sábado, 30 de novembro de 2019

Epístola aos hebreus - Parte 2

Recapitulando o que vimos na primeira parte deste módulo, o livro de Hebreus nos traz uma reflexão de não olharmos para trás, mostrando também que Jesus Cristo é superior aos anjos ou qualquer outro homem. “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Hebreus 4:14-16

Existe uma ilustração feita por Ed René esclarecendo sobre essa questão do “tempo oportuno” mencionado no versículo 16. Muitas vezes nós confundimos esse tempo oportuno como sendo um tempo em que surge alguma necessidade, fazendo com que venhamos a procurar a Deus, que supre a nossa necessidade. Mas se nós compreendermos o contexto de Hebreus, vamos perceber que ele está apontando para outra direção. Na parte anterior do texto existe uma narrativa do que aconteceu com o povo que saiu da Terra Prometida, e essa primeira geração se perde pela incredulidade e porque, em algum momento, a fé não foi suficiente para que eles continuassem a sua caminhada. Então, segundo René, o tempo oportuno é um tempo onde a nossa fé está correndo o risco de ser esmagada e pulverizada pelas circunstâncias. O momento oportuno que nós lemos é o momento onde a violência do dia a dia entra em choque com a nossa alma, nos deixando em uma situação embaraçosa e nos levando a repensar. E o que o escritor de Hebreus está nos dizendo é que no tempo oportuno - esse momento em que a nossa fé está correndo o risco de ser achatada, quando parece não haver mais tempo para depois – é que devemos buscar o Trono da Graça. Ele diz ainda que no Trono da Graça podemos encontrar misericórdia, a fim de não morrermos no deserto, como aquela geração morreu.
Então é nesse tempo em que estamos correndo um sério risco, que devemos buscar, com confiança, ao Trono da Graça, a fim de encontrarmos misericórdia para continuar o nosso caminho. E isso tem tudo a ver com o sacerdócio de Melquisedeque, pois é o sumo sacerdote Jesus Cristo quem ajuda a fazer essa mediação no Trono da Graça; é Ele o dono da misericórdia. Ainda no capítulo 7 ele faz uma referência ao livro de Gênesis 14.
Compare: Hebreus 7 x Gênesis 14 x Salmos 110:4 
 O escritor de Hebreus sempre faz uma comparação com o Antigo Testamento para converter as pessoas que estão enfrentando esse tempo oportuno, usando um argumento lógico: Quem é Melquisedeque? Essa figura misteriosa é alguém que está fazendo essa mediação Então vemos em Hebreus 7:6 Abraão encontrando Melquisedeque. E assim temos a ideia de que o maior abençoa o menor. No texto temos Melquisedeque abençoando Abraão, mostrando que existe alguém que está acima dele. Existe alguém que está acima de toda lei de Moisés e esse alguém é tipificado pela figura desse sumo sacerdote chamado Melquisedeque. Se pensarmos em uma hierarquia, temos: Melquisedeque – maior do que Abraão Abraão – pai de Levi; pai do povo Levi – vem da descendência de Abraão; pai do sacerdote e Sacerdotes.
O  livro  de  Hebreus,  então,  está  enfatizando  a  ideia  de  que  existe alguém  que  seja  maior  do  que  tudo  isso.  Melquisedeque  é  maior do  que  Abrão,  o  pai  da  fé,  alvo  da  promessa,  pai  da  promessa;  é maior  do  que  Levi,  o  pai  do  sacerdote;  é  também  maior  do  que  o sacerdote.  Portanto,  é  Melquisedeque  quem  está  abençoando Abraão,  e  não  o  contrário.  O  texto  nos  fala  que  Abraão  está  vindo de  uma  guerra  trazendo  os  despojos,  e  ele  vai  atrás  de Melquisedeque  para trazer o  dízimo. Outra  informação  importante  com  relação  ao  que  vemos  nas menções  do  dízimo,  é  que  o  livro  de  Hebreus  deixa  claro  que  o dizimo  é  anterior  à  lei,  ou  seja,  ele  veio  antes  de  a  lei  existir. Portanto,  ele  não  está  simplesmente  limitado  à  questão  da  lei. Porque  muitos  argumentam  que  a  lei  foi  superada  pela  nova aliança,  então  não  temos  mais  necessidade  de dizimar.  Embora tenha  sido  organizada  nesse  tempo  de  Moisés,  o  dízimo  é  uma realidade  que  a  já  existe  desde  os  patriarcas.  É  uma  realidade anterior  à  lei e  ela  sobrevive  até  mesmo  depois dela (esse argumento sobre o dízimo no novo testamento é subjetivo). 

É importante que a gente faça uma consideração. Quando pensamos nesse sacerdócio de alguém que é superior a Abraão, de alguém que é superior a Levi, que é superior sacerdote, então, ao olharmos para Melquisedeque, imaginamos que agora temos que olhar para o futuro, para essa Nova Aliança que temos em Jesus. Porque é só Jesus que vai dar conta de fazer essa mediação, nesse tempo oportuno. Abraão não vai conseguir fazer isso, Levi não vai conseguir, tampouco o sacerdote. Jesus é esse mediador que, no tempo oportuno, nos ajuda a ir em frente é alcançar misericórdia. Voltar atrás é deixar a mediação de Jesus para retomar a mediação e as figuras simbólicas. Em nosso meio evangélico, temos um movimento de voltar para o passado para resgatar alguns símbolos. Cuidado, se nós entendemos que Jesus é a revelação plena, temos que olhar para frente. Jesus é o que temos de mais perfeito em termos de revelação da parte de Deus, e precisamos tomar cuidado ao olhar para trás. Precisamos tomar cuidado para retornar os símbolos que têm menor poder importância e menor capacidade de nos ajudar no momento que precisamos encontrar misericórdia no tempo oportuno. 

Capítulo 8

 Neste capítulo vamos encontrar uma afirmação muito forte. Vejamos. 
estamos dizendo, é este: Temos um sumo sacerdote tal, que se assentou nos céus à direita do trono da Majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem. Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que esse sumo sacerdote também tivesse alguma coisa que oferecer. Ora, se ele estivesse na terra, nem seria sacerdote, havendo já os que oferecem dons segundo a lei, os quais servem àquilo que é figura e sombra das coisas celestiais, como Moisés foi divinamente avisado, quando estava para construir o tabernáculo; porque lhe foi dito: Olha, faze conforme o modelo que no monte se te mostrou. Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas.” Hebreus 8:1-6 

A primeira afirmação que encontramos no versículo 6 é que a aliança que Jesus está trazendo é uma aliança superior. Significa que a aliança que existia no Antigo Testamento com o povo agora encontra uma aliança que é superior em valor, em significado, em possibilidades com seu povo. E nessa aliança do Novo Testamento nós começamos a perceber uma outra realidade. A segunda afirmação está no versículo 7, pois se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, nunca teria buscado lugar para uma segunda. Mas então, será que a primeira aliança tinha defeito? A questão é que ela era inconclusiva, temporária, e o que estamos buscando é uma aliança que seja superior. Se a antiga fosse tão perfeita e sem Retoques, como povo judeu pensava, para que seria preciso uma segunda? Então o argumento de Hebreus para as pessoas que estão pensando em desistir é que a aliança que eles viveram, por mais que tenha sido uma aliança importante, agora dá lugar para uma aliança que é superior, que aperfeiçoada, que vai, enfim, atingir o objetivo. 

Comparando as alianças, podemos diferenciar essa questão de defeito e superioridade nos versículos 6 e 7.   

(1)Primeira aliança - (2)segunda aliança 

(1)O sacerdote é um homem -
(2)O sacerdote é um Rei. 

(1)A oferta são animais-
(2)A oferta é o próprio sacerdote. 

(1)DNA-
(2)Fé, conversão. 

(1)Circuncisão-
(2) fé e batismo. 

(1)Obediência à lei-
(2)A lei dentro do homem (?). 

 (1)Sacrifício era anual - 
(2)Sacrifício definitivo. 

