfeita  e  existe  uma interseção  perfeita. Estamos  fazendo  500  anos  da  reforma  protestante  e  um  dos lemas  da  reforma  protestante  é  justamente  dizer  a  suficiência  de Cristo.  O  sacerdócio  de  Cristo  é  suficiente  como  aquele  que  faz  a mediação e ele é suficiente como aquele que faz a intercessão. É muito importante entender sobre a essência do sacerdócio de Cristo. No antigo testamento, o sumo sacerdote entrava no Santíssimo lugar uma vez por ano. Ele colocava aquelas vestimentas bonitas e no seu peito e nos ombros tinha gravado o nome das doze tribos. eu gosto muito dessa imagem, porque se pensamos no Sumo Sacerdote do Antigo Testamento como sendo aquela pessoa com aquela vestimenta perfeita com os nomes das Tribos gravado nas suas vestes, isso me faz pensar que o sacerdote perfeito também tem o nome do seu povo gravado nas suas vestes, ele carrega consigo no seu ato de mediação, aquele que faz esse sacrifício, essa oblação e essa intercessão por nós, assim como aquele sacerdote do Antigo Testamento, carrega consigo o nosso nome, Ele carrega consigo a nossa necessidade de perdão de pecados. Oblação é uma humilhação completa, de alguém que estava disposto a se humilhar para obedecer à lei, se humilhar para morrer e sabemos que é em morte de cruz. Estamos acostumados a pensar no Espírito Santo como intercessor, aquele que quem tem o gemidos inexprimíveis, que que testifica Aba Pai, mas quando estamos pensando numa cristologia completa, a interseção se torna uma coisa mais profunda porque se o Espírito Santo tem o papel de interceder, o próprio Jesus Cristo também tem o mesmo papel de intercessor e essa é uma intercessão eterna. O eco do sacrifício de Cristo é um eco que permanece. Em outras palavras, o que que a Bíblia está querendo dizer: o momento da oração é o momento onde você é introduzido no seio da Trindade, e o Espírito Santo e Jesus Cristo estão falando sobre você com Pai. Quando se pensa que cristologicamente sobre intercessão, imaginamos triângulo e você no meio do Triângulo, o pai na frente, e isto é apenas uma questão estrutural, não existe uma hierarquia, mas uma comunidade. Na oração, o Espírito Santo está falando sobre as suas necessidades, sobre as suas carências, e Jesus Cristo intercedendo pelo sacrifício que ele fez, falando em seu favor. Gosto de pensar “Se Espírito Santo está falando bem de você, se Jesus Cristo intercede por você, a sua chance de ser ouvido é muito grande”. Se temos esse processo cristológico bem definido na Bíblia, significa que não precisamos de nenhuma outra mediação, porque a própria Trindade toma conta, por isso evitamos trazer qualquer outro elemento. Por mais incrível que tenha sido essa pessoa, a Trindade é suficiente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo e você, isso é totalmente suficiente para o seu relacionamento com Jesus Cristo. João Capítulo 17, a oração que Jesus faz em nome dos seus, em nome da sua igreja, penso como que fosse um eco por toda eternidade. “Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade. "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” João 17:16-21Esse Eco da oração de João 17, ecoa por toda eternidade, Jesus está clamando por você e por mim.

 2º Ofício: Rei. Rei no sentido de aquele que subjuga, naquele que governa, que defende, mas que restringe e vence os inimigos dele e os nossos também. A Bíblia traz junto a palavra Basileia (Em grego: βασιλεία) que significa reino. O novo testamento está repleto dessa palavra “reino”, mas em Mateus capítulo 5, quando o texto nos fala sobre Basileia duas coisas me saltam ouvido, a primeira é que o reino está relacionado com os pobres de espírito, “bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus”, e segundo, “bem-aventurados aqueles que foram perseguidos por causa da justiça”. O reino está relacionado com domínio, com governo. O ofício de Jesus como um governo, é um ofício que precisa ser demonstrado pela igreja, porque se você olhar na estrutura de um país, de uma nação da sociedade, você não vê, não é perceptível Deus governando todas as coisas. Jesus Cristo como rei é aquele que usa a igreja e o seu sacrifício para entrar na história, rasgar história e mostrar o seu governo através do seu reino. Onde se pode ver Jesus governando? Jesus governa em todos os lugares? Teologicamente sim apesar de não percebermos, sendo assim a igreja deveria ser esse lugar, onde o reino é manifestado. A igreja não é necessariamente a mesma coisa que reino, mas a igreja é aquela que se move na direção do reino e Jesus como rei é aquele que governa, é aquele que exerce domínio. A Bíblia então apresenta Jesus como o governador, aquele que faz parte da criação e tem domínio sobre a criação, sobre os espíritos, ele tem domínio sobre as potestades, sobre o tempo, sobre a morte e ele tem domínio sobre a vida. Este ofício que estamos falando nos mostra como o governo, a esfera de governo de Jesus Cristo é ilimitada mas, embora seja ilimitada, é invisível e justamente por ser invisível ela pode ser ignorada muitas vezes. O papel da igreja é manifestar o reino, por isso que a oração do Pai Nosso, Jesus nos ensina a orar “Pai nosso que estais no céu, santificado seja teu nome, venha o teu reino” para que seja estabelecido, para que seja marcado o ofício dele como o rei. 

3º Ofício: Profeta: O sacerdote recebe ofertas, faz ofertas e cumpre esse papel de mediação entre Deus e os homens. Um rei governa e um profeta é aquele que traz a palavra. Mais uma vez, como todos os outros ofícios, o Ministério Profético de Jesus não cessa com a morte, ele continua para sempre. De uma forma simples mas poderosa, Jesus continua revelando Deus no coração do ser humano por toda eternidade, Jesus continua revelando sobre a essência de quem é Deus, do que Deus espera de nós, sobre a sua vontade.