(1)Páscoa -
 (2)Ceia

(1)Sábado - 
(2)Domingo

Se formos então comparar a primeira com a segunda aliança, podemos perceber uma distinção muito grande. O que se exigia na primeira aliança não é exatamente o que se exige na segunda. Na primeira aliança temos um sacerdote que era homem, que precisa, inclusive, entregar oferta pelos seus próprios pecados. Já na segunda aliança o sacerdote é um Rei, o Rei dos reis, Senhor dos senhores. Na primeira aliança temos as ofertas que eram feitas com os animais; na segunda, a oferta era o próprio sacerdote, da ordem de Melquisedeque, Jesus Cristo. O Antigo Testamento já mostrava que essa primeira aliança não ia dar conta, e isso vemos no livro de Jeremias quando ele afirma que Deus agora escreve a lei no coração e na mente do Povo, não mais nas tábuas da lei, nas tábuas de pedra. Ele fala ainda que Deus faria uma Nova Aliança, onde a lei estaria do lado de dentro e não de fora, de uma tal forma, que ninguém iria precisar falar para as gerações vindouras quem era Deus, porque essas pessoas já iriam saber quem era Deus. Porque nessa Nova Aliança que Jeremias está profetizando, a lei está gravada no coração, dentro de nós. Quem faz parte dessa primeira aliança é uma questão de genética familiar, de linhagem, é o DNA que define quem está dentro e quem está fora. Quem define a segunda aliança é a fé, a conversão. Nessa primeira temos um símbolo da circuncisão, um símbolo daquilo que Deus haveria de fazer no coração das pessoas. Já na segunda aliança nós temos essa “cirurgia” que acontece no coração do convertido, que é essa regeneração que o Espírito Santo faz em nossa vida. A primeira e a segunda alianças são separadas por um abismo. E o que se requer dessa aliança? Na primeira o povo de Deus tem que obedecer para fazer parte. E então as pessoas se esforçam em obedecer para não ficarem de fora. Mas Paulo fala no livro de Romanos que ninguém consegue cumprir a lei perfeitamente. Tanto isso é verdade, que podemos ver no Antigo Testamento o povo fracassando nessa tentativa de tentar obedecer. E por que precisamos de uma Nova Aliança? Porque fica evidente, ao longo do Antigo Testamento, que o povo fracassou em obedecer, em permanecer no seu acordo com Deus. Porque na antiga aliança, a parte do povo era obedecer, a parte de Deus era dar proteção, e cumprir a promessa de lhes dar uma terra especial. O que fica visível, então, é capacidade que o povo de Deus tinha de obedecer, apesar da circuncisão, apesar da lei, apesar dos sacerdotes e dos sacrifícios. Então essa Nova Aliança é importante, porque agora a lei está escrita do lado de dentro do coração nosso coração, que está regenerado, existe a conversão. Então agora temos um Israel espiritual, que é a própria Igreja de Jesus Cristo. Nessa Nova Aliança a obediência não é o que está trazendo aqui, porque nós estamos dentro dessa Aliança por conta da obediência do próprio Jesus Cristo. O que nos garante como parte da Nova Aliança, portanto, é que Cristo obedeceu até a morte, e morte de cruz. E porque Ele obedeceu perfeitamente - porque a justiça é perfeita -, ele cumpriu o que nenhum homem jamais conseguiu cumprir. Então, baseado na obediência de Cristo, eu me alegro e me regozijo, porque agora é pelo sangue do Cordeiro e pelo Seu sacrifício que eu posso fazer parte de uma Nova Aliança. Essa possibilidade foi garantida pelo meu Sumo Sacerdote. A obediência agora é uma é um segundo passo. Agora que estamos na Nova Aliança, se começarmos a viver de qualquer forma, termos que repensar se realmente estamos fazendo parte dela. Porque, como profetizou Jeremias, a quem faz parte dessa Nova Aliança, a lei tá escrito do lado de dentro. Por mais que saibamos que a nossa obediência é tão limitada como a obediência do povo da antiga aliança, existe prazer em buscar a Deus. Então, se conseguimos viver de qualquer jeito e ir atrás de qualquer coisa, isso significa que o nosso coração não clama por aquilo que é justo e certo. Portanto, precisamos repensar se somos cidadãos dessa Nova Aliança. Porque a Bíblia vai começar a nos explicar que esse Segundo Pacto é um pacto que muda a nossa essência e a forma de enxergarmos a vida: somos cidadãos de um reino espiritual. Na primeira aliança, o sacrifício era feito anualmente. Todo ano o povo entrava nesse ritual, rememorando os pecados, cumprindo um protocolo onde cada ano o sumo sacerdote ia até o Santo dos santos oferecer o sacrifício para perdão dos pecados. Já na Nova Aliança existe uma afirmação poderosa, em que Deus simplesmente não se lembra mais dos nossos pecados. Isso signifique que esses pecados não precisam mais ser rememorados ano após ano, mas agora, de uma forma definitiva, fomos separados do nosso pecado, assim como o ocidente está separado do oriente. Temos o sacrifício perfeito, pelo Sacerdote perfeito. Outro ponto que podemos observar é que na primeira aliança existia a festa da Páscoa. Na segunda nós temos a Ceia, que é mais íntima, tem uma profundidade, lembra da última Ceia de Jesus Cristo e abriga elementos que trazem com maior clareza o Seu sacrifício. A primeira aliança fala, de uma forma geral, o que acontece na segunda. Porém, ela fala de uma forma temporária, onde também vemos o fracasso do homem (em obedecer). Na segunda nós temos o sucesso de Jesus Cristo, que é onde nos baseamos. O crente é aquele que se baseia na capacidade que o nosso Senhor teve de obedecer, se submeter e cumprir com seu propósito. Ou seja, o crente não é aquele que alcança a graça pela sua própria obediência, mas esta deve ser voltada a Cristo, o nosso modelo de fé e entrega. Fica então visível a perfeição do Cordeiro que nos chama para fazer parte dessa Nova Aliança. Temos ainda uma diferença entre a primeira e a segunda aliança onde, na primeira, vemos muito essa questão do sábado, que significa o descanso, baseado na criação – Deus descansou no sétimo dia. Já na Nova Aliança, o nosso descanso é com base na ressurreição de Jesus Cristo. Porque Ele ressurgiu, porque Ele voltou dos mortos, porque Ele voltou da morte, então agora o nosso descanso é de quem sabe que a morte foi vencida, e baseado em redenção. Em Hebreus 8:13 o texto diz que, uma vez tendo surgido uma Nova Aliança, isso significa que a antiga está se tornando inadequada, antiquada e obsoleta, incapaz de organizar a relação entre Deus e os homens.   
Além disso, na primeira aliança o homem receberia uma terra da parte de Deus. Na segunda, o homem recebe a eternidade, a paternidade de Deus e a filiação por intermedeio de Jesus Cristo. Na primeira aliança o homem só poderia fazer parte por meio de sua própria obediência. Na segunda, o homem faz parte por causa da obediência de Jesus Cristo, por uma questão de graça; por consequência, nossa obediência entra fundamentalmente baseada em gratidão e consciência de que uma Aliança Superior foi escrita em nossos corações. A primeira aliança é precária, cumpre um objetivo, mas não dá para o homem tudo que Deus deseja. Então ela é limitada, seu sentido de “defeito” tem a ver com essa ideia de limitação. A segunda aliança revela toda sorte de bênçãos que o Senhor do Universo deseja para o seu povo. Então, quando paramos para fazer esse contraste, fica evidente, na primeira aliança, as tábuas de pedra; na segunda aliança temos o que está escrito nas tábuas do nosso coração. Na primeira temos os sacrifícios de animais, na segunda temos o sacrifício do Cordeiro Santo. 

Capítulo 9

 Neste capítulo o autor começa a desenrolar sobre os rituais antigos, sobre o Tabernáculo. Todo esse livro é sempre construído em cima de comparações: Jesus com anjos, Jesus com Moisés, Jesus com os antigos sacerdotes, antiga e nova lei. Agora, no capítulo 9, nós temos uma comparação entre os rituais, os tipos de culto que existiam na antiga e na nova aliança, em uma perspectiva da diferença entre o primeiro e o segundo Tabernáculo. No antigo Tabernáculo nós temos um lugar de adoração que era o átrio exterior, onde as ofertas eram entregues e onde aconteciam os sacrifícios. Depois tínhamos outras duas salas. A primeira era o santo lugar, com um candeeiro de ouro, uma mesa de ouro e um incensário. A segunda sala era depois do véu, o santíssimo lugar, com a Arca da Aliança e, dentro dela, as tábuas da lei e uma urna. Dentro dessa urna havia ainda um pedaço do maná e também o bordão, o cajado de Arão. Essas duas salas eram, portanto, o Santo lugar e o Santíssimo lugar. Vamos ver ao longo da Bíblia que o sumo sacerdote não podia entrar no Santíssimo lugar sem sangue. Ele entrava duas vezes: na primeira ele matava um boi e aspergia esse sangue em cima da tampa do propiciatório. Sobre essa tampa ficava a arca com 2 querubins, os guardiões da Glória de Deus; dentro dessa tampa do propiciatório ficavam a arca e a urna. O sumo sacerdote então, após matar o boi lá fora no átrio, entrava no Santíssimo lugar e aspergia o sangue, primeiro pela remissão dos seus pecados e de sua família. Depois ele saía, matava um cordeiro e voltava fazendo a mesma coisa, só que, dessa vez, em favor dos pecados das pessoas. Essa é uma simbologia riquíssima, porque pouco sabemos sobre o que era realmente feito no Santíssimo lugar. Pensando nesse tabernáculo da antiga aliança nós vemos que ele entrava no Santíssimo lugar anualmente para pedir perdão de pecados, aspergindo aquele sangue para remissão de pecados. O ato do sumo sacerdote no culto tem um papel central no culto. Nesse ato, existe uma centralidade de reconhecimento de culpa, de perdão. O Santíssimo lugar é um lugar tremendamente santo, e em um lugar assim precisamos trabalhar com algumas ideias. Primeiramente, o Santíssimo lugar é o lugar de reconhecimento da diferença de quem é homem e quem é Deus. E quando se reconhece essa distância, acontecem duas atitudes: suplicar perdão e misericórdia e adorar. Embora hoje em dia muito se fale sobre o Santíssimo lugar como o lugar de adoração, temos pouca habilidade em compreender o fato de que papel do sumo sacerdote tem a ver com a aspersão que era feita para propiciação dos pecados. E não podemos deixar de lado a importância da figura desse sumo sacerdote para o culto. No versículo 9, 10 vemos que a presença de Deus no novo Tabernáculo não pôde ser evidenciada enquanto o antigo Tabernáculo estava de pé, interditando o acesso ao novo e vivo caminho. Percebemos, então, nos versículos 8 a 10 que, enquanto essa forma de culto estava valendo e esse Tabernáculo da antiga lei estava de pé, o caminho para Deus estava interditado.   

Embora não haja referência, é possível pensar que antes da ressurreição é possível que os sacerdotes tenham ficado costurando o véu, que fora rasgado. Assim sendo, enquanto estivermos tentando reparar essa estrutura, não entenderemos a realidade do novo e vivo caminho. Enquanto estamos baseados em uma relação de Deus através de nosso próprio mérito, no tipo de santidade e obras que nós acreditamos ser as corretas, este antigo Tabernáculo continuará sempre de pé. No entanto, é preciso que ele venha abaixo, a fim de que se torne evidente o novo e vivo caminho. Isso é ilustrativo do que Deus quer que aconteça hoje: um Tabernáculo espiritual, em uma relação de intimidade com Ele, baseado em Cristo Jesus. Em Hebreus 9:10 podemos refletir sobre uma afirmação também bastante significativa. Todas essas ordenanças baseadas em comida, bebida - sacrifício de matar os animais, ofertas de comida e bebida – não têm o poder ou capacidade de aperfeiçoar, de santificar. Essas coisas cumprem um papel ilustrativo do que ia acontecer na Nova Aliança, mas são provisórias e não têm a capacidade de alcançar a mente. Então, o que purifica, de fato, a consciência no ser humano? Realmente não temos uma ferramenta, um instrumento que realmente purifique a nossa consciência.    

Provocação 

Se no Versículo 10 o texto diz que esta estrutura não purifica, não aperfeiçoa, não santifica, você saberia dizer o que é capaz de purificar a sua consciência? Se permanecer na velha aliança, obedecendo, se esforçando em cumprir a lei, ou usando a mediação entre homens, trazendo sacrifícios de comida e bebida, se nada disso tem capacidade de santificar, o que, então, poderia realmente alcançar a sua consciência?
Paulo em Colossenses 2 diz que essas coisas de “não toques, não proves, não manuseie”, não têm poder para enfrentar a sensualidade. Essa é a mesma ideia do escritor de Hebreus. Somente o culto que sabe que precisa render adoração, que sabe que precisa pedir perdão é que pode alcançar o mais profundo do nosso ser para haver transformação. Minha preocupação Pastoral é que nós continuemos usando elementos de uma antiga aliança e, por conta disso, a nossa consciência continua pesada, cheia de culpa, nos mantendo continuamente distantes de Deus. Os protocolos espirituais que nós usamos parecem continuar sem efeito de gerar no nosso coração a santidade. Parece que os protocolos nos quais tanto insistimos não conseguem atingir em cheio a nossa consciência, a fim de que ela tenha a paz de estar diante de um Deus puro, perfeito e verdadeiro. Se nós erramos os protocolos, se erramos a aliança, por certo iremos cair em uma armadilha poderosa, que é continuar com a nossa consciência presa pelo peso do pecado. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Epístola aos hebreus - Parte 1

Neste módulo nós iremos abordar os dois principais segmentos do livro de Hebreus.  
(1)No primeiro, o autor enfatiza uma comparação entre Jesus e outros personagens, mostrando a Sua superioridade a qualquer um deles.

(2)No segundo segmento, o autor faz uma relação da tipificação de Jesus em Melquisedeque.
 Nesse início de módulo, gostaria que você abrisse o livro de Hebreus no capítulo 1 para podermos compreender melhor a sua estrutura. “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós    nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.” Hebreus 1:1,2 O escritor começa dizendo que Deus falou aos pais, na antiguidade, de maneiras variadas, mas que agora existe uma ênfase na figura do filho. Então, se antes a ênfase eram os profetas, agora o escritor de Hebreus começa fazendo uma abordagem importante, com outra ênfase, a fim de entendermos toda essa carta. Assim, a ênfase é que agora o Pai está falando ao seu povo por intermédio do Filho. Vemos essa ênfase no Filho nos dois primeiros versículos. Hebreus é o primeiro nome, ou nome mais antigo, que nós temos do Povo de Deus. Temos então os que vêm nesse último período da história depois de atravessar o exílio, que são os remanescentes, identificados como judeus. Na verdade, bem antes de Israel nós temos essa terminologia de Hebreus, um povo nômade, um povo que andava mudando de lugar. Então, nessa época, o nome do Povo de Deus era Hebreus. Isso nos mostra a primeira identificação do povo para quem essa carta está sendo enviada: para judeus cristãos que estão espalhados por todo o Império Romano que está tomando conta de todo o mundo, inclusive do povo de Deus em Jerusalém. Precisamos também nos lembrar de que os apóstolos ficam reunidos em Jerusalém, quando começamos a ver uma perseguição e a igreja começa a sair em várias direções. Só mesmo um grupo mais restrito, dos Apóstolos, que fica. Mas podemos observar na igreja em Antioquia um movimento grande e crescente, após a perseguição de judeus, se espalhando cada vez mais por todo o Império Romano.

Então essa carta está destinada a todo este povo que se espalhou, seja pela perseguição ou porque já estava lá, sendo alcançado pelo Evangelho. 

A segunda ideia que é importante a gente entender é que existe um sentimento comum que o escritor de Hebreus está tentando alcançar e combater, que é um sentimento de desistência. Ser cristão no Império Romano nesse momento se torna arriscado.

(1) Há risco de morte,

(2) de confisco de bens, as pessoas estão com medo de perder os seus bens,

(3) com medo de que seus laços familiares sejam quebrados etc. 

 Existe um pensamento que é latente como pano de fundo do livro de Hebreus, que é aquela ideia fixa de alguém que está querendo voltar para trás, de alguém que está pensando em desistir, porque ficou complicado e porque as coisas necessárias para sobreviver com essa nova fé cristã, estão se tornando muito difíceis. Não se sabe ao certo quem é o escritor do livro de Hebreus, embora muitos dizem ser Apolo, outros dizem ser Paulo, há quem diga até mesmo que foi uma mulher quem  escreveu. Embora não saibamos ao certo quem escreveu esse livro, é visível que seu pensamento é direcionado para combater uma ideia inicial: pessoas confrontadas, principalmente por seus irmãos judeus, que têm o constante pensamento de desistir de serem cristãos e voltar atrás, achando que é mais seguro e mais confiável voltar a ser judeu. 

O livro de Hebreus é fantástico e totalmente atual porque, em algum momento de nossas vidas, nós também, por vezes, sempre pensamos se não é melhor voltar atrás. 

Existem muitos pensamentos que nos questionam o tempo inteiro: será que a melhor alternativa não seria deixar a minha fé de lado e viver em paz, cuidando das minhas coisas e estando em paz com a minha família? Este é um pensamento que pode nos sugerir a ideia de que talvez a nossa fé em Jesus Cristo não seja a prioridade e que, por isso, talvez seja melhor realmente recuar.

Nota Pastoral 

Quero chamar atenção se caso você vá fazer um trabalho evangelístico a qualquer grupo, sejam eles travestis, mendigos, drogados ou quaisquer pessoas de todas as formas. Gostaria de chamar sua atenção a observar que muitos deles conhecem muito bem a Bíblia, alguns chegam a cantar um hino ou lê um texto. Muitos foram até mesmo líderes de igreja, outros têm até mesmo um conhecimento profundo sobre toda a estrutura de igreja e dizem ter experiências. São pessoas que, em algum momento na vida, não aguentaram e voltaram para trás.

O livro de Hebreus é uma resposta para essas pessoas que estão pensando em voltar, se sentindo ameaçadas. É quando o risco chega ao limite e precisamos tomar uma decisão entre continuar seguindo a Jesus ou voltar para trás. Então o argumento do autor de Hebreus é dizer que o filho Jesus Cristo é superior a qualquer coisa que eles viram ou viveram na tradição e na fé antiga