 PODER E VONTADE

 O ser humano é aquele que tem a vontade maior do que o poder, queremos muitas coisas mas não temos poder para todas as coisas. Quando a vontade é maior que o poder, existe desequilíbrio porque eu quero muito mas eu posso pouco. Agora, quando o poder é maior do que a vontade, existe o equilibro. Deus é aquele que pode além do que Ele quer, Ele pode tudo mas não quer tudo. O homem é aquele que muitas vezes quer tudo, mas não pode tudo, e por isso acaba se frustrando. Por que estamos falando sobre vontade? Como profeta, Jesus Cristo é aquele que revela o poder do Pai e aquele que revela a vontade do pai. Jesus continua revelando em vida, em morte, eternamente a vontade e o poder do Pai. Olhar para Jesus é necessariamente conhecer mais sobre a vontade do pai.  

OS ESTADOS DE CRISTO

 1º Estado: Humilhação.

👉 (1)O Logos
   👉 (2)O esperado 
        👉(3)O encarnado 
           👉(4)Nascido da virgem 
               👉 (5)Batizado 
                    👉(6)Anunciador do Reino 
                        👉(7)Servo sofredor 
                            👉(8)Crucificado 
                                👉(9) Morto 
                                      👉(10)Sepultado 
O Logos, aquele que era desde o princípio e que é eternamente. Ele foi o esperado, desejado, essa expectativa Messiânica existe desde Gênesis 3 a partir da queda podemos ver no texto bíblico, mesmo no antigo testamento, que havia uma expectativa Messiânica da vinda de Jesus. Então esse Logos que sempre existiu e é esperado. Ele se encarna, no sentido espiritual e o sentido carnal, físico. Ele nasce, é batizado, Ele é anunciador do reino, ele é o servo sofredor, crucificado, morto e sepultado. Você verá isso no livro de Filipenses, esses esvaziamentos, Ele sai do ponto auge ao ponto mais inferior que se pode existir. Quando o texto bíblico fala que Ele não usurpou, nos revela que o amor dEle pela humanidade era tão radical, que Ele não considerou o fato de ser Deus. Ele não deixou de ser Deus, mas ele colocou esse fato em standy by (do inglês, em reserva). Vemos essa estrutura de um esvaziamento daquele que é o rei perfeito e agora se tornam o rei mais humilhado de todos os tempos. Aquele profeta que era o mais puro, mais poderoso, aquele que tinha as melhores palavras, é esvaziado e sai desse nível de glória para esse nível de murchar, de esvaziar. PARA PENSAR Agora pensa nas duas naturezas de Cristo passando pelo Estado de Humilhação. O que significa o Divino sendo esvaziado e o que significa humano sendo esvaziado? Nesse momento, essas duas naturezas estão vivendo a mesma realidade, as duas naturezas estão sendo humilhadas, esvaziadas. É impossível pensar em cristologia sem pensar que essas duas naturezas de Cristo sofrem esse processo de esvaziamento. É impossível exercer uma fé cristã sem esvaziamento, a fé cristã é uma fé que esvazia para depois encher, não a que enche para depois nos esvaziar. Isso faz toda a diferença no sentido de percepção espiritual.

 2º Estado: Exaltação. 

                         (6) Juízo final 
                    (5) Aquele  que  voltará   
              (4)Intercessor       
         (3)Sentado  a  Direita  do  Pai     
     (2)Ascendido  aos céus   
 (1)Ressurreição 
Agora  ele  ressurreto,  ascende  aos  céus  senta  a  direita  de  Deus  e nessa  posição  Ele  é  o  nosso  intercessor,  nosso  “paracleto”,  nosso advogado,  é  aquele  que  voltará  um  dia  e  no  juízo  final  é  aquele que  julgará a  todos.   Pensando  na  relação  desses  dois  estados,  aquele  que  se  esvazia de  toda  glória,  chega  no  extremo  oposto  do  esvaziamento  e  agora atinge  uma  glória  incomparável. Esta  glória  desse  Cristo  ressurreto  é  uma  glória  que  afeta  a humanidade  num  sentido  muito  mais  radical  do  que  a  glória daquele  Cristo  que  estava  longe,  no  primeiro  estado.  Esta segunda  é  uma  glória  que  afeta  o  ser  humano  no  seu  dia  a  dia, que  afeta  a  continuidade  da  existência.  Deus  está  querendo  dizer que  glória  longe  é  uma  gloria  que  só  iria  fazer  bem  para  Ele, assim  Ele  se  esvaziou  daquela  glória  para  que  a  glória  pudesse alcançar sua  vida  e  minha  vida.   Esse  exemplo  dos  Estados,  de  um  extremo  ao  outro,  nos aproxima  da  Trindade,  nos  aproxima  da  identidade  de  Cristo,  nos aproxima  da  Glória  de  Cristo  e  nos  mostra  um  caminho.  Se  um discípulo  não  pode  ser  maior  do  que  o  seu  senhor,  isso  significa que  esse  estado  de  Humilhação  e  Exaltação  também  está presente  na  vida  de  qualquer  cristão.  Logo,  não  começamos  com exaltação,  se  começa  com  a  humilhação,  por  isso  que  o cristianismo  começa  com  uma  morte.  No  batismo  você  é  batizado e  você  morre  para  o  mundo.   

Querido, por favor, não confunda isso no sentido de uma falsa humildade, mas uma humildade no sentido de que você é primeiro amassado, transformado em barro, apequenado, você diminui o valor do seu ego para depois Cristo ser exaltado em você. Esse mesmo movimento de Humilhação e Exaltação precisa acontecer na sua vida num sentido ainda mais radical. Pense, Cristo mora aonde? se Cristo deveria ser aquele que habita no nosso coração, uma vez que esses estados aconteceram no tempo e na história, esses movimentos de exaltação e humilhação precisam acontecer agora no seu próprio coração. Pense naquele incrédulo, no ateu ou qualquer pessoa de qualquer grupo religioso, a fé cristã passa necessariamente por esse vale, por essa parábola. REFLITA A SUA VIDA CRISTÃ Como saber se estou amadurecendo na minha vida cristã? quando eu sei que, como cristão, estou andando para frente não andando para trás. Percebe a influência de cada um desses aspectos dos estados de Cristo na sua vida pessoal? desde aquele que começa na humilhação, o caminho da vida cristã irá seguir esse vale, esse arco, até chegar na glorificação, no momento onde você estará com Jesus Cristo na eternidade. Qual será o melhor momento da história? É o Juízo Final. Talvez nós crentes não temos tanta facilidade para pensar assim, porque na hora do juízo final, teremos a nossa sentença ao lado do pai e, teoricamente, o juízo final é a parte mais assustadora da história. Não deveria ser assim porque o juízo final é o momento onde Cristo vai ser máximo glorificado e exaltado na sua vida, o auge da sua glória o auge do seu relacionamento com Deus. Você irá experimentar o auge da exaltação de Jesus Cristo em você. Espero que isso te ajude a ter menos medo do juízo porque, no final das contas, quando se pensa em humilhação e exaltação, o juízo é a porta que nos diz “Bem-vindo ao lar, você chegou.” 