(1) O primeiro argumento, no primeiro capítulo, Jesus é comparado aos anjos e ele é comparado de tal forma a fim de que o motivo de nós permanecermos seja o entendimento de que Cristo é maior do que qualquer coisa. É promover a consciência de que Jesus Cristo é maior do que o risco, que o sofrimento, do que qualquer religião que tenhamos experimentado no passado. Quando isso virar, de fato, uma verdade, isso irá se transformar em uma âncora: saber que Cristo está acima de tudo. Quando nós somos confrontados pelo assédio, pela morte, pela possibilidade de perd er os bens, o que vai fazer com que permaneçamos firmes é a segurança de que Cristo é maior. Nós não sabemos o que vai acontecer com essas perseguições que temos em vários lugares, como a Índia, China ou Norte da África. Vivemos em um país onde não temos isso, mas fica a reflexão se nossa fé é suficientemente firme para permanecermos em tempos onde pessoas que nos são importantes e de quem gostamos começarem a nos perseguir.  
O livro de Hebreus tem essa resposta, e eu espero que ela alcance seu coração. 
Primeiro segmento do livro de Hebreus Já no Capítulo primeiro o escritor de Hebreus começa a comparar Jesus Cristo aos anjos. Ele faz essa comparação, pois os anjos têm uma figura fundamental na religião judaica. O próprio Estevão, no livro de Atos, antes de ser apedrejado em seu discurso, reflete o pensamento judaico de que, no momento que Moisés recebeu as leis, anjos estavam ali intermediando o processo. O livro de Hebreus está repetindo essa mesma ideia que faz o pensamento judaico na história. No Antigo Testamento você irá perceber que os anjos apareciam aos patriarcas, trazendo confiança em momentos de crise. Então o judeu sabe que a sua fé é uma fé diferente e segura, pois existem seres especiais que validam e confirmam essa fé. Eles estão cientes de que os anjos são testemunho de sua fé, que é verdadeira. É nesse cenário que Jesus entra, como ponto de comparação do escritor de Hebreus dizendo: “eu sei que vocês têm na sua tradição, essa experiência com anjos; o próprio Jacó brigou com o anjo, entã o os anjos estão presentes na história e na tradição de vocês”. Então acontece como uma espécie de disputa onde o judeu compara Jesus com os anjos: vamos ver quem dos dois é maior. Nos dois primeiros capítulos de Hebreus nós vemos o escritor questionando se os anjos podem ser adorados ou não. A resposta é que Jesus é quem deve ser adorado. A fim de validar alguns argumentos, o autor de Hebreus pega alguns livros do Antigo Testamento que provam que Jesus pode ser adorado, os anjos não. Jesus é o general, anjos são servos. Jesus é eterno, os anjos tem um momento de criação. Toda essa relação é necessária para mostrar que Cristo realmente está acima. Para os judeus, o judaísmo era uma boa religião, porque os anjos faziam parte e traziam segurança. Então o escritor de Hebreus questiona o porquê de eles buscarem a segurança dos anjos, uma vez que agora eles têm a segurança de Jesus.

 E os primeiros capítulos vão se desenvolvendo nesse sentido, de que Cristo é maior do que Moisés, que é uma figura importante, pois foi quem trouxe a lei. Porém, Jesus Cristo é superior a Moisés, e se houver uma disputa entre os dois, certamente Jesus é o que ganha. Se honra se a Moisés, muito mais a Jesus. 
E o autor de Hebreus então alerta que, se houver a intenção de voltar atrás por conta dos anjos e de Moisés, o povo estará voltando para algo que é precariamente menor. A mensagem de Hebreus é clara ainda em afirmar que, embora haja muita coisa importante na fé e na tradição dos judeus, se eles insistirem em conhecer a Cristo, isso será suficiente para o próximo passo para insistir na sua caminhada. E se eles têm uma revelação importante, em Jesus eles têm uma revelação ainda maior. Nos primeiros capítulos de Hebreus, então, o escritor está colocando vários personagens na balança juntamente com Jesus, para mostrar que Ele é maior. E então ele apresenta todos os argumentos de tudo que o povo conhece, mostrando a superioridade de Jesus. Mas embora isso seja fácil de entender na teoria, na prática nem sempre o é. Porque uma coisa é entender e acreditar que Jesus é acima de todas as coisas, mas no nosso dia a dia, com os nossos problemas de enfermidade, problemas pessoais e financeiros, temos a tendência de enxergar com muita clareza esses problemas, deixando de enxergar a importância de Jesus. 
O escritor de Hebreus está falando que você pode estar angustiado, pensando em olhar para trás, porque a vida está difícil, porque está arriscado continuar mantendo a fé. E ainda, por vezes, você está se sentindo tão terrivelmente impensado, que uma doença, uma enfermidade uma dívida, um relacionamento quebrado acabam tendo mais importância do que Jesus. Dessa forma, é mais fácil que Jesus seja subtraído ou esquecido em seu coração, porque as realidades e as dificuldades do mundo parecem ser mais reais do que Ele. Teoricamente isso é fácil de entender. Mas para que isso seja de fato uma realidade, realmente Cristo precisa ser superior na minha vida. Porque, do contrário, teremos sempre essa relação, tendo que ser relembrado o tempo todo dessa proporção. De alguma forma o Espírito Santo está conversando com a nossa alma dizendo: pese na balança, alma; todas essas coisas que você pensa em olhar atrás e colocar de lado. Jesus Cristo é maior do que os profetas, é maior do que qualquer coisa que a gente possa imaginar. Esse é o argumento do escritor de Hebreus. 

Em Hebreus 1:4 Jesus recebe um nome mais excelente do que os anjos. No versículo 6 o escritor cita Deuteronômio. Ele sabe que está falando com um judeu que é cristão, que tem conhecimento das escrituras, então ele está pegando a escritura para convencer. Existe um raciocínio lógico, uma coerência, uma tentativa de acalmar puxando pelo que o povo entende, pelo que o povo conhece. Então, no Versículo 6, ele está fazendo uma analogia com Deuteronômio 32:43, de quando Jesus nasceu como um homem, e dizendo que os anjos os adorem. É importante perceber que o escritor de Hebreus lança o argumento, mas faz uma relação do texto, para que o judeu perceba que aquilo já fora revelado. Ainda em Hebreus 1:7, ele faz menção de Salmos 104:4, com um texto que fala sobre ministros sendo tratados como fogo e vento; a ideia de que Jesus é o Mestre e Senhor, e os anjos, apenas servos e ministros. Podemos usar então isso como adjetivos. Da mesma forma que o vento, a natureza o fogo ou qualquer outra coisa servem a Deus, da mesma forma os anjos assim o fazem. Jesus é filho, é o Rei e os anjos são servos; Jesus tem um Reino de equidade e justiça, os anjos são espíritos ministradores que servem em benefício daqueles que hão de ser salvos. Vemos isso claramente no final do capítulo primeiro: Quem são os anjos? São espíritos ministradores que servem em favor da igreja e trabalham em nosso benefício. Então está estabelecida, de uma forma bem clara, a superioridade de Jesus Cristo em relação aos anjos. Segundo segmento do livro de Hebreus Nessa primeira parte que acabamos de estudar, vemos o autor de Hebreus, em todo momento, fazendo uma comparação entre Jesus e outros personagens, mostrando a Sua superioridade a qualquer um deles. Já no capítulo 7 podemos perceber que esse processo continua, porém, entra agora um personagem importante Melquisedeque, uma figura que temos muita pouca referência na palavra de Deus. Também iremos ver a presença do gnosticismo. O homem sempre percebeu uma necessidade de mediação, uma vez que não se consegue chegar diante de Deus com suas próprias pernas e com a nossa força. E então surge o gnosticismo, porém, desenvolvendo essa teoria da mediação de uma maneira contrária à Palavra de Deus. Quando falamos em Melquisedeque, estamos falando de mediação, de sacerdócio. No gnosticismo eles acreditam em eons mais uma vez a figura dos anjos como seres espirituais. Eles sabem que existe uma distância considerável entre Deus e o homem, e então vem o questionamento de como chegar até Deus.

No gnosticismo existem níveis de eons, e a pessoa tem o seu primeiro mediador, o seu primeiro nível espiritual.

À medida que essa pessoa vai evoluindo espiritualmente, ela vai aumentando o seu nível espiritual. Os eons, então, são seres espirituais que têm o papel de fazer esse trabalho de mediação. Na cabeça do gnosticismo os eons são anjos, seres espirituais. E em cada novo nível de revelação, um novo espírito ou um novo “anjo” conecta esse homem com Deus. E assim, no gnosticismo, eles entendem que é necessário sempre estar evoluindo para chegar a Deus. Podemos perceber que essa mediação de Cristo, na verdade, já está estabelecida desde o Antigo Testamento, embora muitos teólogos discordem disso. No entanto, é possível afirmar que Jesus Cristo é a figura central de toda a Bíblia, e quando chegamos no Capítulo 7, encontramos Melquisedeque, um sumo sacerdote que não tem linhagem, que apareceu na história, e que temos pouquíssimos dados sobre ele. No argumento de Hebreus, Jesus é maior que os Levitas, que os sacerdotes, que a antiga aliança; Jesus é aquele único que pode fazer mediação entre Deus e o homem, preenchendo todo esse espaço de maneira que não haja mais necessidades, como em muitas religiões. Um bom exemplo disso é a própria Igreja Católica, que vê a necessidade de ter santos ou mesmo Maria para fazerem essa mediação. E o que se prega no livro de Hebreus é que Jesus é suficiente e exclusivo nesse papel de mediação, discordando o condenando essa estrutura do gnosticismo e a necessidade de evolução até chegar a Deus. 
Os sacerdotes naquela época eram encarregados de cortar a carne do animal para o sacrifício, limpar, tirar o sangue, oferecer, enfim, são os sacerdotes os responsáveis por toda essa tarefa. No entanto, se o sacerdócio desses homens consistia em tais rudimentos, o sacrifício de Jesus tem um outro tipo, que está tipificado e evidenciado no ministério de Melquisedeque. Isso porque Melquisedeque não tem genealogia, ou seja, não tem pai, não tem futuro, não é limitado pelo tempo. Ele não tem uma genealogia como os demais sacerdotes, que eram obrigados a cumprir com as suas funções sacerdotais ao completar 30 anos. Diferente desses sacerdotes, Melquisedeque é um sumo sacerdote sem genealogia, ele simplesmente apareceu na história, e nem sabemos dizer de onde ele veio. E o que o escritor de Hebreus está querendo dizer é que, Melquisedeque não tendo uma linhagem, uma genealogia, ele está tipificando Jesus, o eterno. Melquisedeque então faz parte de uma outra categoria de sumo sacerdote. Enquanto os sacerdotes trabalhavam continuamente, o sumo sacerdote só entrava no Santo dos santos uma vez por ano. Dessa forma, Jesus é, então, mostrado em forma de parábola na pessoa de Melquisedeque. Portanto, o que vemos no capítulo 7 é uma comparação entre Melquisedeque e Jesus, mostrando que Jesus já era mediador mesmo antes da lei, porque aqui estamos falando do encontro de Abraão com Melquisedeque. A lei foi dada em Moisés, e Jesus já era a essência da mediação entre Deus e os homens mesmo antes de a lei ser entregue. Porque quando o autor faz afirmação de que Jesus era sacerdote da ordem de Melquisedeque, ele promove a ideia de que o sacerdócio de Jesus é um sacerdócio eterno. E o que é mais coerente, então? Voltar atrás para a religião dos anjos? Voltar atrás para religião dos sacerdotes? Voltar atrás para religião da velha aliança? Voltar atrás para aquilo que é provisório? Voltar atrás daquilo que assombra? Voltar trás para antiga mediação? O escritor de Hebreus está chamando a atenção para que o homem não olhe para atrás, porque existe um mediador que é mais perfeito. E se antes nós tínhamos um mediador no passado, o mediador de agora é mais perfeito. Nós temos toda essa herança de anjos, mas o que temos agora é incrivelmente mais especial. Portanto, a única maneira não voltarmos atrás é entendendo a dimensão e a profundidade de quem é Jesus Cristo. Quanto menos nós entendermos essa verdade, mas nós vamos pensar em voltar atrás. Quanto menos nós entendermos o significado e a força que Jesus Cristo tem na vida de cada crente, mais a ideia de voltar atrás irá tomar conta do nosso coração. Que Jesus Cristo cresça em seu coração, e que essa ideia de desistir simplesmente desapareça. 

terça-feira, 26 de novembro de 2019

cartas gerais - Parte - 3


I João 

 “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. [...] Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. [...] Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (I Jo 1: 6, 8, 10) Se falarmos algo, precisamos ser coerentes. Os falsos mestres estavam dizendo, mas não viviam de forma coerente com o que diziam. 

 Os falsos mestres estavam falando:

(1)Temos comunhão,

(2) Não temos pecado nenhum na nossa natureza, 

(3) Não pecamos. 

 Começando do terceiro argumento: dizer que não pecamos é não conseguir se enxergar no dia a dia, é não perceber o quanto erramos por palavras, sentimentos, omissão e ações, dizer que não peca é estar mergulhado numa terrível cegueira. Essas duas afirmações, “não pecamos” e “não temos pecado na nossa natureza”, João trata de uma forma bastante grave e dura. Afirmações desses tipos nos tornam um tipo de pessoa que chama Jesus de mentiroso ou invalidamos a eficácia e a utilidade da cruz, é muito importante tomar cuidado com o que falamos com o que ensinamos em nome de uma santidade superficial, estamos deteriorando a mensagem do evangelho. 

Ainda rebatendo os falsos ensinos, João ensina as ferramentas que temos para saber se conhecemos a Deus:

(1)Guardar seus mandamentos: “Os que guardam” Esses que guardam são os que amam: “Os que amam” Os que guardam têm amor aperfeiçoado: “Os que são aperfeiçoados” Em outras palavras, a pessoa que tem comunhão é alguém que guarda os mandamentos, é aquele que a palavra está escrita em seu coração como profetizou Jeremias, guarda no sentido de viver baseado e guiado pela palavra ou como nos ensina Salmos 119, “guardei a tua palavra no meu coração pra eu não pecar contra ti” ou ainda usando as palavras de Jesus, “aquele que ouve essas palavras e não pratica é semelhante a quem constrói a sua casa sobre a areia, mas quem ouve essas palavras se as pratica é como constrói sua casa sobre a rocha”. Guardar a palavra, é estar firmado sobre a rocha, é estar preparado para resistir à tempestade, é sobre ter a identidade certa, é sobre fazer parte de uma nova aliança. 
Conhecemos Nosso pastor, conhecemos sua voz, conseguimos segui-lo e vivermos guiados por ele. a sua voz é uma bússola. 
A prova de conhecer a Deus então é ser alguém que guarda o Logus (Palavra),

alguém que se aperfeiçoa em amor:

“Como conhecer se não guarda a palavra? Como guardar o que não conhecemos?” 

 Os falsos mestres diziam que conheciam a Deus. A conclusão é que o que os falsos mestres ensinavam era mentira: Não guardavam palavra, não tinham testemunho vivo de amor cristão, diziam que andavam na luz, “Mas quem odeia seu irmão e diz estar na luz, não saiu das trevas”. Pois Deus nos tira do inferno e depois tira o inferno da gente, onde conseguimos a aprender a amar o meu próximo. Amando meu irmão, permaneço na luz e isto é um desafio, por isso às vezes a luz se afasta de nós. João ainda traz uma advertência grave, que os anticristos (plural) saíram e ainda vão sair do nosso meio. (Ver I Jo 2: 18-19) De qual meio João está falando? Da Igreja, tal qual a parábola do joio e do trigo. Surgem, misturando as heresias no meio do povo de Deus. Falsos ensinos descritos por João, comparando o Evangelho com as Epístolas de João. Mediante as comparações, podemos ver que esse embate contra os falsos mestres e falsos ensinos já é descrito desde o Evangelho de João. Diferenciar o verdadeiro do falso, basta saber que o nosso Cristo, que morreu em carne, é dilacerado, pois não existe remissão dos pecados sem este sacrifício. Os falsos profetas, enfraquecem Cristo, deturpando a realidade, diminuindo a pessoa e existência de Jesus Cristo.

A prova de filiação, a prova de que somos filhos:

(1) (2:29-5:12)  Filhos têm características do pai (2:29),

(2) Ser como Jesus, 

(3) Não continua no pecado( 3:4-10), 

(4)Amar os irmãos morrer por eles (3:11-24), 

(5)Crer que Jesus Cristo é o filho de Deus.   

II João Foca em: 

(1)Cumprir o mandamento dado,

(2)Conservar a fé, 

(3)Não receber mestres falsos. 

III João Foca em:

(1)Oração por saúde, 

(2) Alegria e fidelidade, 

(3)Gratidão por ajuda Missionária, 

(4) O caso negativo: 

A) Diotrefes,

(5) O caso positivo:

B) Demétrio. 

sábado, 23 de novembro de 2019

Cartas gerais - Parte 2

 
👉🏿1 Pedro - Esperança é a palavra-chave. Pedro nos convoca a ter uma esperança que atraem os outros, traz exortações e a ser paciente no sofrimento. “6 Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, 7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; [...] 9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.” O livro de Hebreus também foi escrito para os que deviam buscar a esperança. O livro de Rute também enfatiza este assunto, tal qual também faz o Apocalipse. Diversos outros livros também têm esse propósito de nos trazer esperança para saber se posicionar perante o sofrimento. 

 Dentre eles está I Pedro.

 👉🏿 Salvação - A perseverança na Salvação: a chamada e a vocação do crente (1:3; 2:10)  Podemos encontrar a explicação doutrinária de Pedro, comparando-a com a de Paulo, em:

👉🏿 Salvação - Esperança do futuro (3-5), Paulo chama esta Salvação de Glorificação

👉🏿Salvação - O gozo do presente (6-9) Paulo chama esta Salvação de Santificação.

👉🏿 Salvação - A experiência do passado (10-12) Paulo chama esta Salvação de Justificação. 
Podemos afirmar que, fomos salvos no passado, pela justificação, somos salvos no presente, pela santificação. Buscar salvação é buscar a santidade. A salvação no futuro é a glorificação.  

Submissão

 👉🏿Submissão: a conduta do crente (2:11; 3:12) Somos um povo que sabe sobre submissão, que isto faz parte da nossa essência. A base da nossa submissão é Jesus Cristo. O sofrimento muitas vezes funciona como disciplina do crente, não que isso seja um culto ao sofrimento, mas uma forma de aperfeiçoar o caráter. (3:13; 5:11).E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8: 28) Não use o sofrimento como desculpa para praticar aquilo que é mal, sempre temos que fazer o bem seja qual for a situação, assemelhando-se a Deus.

 👉🏿(1) Este sofrimento está no mundo (3:13; 4:6), 

👉🏿 (2) na igreja (4:7; 5:7)

👉🏿 (3) e nos lugares celestiais (5:8-11). II Pedro Advertência contra as heresias é a chave do livro de II Pedro. Há esse combate ao gnosticismo e demais heresias. A nominação Falsos Mestres aparece de forma surpreendente em toda a Bíblia, principalmente neste livro, nos alertando sobre a importância de observar e guardar sobre falsos mestres, falsos ensinos e heresias.