Deus te abençoe, até a próxima. 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

CRISTOLOGIA: Parte 1 - Introdução

Nesta  aula,  iremos  conhecer  os  motivos  que  nos  levam  a  estudar cristologia  e  as  explicações  no  decorrer  da  história  sobre  quem era Jesus  Cristo. 

 Olá!  bem-vindo  de  volta,  iniciamos  mais  uma  nova  jornada,  agora em  cristologia. 

POR QUE  ESTUDAR  CRISTOLOGIA?  

 Sempre  se  disse  muita  coisa  sobre  quem  foi  o  Cristo  e  a  pergunta que  faço  é:  de  que  Cristo  estamos  falando,  quem  é  essa  pessoa? Estudar  cristologia  significa  definir  o  objeto  da  nossa  fé,  quem  é esse  Cristo  de  quem  falamos.   Um  escritor  notável,  C.  S.  Lewis  (Clive  Staples  Lewis)  diz  que  só existe  três  possibilidades  para  pensar  em  Jesus  Cristo:  ou  ele  era um  lunático  que  estava  iludido,  como  por  exemplo,  na  nossa atualidade  temos  o  Álvaro  Thais,  conhecido  como  Inri  Cristo, provavelmente  você  já  deve  tê-lo  visto  em  algum  programa  de televisão  dando  entrevista  e  ele  realmente  acredita  que  ele  é Jesus  CristoEntão  a  primeira  alternativa  é  que  Jesus  Cristo tenha  sido  alguém  como  esse  sujeito,  alguém  iludido,  alguém  que tinha  uma  opinião  equivocada  sobre  si  mesmo.  A  segunda possibilidade  é  que  ele  era  intencionalmente  enganador,  ele estava  enganando  as  pessoas  e  a  terceira  possibilidade  e  é  a  que os cristãos creem, que ele era Deus. C. S. Lewis desenvolve um argumento que nos conduz a um desses três caminnhos. A tese de C. S. Lewis é muito importante porque há muitas pessoas que pensam em Jesus Cristo como sendo um mestre da moral, um revolucionário, alguém que foi bom, mas não tinha nada de divino, para eles, Jesus era alguém com conselhos úteis. A questão é que ao considerar tudo o que Jesus disse acerca de si mesmo, não tem como simplesmente ele ter sido um bom mestre da moral porque ele se denominou como o próprio Deus, ele disse que era o próprio Deus, ou ele era um charlatão, ou alguém lunático ou era o próprio Deus. A aula de cristologia ajudará muita gente a sair de cima do muro e definir de uma vez por todas quem você crê ser o Cristo. Vou ler um texto do livro de C. S. Lewis chamado Cristianismo Puro e Simples sobre isso que acabamos de conversar. “Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: "Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus." Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático - no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la. [...] Agora, parece-me óbvio que Ele não era nem um lunático nem um demônio, consequentemente, por mais estranho, assustador e inacreditável que possa parecer, tenho que aceitar a ideia de que Ele era e é Deus.” C. S. Lewis é um escritor britânico e provavelmente você deve conhece-lo como autor de Crônicas de Nárnia. Esta é a minha primeira sugestão de livro, Cristianismo Puro e Simples que te ajudará a pensar sobre o tema cristianismo e, consequentemente, quem é esse Cristo que estamos falando.

 A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA John Stott, um outro autor que também já recomendo, dizia o seguinte: “Desrespeitar a tradição e a teologia histórica é desrespeitar o Espírito Santo que tem ativamente iluminado a igreja em todos os séculos. ” Stott faz essa afirmação pois ele crê que o Espírito Santo é coerente. Imagine, temos dois mil anos de tradição de igreja, há uma linha do que a igreja tem dito ao longo desses dois mil anos. Ignorar a história é simplesmente começar a dizer uma coisa que é totalmente contraditória aos dois mil anos de história e isso significa dizer que o Espírito Santo é incoerente. Pense, você chamar o próprio Deus de incoerente não é uma coisa muito sensata, se queremos ser coerentes, precisamos olhar para história. Teologia é uma coisa que se faz olhando para trás e para frente. Se realmente quisermos dizer algo diferente para esse tempo, precisamos estar abertos para estudar e entender o que a igreja tem dito ao longo de mais dois mil anos sobre a essência de Jesus, quem a igreja diz que Jesus Cristo é. Os cinco primeiros séculos da história, todos os pais da igreja, vários homens e mulheres, trabalharam, se esforçaram para trazer esse conceito mais limpo, mais claro possível de quem é Jesus. Quem é Jesus Cristo? Ele é Deus? Se ele é Deus, como se relaciona essa natureza do Divino e do humano? A questão se desenvolve da seguinte maneira: Jesus Cristo é homem ou Jesus Cristo é Deus? Em cima da humanidade de Cristo, em cima da divindade de Cristo, todo o debate é construído, hora defendendo Jesus Cristo homem e hora defendendo Jesus Cristo Deus. Ao longo desses cinco primeiros séculos a igreja entendeu que precisava harmonizar essas duas naturezas de Cristo. 

POR QUE É DIFICIL EXPLICAR QUEM FOI JESUS? 
O grande problema que temos para explicar é que o ser humano tem uma estrutura que é finita e, quando se fala de Deus, estamos falando de alguém que é infinito. Então a pergunta: como que existe essa relação dessas duas naturezas, Divino e humana? Pensar sobre isso é incrivelmente útil para nossa fé, para entender aonde a humanidade de Cristo nos leva e aonde a divindade de Cristo nos leva. A primeira geração de cristãos não teve tantos problemas como as gerações seguintes tiveram, porque eles viram a Cristo, testemunharam, viveram o evangelho e não tiveram que defender de uma forma profunda sobre essas questões que estamos debatendo. Simplesmente, eles viram, andaram, creram, testemunharam.  


A segunda geração enfrentou um dilema diferente. Na medida que eles foram questionados sobre quem era Deus, eles precisaram não só testemunhar, não só crer, mas explicar de forma profunda. Essa segunda geração teve um problema que a primeira geração não chegou a tanto, por mais que vemos Paulo desenvolvendo teologia, João desenvolvendo teologia, eles não gastaram tanto tempo desenvolvendo maneiras concretas e lógicas de quem era o próprio Cristo, então, isso coube a gerações que vieram depois. Pedro, que fazia parte da primeira geração, respondia de forma especial quem é Cristo dizendo: “Tu és Cristo, o Filho do Deus Vivo. ” Não existe nenhuma crise para o apóstolo Pedro, nenhuma crise para o apóstolo Paulo sobre responder quem era Cristo, mas ao morrer essa geração, várias questões foram levantadas. A segunda geração, pessoas que não viveram, não caminharam com Cristo, precisavam explicar como que alguém é homem e Deus ao mesmo tempo, porque as pessoas simplesmente não aceitavam ouvir que Ele era um homem e Deus ao mesmo tempo sem que houvesse um esclarecimento, eles queriam uma explicação concreta. A partir deste momento, nasce um esforço da igreja e dessas gerações de cristãos de não só viver, crer, evangelizar, mas explicar quem é esse objeto da fé. Querendo ou não, fazemos isso até hoje, da nossa forma, explicamos quem é Deus. Vemos testemunhos no YouTube, em igrejas, falando que não acredita num Deus que é raivoso, que deixa as pessoas sofrerem. Quando as pessoas dizem isso, estão definindo o que tipo de Deus elas creem. Mesmo que você não tenha nenhum gosto por filosofia, nenhum gosto por teologia, você irá dizer e escutará pessoas declarando que o Deus que eu acredito é assim, o Deus que eu acredito é assim, ou seja, essas pessoas estão delimitando o que elas entendem ser o que é o próprio Deus. Parece espiritual dizer que não explicamos a Deus, mas  na  pratica  todos  passam  o  tempo  todo  explicando  qual  é  o Deus  em  quem  eles  acreditam,  a  questão  que  surge  é  se  a explicação  que  damos  coincide  com  a  explicação  da  Bíblia. Como  cristãos,  não  temos  o  direito  de  fazer  isso  sozinho,  por  isso citei  a  frase  de  Stott.  Se  quisermos  falar  sobre  Deus,  sobre  a essência  de  Cristo,  precisamos  ser  coerentes  com  que  a  igreja tem  falado  ao  longo  de  todos  esses  séculos,  o  porquê  da  igreja  ter afirmado  certas  coisas,  o  porquê  a  igreja  teve  que  explicar,  porque a  igreja  usou  essas  categorias  tão  filosóficas.  A  igreja  sabe  quem é  Cristo? CRISTO  É  HOMEM,  DEUS,  OU OS  DOIS? A  primeira  coisa  que  precisamos  entender  agora,  é  o  caminho cristológico  para  tentar  explicar  esse  conceito.  Existe  um  debate que  começou  mais  ou  menos  no  ano  de  1800  e  vem  se estendendo  até  hoje  em  diversos  grupos  essa  discussão  ainda vive,  o  pensamento  que  crê  Cristo  de  cima  para  baixo  e  o pensamento  que  crê  Cristo  de  baixo  para cima,  uma  separação  da imagem  de  Jesus,  sendo  homem  ou  divino  e  não  os  dois  ao mesmo  tempo.   Até  1800,  o  pensamento  básico  dentro  da  ortodoxia,  um  conjunto da  fé  cristã  daquilo  que  a  igreja  entende  ser  a  fé  saudável, genuína,  defende  que  o  Jesus  da  história  é  o  mesmo  que  o  Cristo da  fé,  não  tem  separação  entre  essa  questão  subjetiva  de  um Cristo  que  você  crê  daquele  homem  histórico.  Após  esse  período, alguns  filósofos  começaram  a  fazer  esta  separação,  essa desconstrução  entre  o  Cristo  da  fé  e  o  Jesus  histórico,  mas  antes chegaram  até  mesmo  a  questionar  se  o  Jesus  da  história  era  real. A  quantidade  de  evidências  (documentos  históricos)  de  um  Jesus histórico  é  tão  gigantesca,  que  eles  não  conseguiram  negar  o  fato que existiu Jesus na história, então o que eles fizeram, o segundo passo foi dizer que o Jesus da história é diferente do Jesus da Bíblia, que esse Jesus da Bíblia foi fantasiado por uma geração de pessoas. PESQUISE! Era impossível negar contra uma centena de documentos históricos, como exemplo uma “espécie de ata” de que Jesus padeceu sob a mão de um Pôncio Pilatos, temos provas históricas de que Jesus morreu na cruz, existe documentos suficientes que garantam o que chamamos de historicidade. Não deixe ninguém te enganar, nenhum cientista sério do ramo da antropologia, irá dizer que Jesus não existiu, o que ele afirmará acreditar é que Jesus não é Deus. Ninguém com base na ciência pode dizer que não houve um Jesus, isso é uma mentira, uma fraude sem tamanho. Temos inúmeros recursos, livros, autores, instituições que você pode pesquisar, até mesmo em muitos canais no YouTube, inclusive falando especificamente sobre esta questão. O motivo que levou esses filósofos a desconstruir a imagem de Jesus Cristo, dividindo-o em Jesus da história e Cristo da fé, é porque eles não conseguiam acreditar em tudo que era sobrenatural na narrativa bíblica. Falando sobre o Jesus da história, temos os filósofos como Friedrich Schleiermacher, Adolf von Harnack e, assumindo o Cristo da fé, temos os filósofos do outro lado Søren Kierkegaard, Paul Tillich, que é um teólogo também. Ao falar somente sobre o Cristo da Fé, temos o pensamento de que não importa aquele homem na história, Jesus é qualquer figura religiosa que consegue agregar esse valor do Cristo da Fé. Buda poderia ter sido um Cristo da Fé, Maomé pode ser um Cristo da fé, qualquer coisa, qualquer ser, qualquer personagem da história pode capitalizar ou pode internalizar esses requisitos do Cristo da fé. Uma vez que foi separado do Jesus histórico deste Cristo da Fé abriu-se uma série de caminhos de filosofias para explicar. Um grande grupo de teólogos defendem essa divisão de que o Jesus da história é uma coisa e o Cristo da Fé é outra coisa. Dentro da ortodoxia cristã, daquilo que cremos como cristãos, como evangélicos, e podemos incluir sem nenhuma dúvida, sem nenhum medo, os católicos, acreditamos na mesma coisa de que na essência da pessoa de Cristo não existe divisão entre o Jesus da história e o Cristo da Fé. Afirmamos que o Jesus da história é exatamente igual ao Cristo da Fé. Ao ler alguma literatura, uma coisa que você pode notar é o posicionamento daquele teólogo, daquele escritor, se acredita que o Cristo da fé e o Jesus da história se encontram na mesma pessoa ou se escritor separa essas duas coisas, dando mais ênfase para este homem que viveu na história ou para esse símbolo espiritual.
 A METODOLOGIA HISTÓRICO CRITICA 
“A busca pelo Jesus histórico, no século XIX, envolveu a utilização da metodologia histórica-crítica na tentativa de descobrir quem era o Jesus da história. Eles trabalharam com o pressuposto de que o Jesus da Bíblia não era o Verdadeiro Jesus histórico.” Alan Myatt & Franklin Ferreira. Em vários momentos, em outras matérias e outras disciplinas, comentei com você sobre uma metodologia chamada históricacrítica. A gênesis, a essência dessa metodologia, é este conceito de desconstruir, de separar as coisas. Nosso material, o nosso curso não trabalha com essa metodologia histórica-crítica, uma metodologia que separa, desconfia dessa união entre história e a essência da Fé não é o que nós cremos ser cristianismo. Existe diversas categorias dessa busca pelo Jesus histórico ou essa busca pelo Cristo da Fé.