Compare Judas e II Pedro , ambos abordam sobre o mesmo tema

A preocupação desses livros é abordar estas heresias que entram nas igrejas e confundem os ensinamentos. Podemos ver nas seguintes citações o que a igreja enfrentava já naquela época 

👉🏿(1)Negação de Cristo 2:1

👉🏿(2)Desafio da autoridade apostólica 2:1-,10-12

👉🏿(3)Corrupção moral 2:2

👉🏿(4)Avareza 2:3,14,15

👉🏿 (5)Escárnio com respeito a volta de Cristo 3:1-16 - No final das contas, temos pessoas que não entendem quem é Cristo, desafiando as Escrituras, movidos pela compulsão de coisas além da necessidade, descrentes da volta de Cristo. Uma heresia que devemos conhecer pois ela pode estar presente em nosso meio é o Gnosticismo. Fundamentado no conhecimento através de uma Iluminação, o homem começa a questionar a autoridade das Escrituras, alegando ter um conhecimento maior que os dos apóstolos. Esses mestres gnósticos sempre reivindicam autoridade para si se colocando em pé de igualdade com a palavra de Deus. Sugiro ao querido irmão que pesquise, estude, leia, pois ao longo de toda história da igreja, o Gnosticismo tem sido um dos principais inimigos, entra no meio da igreja com aspecto de uma grande espiritualidade, se apresentam como profundos conhecedores das coisas sobrenaturais, mas desprezam as verdades centrais do evangelho, eles sempre estiveram entre nós. 
 👉🏿 Minha preocupação pastoral é:
esteja atento, saiba quem eles são, e principalmente saibam diferenciar o ensino falso do ensino verdadeiro. Conhecimento verdadeiro 1:3-21 O conhecimento verdadeiro é o contrário do que os falsos mestres ensinavam e é evidenciado da seguinte forma: 
👉🏿Fé, 
👉🏿 Virtude, 
👉🏿 Conhecimento,
👉🏿 Domínio próprio, 
👉🏿 Perseverança,
👉🏿 Piedade, 
👉🏿 Fraternidade, 
👉🏿 e Amor. 

 Conhecimento falso (2:1-22) 

  O conhecimento falso é evidenciado: 

👉🏿 (1)Mestres falsos, 
👉🏿 (2)seu caráter,
👉🏿 (3)seu pecado, 
👉🏿 (4)seu fim 
👉🏿 (5)e os Ensinos falsos.

 Judas  

Forte semelhança com II Pedro.
Vemos que  enquanto  o  livro de  Efésios nos  conta  de  uma  batalha  interna e  externa  ( dentro  e  fora  de  nós),  onde  a  fé  nos  garante  a  vitória,  onde  a  fé  nos protege  na  guerra.  Judas  nos  conta  de  uma  batalha  pela  fé,  não  sobre  o  risco  de perder  a  fé,  mas  sobre  a  realidade  da  contaminação  a  luta  para  que  a  nossa  fé não  seja  distorcida  pelos  falsos  mestres.  Sendo  uma  luta  pela  fé  (interna) o livro de  Judas  denuncia  os  falsos  mestres  (5:16)  nos  expondo uma  luta  urgente para  de  escrever  sobre  salvação  do  evangelho  (ou  adia)  para escrever sobre essa  luta  sobre  a  fé,  isso  revela  a  urgência  da   batalha os falsos ensinamentos e falsos mestres. (Capítulo  1)  Nos  versículos  22  e  23,  é  evidenciado  o  cuidado  ater  com  as  pessoas  que  estão  confusas  com  a  doutrina,  de  forma  que  você  as exorte,  sem  ser contaminado.

I) Os  falsos  mestres: 

Cruzam  o  limite  entre  ousadia  e arrogância.  Cruzam  essa  fronteira  de forma  sutil  assim  quando  somos  influenciados  por  eles,  um  dia  lutamos  com ousadia  depois  sem  perceber  de  sermos  contaminados  na  nossa  fé  lutamos  com arrogância.  Os  Falsos  mestres  difamam  o  que  não  entendem.  Até  no  que é instintivo  se  corrompem.  Judas  compara  o  ensino  dessas  pessoas  com caminhos ruins.

 II) Os caminhos dos falsos Mestres:

a) Caminho  de  Caim:  matar em  vez  de  cuidar por causa  da  Inveja.  Oferta errada,  intenção  errada,  culto  distorcido. b)  Caminho  de  Balaão: Ganância  que  faz  com  que  se  ame  o  prêmio  da injustiça.  Ensinou  como  o  inimigo,  tinha  que  fazer  para  o  povo  de  Israel  receber juízo  de  Deus,  em  outras  palavras,  ensinou  o  inimigo  a  fazer  o  povo  de  Israel quebrar a  aliança. 
c) Caminho  de  Coré: rebelião. 

 III) Falsos mestres destruindo a festa  ágape: 

a)  São  como  rochas  submersas,  são  um  verdadeiro  perigo  invisível  para a  navegação.  A  idéia  é que  quando eles se instalam  no  meio  do  povo  dificultando a  vida  cristã,  provocando  verdadeiros acidentes da  fé  ou  na  fé. 

b) Nuvens vazias, 

c) Árvores  sem  frutos  e  arrancadas (dupla  morte), 

d) Ondas  fortes e  sujas, 

e) Estrelas errantes, 
De acordo com o teólogo Timothy Keller, o cristianismo é a única religião a afirmar que você vai para o céu baseado na obra de Jesus Cristo, permanecendo na aliança, em perfeita obediência sendo alcançado pela graça de Jesus, com o coração transformado. Não viva de qualquer forma, posicione se perante os hereges que menosprezam o Evangelho. O Evangelho é capaz de transformar seu coração. Paul Washer ilustra que, se alguém chegasse em sua casa completamente são de suas faculdades e habilidades motoras, alegando que teria acabado de sofrer um atropelamento por uma Scania, você não iria acreditar. 
O mesmo ocorre com o Evangelho, ninguém que bata de frente com ele, permanecerá a mesma pessoa. É impossível ser encontrado por Deus e viver da mesma forma, o Evangelho altera nossa natureza de tal forma que temos prazer em obedecer, combatendo os falsos profetas que ousam deturpar o Evangelho. Somos salvos pela graça de Jesus Cristo.

Para se inteirar nos estudos destas cartas de Pedro leam o meu blog sobre comentários biblicos clicando no link a baixo. 

http://ccrcbdmpn.blogspot.com


sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Cartas Gerais - Parte 1

Cartas Gerais São cartas encíclicas, ou seja, cartas que não são endereçadas a igrejas ou pessoas individuais de forma específica. 

👉🏿 Tiago

 O livro de Tiago é uma Literatura de sabedoria, são instruções para o viver diário. O conteúdo é menos doutrinário e mais prático, a autoria é de Tiago, o meio irmão de Jesus. Este é o livro mais controverso, pois algumas pessoas não veem relação deste livro com os outros, chegando a acreditar que este converge com as Cartas Paulinas. A realidade é que os contextos são diferentes. Seus leitores As doze tribos que são da dispersão, judeus cristãos espalhados pelo mundo gentio. Em Tiago, essa expressão significa: os judeus fora da palestina excluem os gentios. Essa expressão reaparece em Pedro e o significado, é o oposto no sentido que dispersão ganha um sentido espiritual a igreja que está espalhada. 

👉🏿 Propósito

👉 (1)Dar conselhos práticos, 

👉 (2)encorajar os que estavam sendo oprimidos, 

👉 (3)corrigir tendências de conduta, 

👉(4)confrontar os cristãos com a responsabilidade cristã.

 Dos 108 versículos, 54 são imperativos, ou seja, são ordens. Exemplos: “16 Não vos enganeis, meus amados irmãos. [...] 22 E tornai-vos cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” O conteúdo de Tiago traz a muitos uma grande confusão, principalmente quando relacionam com Gálatas e Romanos. É muito importante saber que Paulo e Tiago não estão combatendo um ao outro, só estão em circunstâncias diferentes respondendo a questões diferentes.
 👉🏿Paulo combatia judaizantes que queriam transformar o evangelho em judaísmo 👉🏿e Tiago combatia a nominalistas que diziam ser cristãos, mas não agiam como cristãos. Podemos afirmar, então, que a luta de Tiago era:

👉🏿 (1)Combate a antinomianismo (ideia de estar contra a lei),

👉🏿(2)Falha no viver prático (não na doutrina),

👉🏿(3)Fé sem obras, a negação de estender a mão ao próximo,

👉🏿(4) Palavras sem atos, 

👉🏿(5) Censura a comportamentos inadequados, 

👉🏿 (6) Combate a ambição, 

👉🏿 (7) A relação com a riqueza, que o pobre nem o rico percam a sua fé por causa de suas condições. (Ver Tiago 1: 9) Para tal, o pobre precisa focar na sua dignidade, (Ver Tiago 1: 10) porém o rico tem que olhar para a sua insignificância, para não cair na soberba e lembrar que a sua riqueza é proveniente da graça de Deus. 

👉🏿 Corrigir o tratamento depreciativo dado aos pobres, 

👉🏿 E a cobiça sob a capa da religião (Ver Timóteo). 

A estrutura do livro de Tiago é dividida em: 
👉🏿 (1)verdade contrastada contra hipocrisia (1: 2-18; 2: 26), 

👉🏿 Vida cristã ≠ falsidade e imitação.

👉🏿 A perseverança existe para resolver a deficiência que existe em nossa vida, através do Espirito Santo. 

 O contraste entre realidade do evangelho e imitação é abordada através dos seguintes temas: 

👉🏿 (1) No caráter (1:2-18), 

👉🏿(2) Na adoração publica (1:19-27),

 👉🏿(3)Ouça e pratique.

 Se Deus se manifestasse em todo seu esplendor na nossa presença, ficaríamos emudecidos.
  Devemos aprender a ouvir mais do que falar
👉🏿 (4)No amor (2:1-13) Não fazer distinção das pessoas, o Evangelho verdadeiro nos faz agir de tal forma que tratamos todos de forma igual.