 RAZÃO E FÉ

 A Teologia liberal é alguma coisa que se opõem a ortodoxia, se opõe em relação a percepção de como olhar para fé, como olhar para a Bíblia. São maneiras radicalmente diferentes de analisar a Bíblia e o Jesus da Fé. Trago dois autores que são importantes nesses apontamentos e vale a pena você pesquisar sobre eles, Millard Erickson e Cornelius Van Til. Erickson usa o método Agostiniano enfatizando “a fé antes da razão, mas não independente da razão”, o que resume nossa postura. Falar de cristianismo é falar inicialmente de Fé, mas não de fé que não usa a razão. Em Coríntios 12, eu gosto muito de usar esse texto, a palavra no original é logikos ( ογός), o culto racional, o culto que exige a presença da razão. Falar de fé é também falar de racionalidade, mas uma racionalidade a partir da fé, a fé vem antes da razão e a razão não é excluída do processo. A turma que está buscando o Jesus histórico, separado do Cristo da fé, afirmam que a fé fica a serviço da razão, quem manda é a razão. Na ponta de cima, acaba funcionando a mesma coisa, quando se procura o Cristo da fé que pode ser qualquer coisa, pode ser qualquer entidade de qualquer religião, é uma que não está tão preocupada assim com a razão.   
O cristianismo propõe um equilíbrio entre fé e razão de uma maneira onde existe uma subordinação, mas não existe uma independência entre racionalidade e fé.
 RAZÃO E FÉ NO BRASIL Infelizmente, ao pensar em cristianismo no Brasil percebemos que a razão é uma coisa colocada no escanteio. O brasileiro acredita que não precisa pensar para ter fé, você não precisa ser racional para crer, o brasileiro acredita que é uma questão completamente intuitiva, você não precisa pensar para ter fé. Cuidado, se você pensa assim, de que Cristo está falando? Em que religião você está falando? Deus é o criador e Ele te deu uma razão e você começa a excluir a sua razão do seu processo de fé, cuidado, você pode chegar em lugares tremendamente perigosos! Cornelius Van Til sugere a ideia de um pressuposto que a partir de todos os seus pensamentos, você irá fazer uma construção racional, mas essa construção, essa reflexão, esse debate, parte de saber que existe um Deus, você sabe que existe um Deus e é a partir Dele que você começa a construir as suas teorias e os seus argumentos. Ao defender o Jesus histórico separado do Cristo da fé, você colocou a razão acima de qualquer coisa, correndo risco de destruir qualquer possibilidade de fé. Ao enfatizar o Cristo da fé independente do Jesus histórico, você coloca a fé de uma maneira tão abstrata que você destrói esse link, o elo com a história. Pensando nisso, podemos remontar essa cristologia, essa relação de Fé e a Razão com algumas seitas que temos no nosso tempo. A cristologia das Testemunhas de Jeová, por exemplo, não acreditam na Trindade, no equilíbrio entre humanidade e divindade de Jesus e eles usam as referências dos Pais da igreja, Justino, Irineu, Clemente de Alexandria, para atestar o que afirmam. Eu te convido a pesquisar, estudar sobre o que as Testemunhas de Jeová falam, como nos folhetos que eles distribuem Deve-se Acreditar na Trindade? E o que os Pais da igreja realmente afirmavam, visivelmente existe uma distorção do que foi dito. Você encontrará sobre isso no livro Padres Apostólicos1, do original em inglês, Ante-Nicene Fathers, por Philip Schaff. O segundo grupo que vale a pena pensar são os Mórmons. Os Mórmons tem uma cristologia estranhíssima, eles afirmam, pelo menos inicialmente, que Lúcifer era irmão de Jesus e eles fizeram uma votação e Jesus ganhou para ser o salvador, assim os espíritos bons se encarnaram em pessoas de pele branca e os espíritos maus encarnaram em pessoas de pele negra. A cristologia deles é extremamente fantasiosa, a relação entre fé e razão está muito descaracterizada. 

DESAFIO PASTORAL

Eu te convido a desmontar o raciocínio que os Mórmons têm sobre essa questão de que Jesus era irmão de Lúcifer, que houve uma votação e Jesus ganhou e houve as encarnações em pessoas de pele branca e pele negra. Qual o fundamento racional dessa cristologia? Vemos que isso é um processo mais mitológico do que qualquer outra coisa, é perfeitamente possível desmontar racionalmente essas afirmações. Lembra, não estou falando de respeito, estou falando de racionalidade. Podemos falar ainda sobre um terceiro grupo, a teologia da libertação. Aqui, vemos esse mesmo debate, mesmo dilema entre a ênfase na história e a questão de Jesus humano. Por mais que tenhamos visto grandes coisas, muitas coisas positivas que a teologia da libertação fez nas áreas sociais, vemos uma ênfase demasiada na questão humana e, aquilo que é Divino, fica em segundo plano. Essa preocupação com aquilo que é humano, aprisiona toda a fé nas dores e necessidades físicas, salvação é simplesmente recuperar a dignidade de ser humano o que é muito bonito e necessário mas cremos que evangelho é muito mais do que um projeto político social. Cada uma dessas teorias acaba dando ênfase demais na natureza humana ou na natureza Divina, desequilibrando o processo, por exemplo, é a própria ideia do Cristo da nova era como se fosse um Avatar, um ser tão sobrenatural, tão místico que perde todo o caráter humano da fé. A relação da Fé perde tudo aquilo de que tem a ver em tocar a nossa realidade, a nossa essência. Reitero, cada uma dessas teologia acabam batendo em um dos dois polos, ou dando ênfase exagerada na questão humana ou dando ênfase exagerado na questão Divino.
  O cristianismo faz, historicamente, uma defesa de equilibrar as duas naturezas. Na próxima aula mergulharemos ainda mais nesse universo e que Deus te abençoe. Até a próxima. 

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Doutrina da Salvação – Parte 4

Vamos  começar  conhecendo  a  história  de  um  herói  de  guerra,  que  após o  seu  retorno,  por  diversos  motivos  acabou  se  tornando  um  mendigo, realizando pequenos  furtos  para  sobreviver.  Este  homem  foi  condenado  a prisão  e,  ao  efetuar  sua  prisão,  foi  visto  por  baixo  de  suas  vestes  a  farda  com medalhas  da  mais  alta  honraria  possível. Isto  faz  com  que  as  pessoas  que  o prenderam,  fossem  obrigados  a  bater  continência.  Justificação  é  isso,  somos vestidos  da  mais  alta  patente  por  Jesus,  para  que,  quando  o  Pai  olhar  para nós,  veja  a  seu  Filho.  Nossas vestes estão  muito  sujas  para nos apresentarmos a  Deus,  temos que  ser  revestidos pelas vestes do  Cordeiro.   Somente  a  justiça  do  Filho  agrada  ao  Pai.  É  esta  justiça  que experimentamos em  nossa  vida?   Os  salvos são:

 Regenerados

Usando  as  palavras  do  profeta  Jeremias,  é  receber  um  coração  de carne.   Veja  II  Coríntios  5:  17-21,  que  traz  a  ideia  de  regeneração  mediante  a reconciliação  com  Deus.   “17  Assim  que,  se  alguém  está  em  Cristo,  nova  criatura  é;  as  coisas velhas  já  passaram;  eis  que  tudo  se  fez  novo.  18  E  tudo  isto  provém  de  Deus, que  nos  reconciliou  consigo  mesmo  por  Jesus  Cristo,  e  nos  deu  o  ministério  da reconciliação;  19  Isto  é,  Deus  estava  em  Cristo  reconciliando  consigo  o  mundo, não  lhes  imputando  os  seus  pecados;  e  pôs em  nós  a  palavra  da  reconciliação. 20  De  sorte  que  somos  embaixadores  da  parte  de  Cristo,  como  se  Deus  por nós  rogasse.  Rogamos-vos,  pois,  da  parte  de  Cristo,  que  vos  reconcilieis  com Deus.  21  Àquele  que  não  conheceu  pecado,  o  fez  pecado  por  nós;  para  que nele  fôssemos  feitos  justiça  de  Deus.” 

Regeneração

também está presente no texto de João 3: 1-8, que diz: “1 E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2 Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? 5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8 O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” Ser salvo, pensando em todas as questões, se implica em nascer novamente, ter o ego transformado ser regenerado. Vamos a um exemplo, imagine um porco comendo sua lavagem. Nós oramos por ele tanto, a ponto que ele vira um homem. A primeira reação desse homem transformado, será ter vergonha da situação em que está, com vergonha perante nós. A segunda será vomitar toda esta lavagem pois seu estômago de ser humano não foi feito para tal alimento. Regeneração é uma mudança de apetite, uma mudança de estômago que nos faz necessariamente nos alimentar daquilo que é puro. Agora seu coração é de carne sensível ao Espírito Santo, atento a fala de Deus, competente de colocar para fora todo mal que por ventura invadir o corpo. Santificados Conforme vemos em Hebreus capitulo 7, 16-19, a lei não aperfeiçoa ou ainda ela não nos santifica, nossa santidade é construída a cada dia na força do Espirito Santo se evidenciando nos nossos relacionamentos. Acompanhe a leitura: “16 Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível. 17 Porque ele assim testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. 18 Porque o precedente
mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade 19 (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.” Se não é a lei que nos aperfeiçoa, quem é? Voltamos a Cristo, somente ele nos aperfeiçoa. A morte e o sangue de Cristo é que irá nos santificar. Acompanhe o texto de Romanos 12: 1-2 “1 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” A santificação é a realidade de quem está sendo alcançado pela salvação. Algumas pessoas tratam a santificação como se fosse uma escolha, algo que podemos deixar para depois. É um desejo ardente que temos, se você não o sente, repense o seu relacionamento com Deus e a sua busca pela salvação. Ser crente é ser regenerado e também buscar constantemente a santificação. O pensamento sobre salvação, segue um conceito linear em nossa mente, porém na Bíblia ela fala sobre um grupo de coisas que fogem ao tempo. No passado, utilizando o termo de justificação. No presente, a Bíblia traz a salvação como santificação e no futuro é diz respeito a glorificação. Tentar encaixar esse raciocínio linear a salvação não encaixa. O conceito de Salvação engloba muitas coisas, tornando-a complexa e de extrema profundidade. Existe Risco e Segurança na Salvação. Doutrina não é filosofia, é a resposta para a vida. Nós somos salvos pelo amor do Cordeiro, a justiça se equilibra com o amor de uma forma perfeita perante um Deus Justo e Amoroso que revela o máximo do caráter de Deus. Pense sobre propiciação, tudo aquilo referente aos nossos relacionamentos, o que não deveríamos ter dito ao pai, o que fiz ou deixei de fazer ao meu irmão. Entenda a sua culpa e que existe remédio para sua culpa, Jesus resolve este problema, salvando pela propiciação. As algemas também que nos prendem, em fatos do passado, sentimentos que corroemos, que nos arrastam para trás, um preço já foi pago
por essas correntes. Seja redimido, entenda que Jesus pagou com seu sangue para nos libertar. A doutrina da redenção nos livra de todas as correntes que nos puxam para trás. A vida é difícil quando somos esmagados pela inimizade que existe no universo. O ambiente é hostil e rude. Saiba que no plano perfeito de Jesus há a resposta para o livramento disso, a reconciliação. Leia Colossenses, capítulo 2. Deus risca a nossa cartela de culpa, e Jesus nos veste com seu manto, nos deixando dignos de estar na presença de Deus. Precisamos dessa Justificação vinda de Jesus. Entender a salvação pela justificação, é compreender que temos em mãos uma arma poderosa, que somos justificados pelo cordeiro e agora saber nos posicionar perante o inimigo. Todos esses pilares da salvação: Propiciação; Remição; Regeneração; Santificação; Justificação; Reconciliação. Como você os alimenta? São verdades plenas em seu coração? Essa obra é verdadeira? Não se deixe enganar, apenas a obra verdadeira construída em seu coração muda e traz a novidade de Deus a você.  

Doutrina da Salvação – Parte 3

Estamos  aqui  para  descontruir  o  pensamento  de  salvação  encrustado em  nossa  mente.  Ambos  extremos  de  segurança  e  risco  são  prejudiciais  para nós.  Pastoralmente,  o  extremo  do  risco,  pode  criar  crente  perturbados,  com medo  beirando  a  neurose.  O  extremo  da  segurança  faz  o  crente  ficar  tão seguro  de  si,  como  se  a  salvação  estivesse  garantida  por  ele  mesmo.  Tenha  fé que  Deus  está  trabalhando  em  nossa  salvação,  que  há  riscos,  mas  temos  que ter  fé. 

Redenção

👉   Ênfasenosso  cativeiro  do  pecado.  Se  a  propiciação  vem  de  uma linguagem  cerimonial,  a  redenção  vem  de  uma  linguagem  comercial  (Comprar ou  comprar  de  volta).  Redenção  é  Resgate,  como  exemplo,  o  ato  de  pagar  o preço  necessário  para  resgate  da  hipoteca.  Em  nossa  vida,  esse  resgate  é  feito através  da  vida  de  Jesus.  

👉 (1)Propiciação  é  referente  ao  caráter  de  Deus,  Ele  é justo  e  aplicou  sua  justiça  em  seu  filho  para  que  nós  pudéssemos  obter  o perdão. 
👉(2) A  redenção  é  o  cativeiro  em  que  se  encontra  o  coração  do  ser humano,  cativeiro  este  feito  pelo  pecado,  mal  e  a  morte.   Em  Gálatas,  capítulo  4,  versículos  4  e  5  diz:  “Mas,  quando  chegou  a plenitude  do  tempo,  Deus  enviou  seu  Filho,  nascido  de  mulher,  nascido debaixo  da  lei,  a  fim  de  redimir  os  que  estavam  sob  a  lei,  para  que recebêssemos  a  adoção  de  filhos.”  É  por  meio  de  Jesus  que  somos  redimidos no  cativeiro  do  pecado  que  prende  nosso  coração.   Imagine  você  em  uma  época  onde  a  comercialização  de  pessoas  como escravos  era  feita  livremente  nas  praças.  Você  está  ali,  humilhado,  nu,  tendo sua vida julgada a preços irrisórios. A redenção é este processo, onde você está em estado de humilhação, preso pelas algemas do pecado e Jesus paga com a própria vida o preço para a sua libertação. Jesus pagou para que estas correntes fossem arrancadas de nossa vida, isso é ser salvo, isso é ser redimido.

Reconciliação

👉 Ênfase: nossa inimizade contra Deus. Reconciliação pressupõe que há inimizade entre dois lados, pressupõe distância entre dois lados. É claro que nossos relacionamentos não são perfeitos e experimentamos essas coisas nos nossos relacionamentos também, afinal de contas somos pecadores, entretanto se não vivemos reconciliação, não temos autoridade para ministrarmos reconciliação. O pecado é o que nos afasta de Deus.  Reconciliar significa restaurar um relacionamento, a consequência imediata disso é entender que o relacionamento original foi quebrado pelo pecado. O fato que deve ser percebido é que a própria lei evidenciava ou ainda reforçava a separação entre judeus e gentios como observa muito bem J. Sttot em seu livro “A Cruz de Cristo”, a reconciliação que Cristo promoveu gerou “cura da separação entre judeus e gentios”. Esse é o poder da reconciliação, o de quebrar barreiras de separação entre povos, raças, culturas, a força de juntar o que o pecado separa, juntar o que a lei torna evidente. No estado de separação, Cristo é a única possibilidade para nos aproximarmos do nosso semelhante, Ele é a ponte que refaz o acesso entre nós e Deus, entre nós e os nossos semelhantes e entre nós mesmos, pois da mesma forma que o pecado constrói muros que nos separa dos nossos semelhantes e de Deus, também constrói muros que nos separa de nós mesmos. O pecado faz com que sejamos separados da nossa própria identidade, corremos o risco então ou de basear toda nossa vida numa falsa identidade ou fazer esforços inúteis para nos reconectar. Cristo é o caminho de volta, de reencontro com nossa própria identidade. Ainda é relevante dizer que Deus é quem dá o passo para que isso aconteça, a reconciliação nos traz a benção do acesso, uma vez destruídos os muros de separação o acesso se torna realidade, a hostilidade que existia, a inimizade que existia é curada somente na cruz, não se esqueça nós somos ex-inimigos aprendendo a sermos amigos, aprendendo a sermos filhos. Temos diante da nossa frente duas possibilidades: aceitar em fé a reconciliação em Cristo ou continuar a viver a inimizade.
Doutrina não é filosofia, doutrina é resposta para vida, ser reconciliado descobrir que agora temos acesso a presença de Deus, estamos perto Dele. A interpretação atual do Evangelho é fraca, muito se prega como criar muros, defesas, e não pontes, acessos aos próximos e a Deus. Ser salvo e reconciliado diminuir essas distâncias. Textos para referência: Colossenses 1:20 Mateus 5: 24-25 Romanos 5:10,11 e 11:15 Efésios 2:17,18 e 3:12 Romanos 5:1-2

 Justificação

Ênfase: nossa culpa Justificação é uma declaração sobre o que Ele fez por mim e com base nessa declaração a paz é construída. Textos para serem estudados: Romanos 1:17; 3:10, 20-25; 4:1, 25-26; 5:8-18; 8;34 Isaias 53: 11 Lucas 1: 14 Tito 5: 7
  A justificação é uma das quatro ideias que formam o conceito de salvação
👉 propriação,
👉 redenção,
👉 justificação
👉e reconciliação. No primeiro estudo, começamos a estudar reconciliação, agora estamos conversando sobre justificação. O que estamos fazendo? Falando sobre salvação. O que é isso que recebemos? Que salvação é essa que a Bíblia nos apresenta? Começamos com o para que: Deus nos torna justos porque ele não pode aceitar receber em si o que é injusto, como poderia Deus condenar o justo e inocentar o culpado: não dá! Deuteronômio 25: 21 Êxodo 23: 27 Provérbios 17: 15 Isaias 5: 23 Entender a doutrina da justificação é entender e receber dentro de nós como Ele nos aceita. Como Ele pode nos aceitar? Como isso é possível? Um juiz pronuncia dois tipos de sentença: inocente ou culpada, sendo assim o contrário de justificação pode ser entendido como condenação. Precisamos ser justificados porque a condenação que ronda o ser humano, é iminente. A condenação nos persegue, esse sentimento, essa sentença sempre nos persegue, seja pela nossa consciência, seja pela consciência dos outros, seja pela fúria do inimigo, ou seja, pelo caráter de Deus. “A prostituta, o mentiroso e o assassino estão destituídos da gloria de Deus, mas você também está. Pode ser que eles estão no fundo de uma mina e você no cume de um monte, no entanto você tem a mesma capacidade deles de encostar nas estrelas” Handley Moule, teólogo. Nós somos culpados diante de Deus. Recebendo a Justificação é antecipar a sentença final do juiz. Salvação é uma grande obra que depende de vários pontos. Se estamos vivendo esta obra de forma completa, saberemos a declaração final do juiz na Justificação. Toda a acusação não se justifica, pois, o saldo foi zerado perante o sangue do Cordeiro de Deus. Ao olhar pra mim, Deus enxerga a justiça do seu Filho. O que é afinal justificação: 👉🏿A antecipação da sentença final do juiz 👉🏿 Justificação é uma declaração de que não existe nenhuma base para a aplicação do castigo ou punição para o réu. Agora cuidado para não confundir, justificação não é santificação, é uma declaração de Deus sobre sua identidade como se ELE tirasse o seu nome do “SPC CERASA” (relativo à culpa espiritual) ele limpa seu nome para você viver a santificação. 👉 O que Ele fez por nós. Tornamo-nos justos pela palavra que sai da sua boca A fonte da nossa justificação é a graça. A base da nossa justificação é a cruz porque alguém assumiu a culpa, alguém assumiu a punição. O meio da justificação é a fé – significa dizer que pela fé nos tornamos o que Ele declara em obediência e santidade com temor e tremor não com vangloria porque afinal de contas, não fizemos nada. “A graça e a fé pertencem indissoluvelmente uma a outra, uma vez que a única função da fé é receber o que a graça livremente oferece”. John Stott, teólogo. Na prática a doutrina da justificação nos ensina sobre como sermos aceitos diante de Deus, se é claro que ELE não pode aceitar o que é injusto, não poderia nos aceitar a obra de Cristo é tão importante para nós porque a morte e ressurreição de Cristo nos possibilitou sermos aceitos por Deus,  Jesus fez a ponte assumiu a culpa emitiu uma declaração no nosso nome, naquela cruz Ele emitiu um documento com o nosso nome. Abaixo faço um exemplo didático para ilustrar essa declaração de Deus ao nosso respeito: “Pai se ________________ acreditar em mim no que fiz aqui nessa cruz aceita a sua vida aceita nos seus braços o enxerga como justo pois a mim ele me recebeu por fé ele se rendeu a mim me enxerga nele recebe___________ aceita _____________ porquê de fato em fé ele se uniu a mim” E Deus responde; “Eu te recebo____________________ porque vejo em você a fé que te une a meu Filho amado e como eu o recebo, recebo a ti também o torno justo não pelo que você fez ou vai fazer, mas o torno justo porque enxergo meu filho em você.” As pessoas se esforçam para serem aceitas ou elas têm fé no cordeiro que nos uniu ao Pai para experimentarem essa aceitação. São dois caminhos diferentes: o primeiro leva ao cansaço e a frustração e o segundo ao gozo paz e alegria no Espírito Santo, pois assim o reino de Deus é. Como você busca ser aceito, por força insistência ou por fé? Quero te encorajar a que haja ministração nesse sentido quem tem dificuldade de se sentir aceito que seja encorajado a receber esse documento que já existe seja criativo deixa o Espírito Santo te surpreender não brigue por aceitação tenha fé entenda que parte das disputas que existem nas famílias nas igrejas acontecem justamente porque as pessoas continuam brigando para serem aceitas mas uma vez te admoesto não brigue por aceitação tenha fé. O pai já te aceitou já te justificou.