👉🏿 (5)Na fé (2:14- 26),

👉🏿 (6)Pretensiosos que querem ser mestres (3:1-18) Todos querem ensinar, porém poucos aprenderam o que deveriam ensinar.

👉🏿(7) Realidade contra a imitação (1:2 – 2:26), 

👉🏿(8)Paciência como alvo (1: 2-8),

👉🏿 (9) Pobreza não é má riqueza não é vantajosa (1: 9-11) define foco pro pobre e pro rico pra que não se percam na sua condição.

👉🏿 (10)Recompensa da paciência (1 :12), 

👉🏿 (11)Culpar a Deus não é desculpa pra pecar (1:13-18) Quanto ao Culto Público...

👉🏿 (1)Não é só falar, mas ouvir (1 :19 -21),
 👉🏿 (2)Não é só ouvir, mas agir (1:22-25), 👉🏿(3)Amor sem parcialidade (2 :1 – 13),
👉🏿(4)Fé sem obras não tem valor (2:14-17). 

Tiago revela a diferença entre os Mestres

A) Sabedoria do mundo e seus frutos (3:14-16)
B) Sabedoria do céu e seus frutos (3:17-18). 

Quantos aos prazeres

👉🏿 Prazeres como alvos da vida (4:1-10), 

👉🏿Guerras e contendas vêm de prazeres como alvos da vida (4:1,2), 
👉🏿Os prazeres como alvos é uma forma de adultério (4:4),
👉🏿 Não culpar os outros por causa da aflição (5:9), 
👉🏿 Divisão - o mundo em oposição a Deus (4:1- 5.20) Quem faz do prazer alvo principal da vida está em oposição a Deus. O prazer como fim gera briga e é adultério espiritual. Veja por exemplo, as propagandas nos mais diversos meios de comunicação, elas reduzem o ser humano a um objeto movido pelo prazer. 

👉🏿 Atividades dentro da comunidade (5:720) 

Para essas atividades vemos a necessidade de ser paciente com àqueles que caminham mais devagar. Perseverar na oração e louvor, visitando os doentes, com a confissão dos pecados, confesse aos seus irmãos, abra seu coração, restaurando os inconstantes (5:1320) .

 O livro de Tiago nos faz refletir sobre a pratica do Evangelho. O nosso amor não deve ser somente de palavras, mas sim com obras. Uma fé real, vivendo o evangelho de forma que ele atinja a mim e aos que estão ao meu redor. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Cartas Paulinas - Parte 2


Nessa aula teremos a continuação das Cartas Paulinas, observando os aspectos das cartas missionárias, da prisão e pastorais. 
Vamos falar um pouco sobre a primeira e segunda epístolas de Coríntios. Conforme vimos na aula anterior, a carta sempre vai trazer um problema, e a argumentação de Paulo é uma solução que ele está encontrando para o problema que ele está enxergando naquela comunidade.
Sendo assim, qual é o problema que Paulo começa a identificar na igreja de Coríntios? Quando falamos em Coríntios, imediatamente nos vêm à mente aquela quantidade de textos que nos fazem pensar sobre os dons. Essas citações são maravilhosas, mas quando Paulo olha para Corinto, ele está identificando um problema que quer resolver, e esse problema tem a ver com moralidade (porneia). Pontos que Paulo está querendo conversar com essa igreja Porneia (I Cor 5:1-13) O primeiro problema da imoralidade 1Coríntios 5: 1  um problema de litígio, uma disputa. Essa mesma igreja, que é cheia de dons, também possui uma questão mal resolvida, de querer fazer o que não se deve. Aparentemente parece ser uma igreja tão espiritual, mas que, ao mesmo tempo, de uma forma tão incoerente, acaba aceitando certos tipos de relacionamento que são absolutamente imorais e indignos. 
  Essa igreja, portanto, é marcada por uma profunda divisão: 
👉🏿de um lado, extremamente cheia de dons; 👉🏿de outro lado, extremamente infantil em relação ao discernimento e à percepção quanto à ética cristã, de como que a igreja deve viver, de como devem se basear os nossos relacionamentos

Litígio (I Cor 6:1-11) 

Temos o problema da imoralidade, e no problema dessas disputas de relacionamentos que não são bem resolvidas podemos ver esse litígio acontecendo. No capítulo 6:1-11 encontramos essa confusão, porque toda vez pensamos em relacionamentos, percebemos que eles são a base do cristianismo - nossa santidade se manifesta em relacionamentos. Ou seja, nossa santidade não é algo que está parado em um altar para que alguém contemple. Nossa santidade se manifesta e se expressa na forma como lidamos com quem está ao nosso lado. Portanto, nossa santidade se revela na forma como enxergamos tudo à nossa volta. 

👉🏿Corpo (I Cor 6:12-20) 
Então Paulo continua tratando algumas questões, agora, especificamente, a questão da nossa relação com o corpo:

nós somos corpo de Cristo, mas nós também temos um corpo. Qual é a forma adequada de pensarmos nessa relação? Família (I Cor 7: 1-40) Aqui nós temos uma discussão do que Paulo está querendo conversar com essa igreja, que é a relação familiar, as relações entre homem e mulher. 
👉🏿Coisas sacrificadas - relações
 (I Cor 8:1 - 13)

O quinto ponto seriam as coisas sacrificadas: 

podemos comer coisas sacrificadas ou não? E Paulo chama a atenção, pois, mais importante do que comer ou não as coisas sacrificadas, existe um problema ainda maior, que é a relação de quem está comendo com quem não está comendo. E assim Paulo gasta mais tempo para falar do que ele vai chamar de fortes e fracos, porque tem a ver com a consciência que cada um tem de fé e a sua percepção.

E então Paulo tira a ênfase da comida e a coloca nas relações

Ele está dizendo que o mais importante é como estamos tratando nosso irmão que não come, ou como ele come. Então Paulo fala das questões sacrificadas, o que a igreja deveria fazer, e então ele se preocupa com essas relações. Essa problemática entre as coisas sacrificadas será abordada em Coríntios 8:1-13. 

👉🏿Idolatria (I Cor 10:1-33) 

Ele continua falando sobre idolatria. Aqui no Brasil, por exemplo, nós vemos muita relação de Cosme e Damião, na questão de poder ou não comer. Então a ideia que Paulo está dizendo é: imagina que um grupo de criança da sua igreja comeu porque os seus pais autorizaram, e outro grupo de criança não comeu. 
E então Paulo chama a atenção que é por causa dessas duas posturas que esses dois grupos estão se transformando em inimigos. 
O primeiro ponto que Ele quer resolver, então, é desfazer a inimizade entre os grupos, tratar da questão sacrificada, e recuperar a unidade, trazendo a compreensão de quem nós somos como corpo de Cristo. Embora tenhamos conhecimento de muitos assuntos polêmicos, sabemos que não se constrói uma unidade destruindo, ou melhor, não se constrói santidade destruindo a unidade. Esse, sim, é um caminho muito difícil.

John Stott nos fala que muitos, para manter a unidade, abrem mão da santidade; e muitos, para manter a santidade, abrem mão da unidade.

O que Paulo, então, está dizendo é que não se pode abrir mão nem de um, nem de outro. Nosso caminho é um caminho mais difícil, mais consistente, porém, que não abre mão da unidade tampouco da santidade. Historicamente nós vamos ver diversos grupos que se empenham em resolver esse problema que consiste em abrir mão de um em detrimento de outro. 

👉🏿Véu (I Cor 11:1-16) Depois temos a discussão sobre o uso ou não do véu. 
👉🏿 Ceia (I Cor 11) Aqui ele termina a última discussão falando sobre a ceia do Senhor, ainda no capítulo 11. De forma resumida, temos 👉🏿no primeiro bloco (1 e 2) Paulo falando da relação da Igreja com a sociedade, bem como o cuidado que devemos ter. 👉🏿O segundo bloco (3 e 4) ele está falando da família, 👉🏿o terceiro (5 e 6) ele fala de idolatria, 👉🏿e este último bloco (7 e 8) Paulo fala de coisas relacionadas ao culto. Assim sendo, podemos tentar sistematizar o livro de Coríntios nessa narrativa, de Paulo
tentando instruir a sua Igreja coerente em relação à sociedade em como tratamos nossa família, no cuidado para não cair no pecado da idolatria e da pureza do nosso culto, a fim de que este não seja confundido com os cultos pagãos. No livro de Coríntios, portanto, Paulo está sempre tentando pensar e reconstruir a identidade das pessoas a quem essa carta está chegando. E ela está falando primeiramente com quem? Vamos entender. A principal religião dessa cidade de Coríntios era a adoração a Afrodite a mesma deusa Astarote da Fenícia que tem essa ideia da sensualidade, da fertilidade. Dessa forma, o principal culto que existia nessa cidade era em adoração a Afrodite. Nesse contexto, iremos encontrar cerca de 1000 mulheres sacerdotisas, uma espécie de prostitutas sagradas. Essas sacerdotisas dedicadas à glória da deusa Afrodite. As mulheres que ficam responsáveis nesse serviço vão ter a obrigação de duas vezes por ano servir no templo de Afrodite. Inclusive, Paulo também demonstra essa mesma preocupação como vimos em Colossenses e Tessalonicenses. O que acontece, então, é que a marca que essas mulheres tinham que demonstrava que estavam em serviço, é a forma como elas cortavam os cabelos e raspavam a cabeça. Portanto, quando vemos essa discussão sobre como a mulher mantém o seu cabelo, percebemos que essa questão foi trazida à nossa sociedade uma maneira muito equivocada. A questão que Paulo aborda em Coríntios é que a mulher que estava de cabelo cortado o raspado era aquela que estava em serviço. Essa era a forma como eram reconhecidas as mulheres sacerdotisas que iam para o templo como prostitutas sagradas em memória à deusa Afrodite. Dessa forma, era possível olhar na rua e identificar uma mulher de cabelo curto: se fosse cortado curto ou raspado, já se sabia que ela estava em serviço. Portanto, essa era uma identificação de uma prostituta sagrada. Dessa maneira, fica claro que a preocupação de Paulo não é uma questão estética, mas que as mulheres da igreja não fossem confundidas com prostitutas.Sua preocupação, na verdade, era que essas mulheres, servas de Deus, não fosse comparadas, na rua, com mulheres que estão totalmente envolvidas com imoralidade e idolatria. Da mesma forma quando se fala para que elas fiquem em silêncio, também existe essa preocupação cultural, uma vez que eram justamente essas sacerdotisas que assumiram todo o culto. A preocupação pastoral de Paulo, então, é simplesmente de distinção:

as mulheres cristãs são diferentes das prostitutas de Afrodite

👉🏿Nota Pastoral 

Testemunhe isso e tome cuidado para que não confundam essas realidades na sua igreja. Leve isso a sério, tome cuidado com essas aparências, a fim de que isso não se torne um embaraço na vida da igreja. 

RELAÇÃO DE ATOS COM CORÍNTIOS 

Podemos ver uma relação muito forte entre Coríntios e Atos 18. Fazendo essa relação, podemos identificar em Atos esse mesmo ambiente que temos no livro de Coríntios. Para melhor entendimento, podemos relacionar algumas leituras de texto em conjunto, a fim de ajudar a identificar esses dois livros e o paralelismo que pode existir entre os dois livros. 

Assim sendo, procure fazer um paralelismo, harmonizando os seguintes textos abaixo
Compare: Atos Versículo 4 x I Coríntios 7:18. Romanos 16:23 x I Coríntios 1: 26, 27 Na primeira comparação, temos Paulo em Atenas por um período curto, mas também podemos ver uma relação entre Atos x Coríntios. Em Romanos, na segunda comparação, podemos atestar a estada de Paulo em Atenas. Paulo vai dar essa bronca na igreja, falar sobre a postura que está equivocada e vai me relembrar o conceito de santidade. 

GÁLATAS - PAULINAS 

O livro de Gálatas é uma carta destinada às igrejas da Galácia. Logo na introdução, nos versículos 1 a 3, Paulo se refere aos que “estão comigo. O que quer dizer que Paulo não estava sozinho quando escreveu isso. Esse texto, portanto, expressa o pensamento de uma liderança, não apenas de uma pessoa. Então, quando o Paulo menciona “esses que estão comigo” isso significa que o que o que ele está escrevendo é um reflexo. Depois ele continua com uma saudação judaica, falando com judeus convertidos. Logo após essa saudação, ele dá uma explicação Cristã, seguindo depois para as ações de graças. Para melhor compreensão, observe o texto a seguir: Paulo, apóstolo, não da parte dos homens, nem por intermédio de homem algum, mas sim por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos,e todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por
nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade Deus, nosso Pai, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém. Gálatas 1:1,5 Nesse texto, podemos identificar os seguintes elementos: Quem está escrevendo?
👉🏿Paulo e os irmãos que estão com ele.  👉🏿Saudação judaica: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, 
👉🏿 Explicação cristã: de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nossos pecados. 
Assim sendo, qual é a crítica, qual é o problema que está acontecendo na igreja de Gálatas? A crítica que os judaizantes estão dizendo é que Paulo está transformando o Evangelho da graça, tornando o fácil demais. Segundo eles, Paulo está inventando um monte de coisa, e esses judaizantes que estão sempre tentando puxar o cristianismo para trás entendem que o cristianismo é uma nova aliança porque não estão acusando o apóstolo Paulo de ter transformado o Evangelho em alguma coisa muito fácil. Existe uma citação do pastor americano Tim Keller que fala que o cristianismo é diferente de todas as religiões do mundo. As demais religiões nos dizem para sermos “bonzinhos” para irmos para o céu. Já o cristianismo diz que, primeiramente, é preciso que o homem seja encontrado pela graça e misericórdia, para então ir ao céu. A ideia central do cristianismo é que nossa salvação é sustentada em Cristo, na graça, e que não chegamos à salvação por mérito próprio. Então, porque os judeus ainda não entenderam a pregação do apóstolo Paulo, começam a dizer que esse Evangelho está ficando muito fácil, misturado, que a mensagem judaica é mais consistente. Em outras palavras, é como se eles dissessem: nós até acreditamos em Jesus Cristo, mas esse negócio não é assim como Paulo está ensinando”. Então Paulo vem para explicar o papel da lei e para que ela serve. Ele começa a desenvolver a ideia de que a lei serve para desmascarar, revelar que eu sou um pecador, e que a lei não veio para trazer a salvação. E a ideia que Paulo vem trazer no livro de Gálatas é o conceito de aio uma espécie de babá ou tutor. Mas o aio, ou tutor, cuida do filho de uma maneira severa e rígida, até que esse filho atinja a maturidade de 18 anos, que é quando ele está apto para receber sua herança. Dessa forma, Paulo está comparando a lei a um aio, que traz o filho da Promessa com braços rígidos até que ele possa enfim alcançar a promessa. A lei nos traz a graça, evidencia nossos pecados, desmascara as nossas pretensões. E então, uma vez perdidos, tomados pela consciência da nossa limitação, só nos resta nos render e suplicar pela misericórdia. E então, nesse momento, rendidos e quebrantados, é que o cristianismo começa a crescer dentro de nós. Quando vemos o livro de Gálatas, percebemos os contornos da liberdade cristã, porque não somos regidos pela lei, embora nós a respeitamos. A lei evidencia o que fizemos e o que somos, porém, somos regidos pela graça, pelo Evangelho e pelo Espírito Santo. Alguns chegam a dizer que o livro de Gálatas é a Carta Magna da liberdade cristã. Se quisermos pensar em liberdade, o livro de Gálatas seguramente é o livro que vai nos ajudar a entender esse conceito. A região da Galácia é onde hoje se encontra a Turquia. Boa parte desses lugares que hoje vive grandes conflitos, como Síria e Turquia, já foi palco de eventos tremendamente importantes na história do Cristianismo. A Turquia, por exemplo, foi palco de uma das igrejas mais importantes da nossa história.
Muitos vão achar que esse texto foi escrito antes do capítulo 15 de Atos, pois é no capítulo 15 que temos o concílio, a disputa entre judeus e gentios, levantando questões do tipo: Tem que batizar para ser crente? Tem que batizar e circuncidar? Qual a relação entre Judaísmo e cristianismo? não estava muito claro na cabeça de gentios e judeus qual era o papel do judaísmo no cristianismo. Então o Concílio vem para reafirmar, mais uma vez, que salvação é obra de graça. E que não podemos forçar o gentil a entrar nessa nova fé mediante a observância da lei. Ou seja, não é observando a lei que ele irá se fazer uma nova criatura. Então muitos acreditam então que o capítulo 15 de Atos, que é onde acontece esse discurso, isso seja um tema anterior. Esse é um dos motivos pelos quais essa reunião tem que acontecer: para resolver problemas em Gálatas, que também foram resolvidos no capítulo 15 de Atos. Basicamente temos a ideia de Evangelho verso legalismo; Graça versos lei. E esse é o ponto central do livro de Gálatas. Vamos traçar mais um paralelo com o livro de Atos para que possamos perceber as relações. Compare: 👉🏿Atos 9:2630 x Gálatas 1:18 👉🏿Atos 11:29-30 x Gálatas 2:1-2:4 -10 Ao traçar esses paralelos, podemos contrastar que é o mesmo ambiente. No segundo paralelo podemos ver essa disputa dos judaizantes que estão sempre puxando para um lado e os gregos que estão ficando confusos. É esse cabo de guerra entre judaísmo porque o judaísmo vai tentando puxar esse novo cristianismo em direção à lei. E lenta ou gradativamente o cristianismo vai se emancipando, criando Independência em relação ao judaísmo.

Percebemos que eles estão andando lado a lado, existe uma tendência de fusão. Os judeus querem fazer uma fusão, e então temos Atos 15 e Gálatas, cuja proposta cristã não é fusão. Ou seja, entendese a origem do cristianismo, mas o cristianismo ganha liberdade para seguir sua própria essência. Então vemos tratados sobre a liberdade cristã, nossa autonomia como fé, como um sistema dos nossos princípios, e o cristianismo se emancipando em relação a todas as demais possibilidades de religião.

CARTAS DA PRISÃO 

Temos as cartas da prisão, que são escritas a Colossenses, Filemom, Filipenses e Efésios. Para melhor compreensão do contexto histórico, vejamos a carta aos Colossenses. 

👉🏿Colossenses 

Em Colossos nós vamos ver o culto à deusa Cibele. É um culto cuja característica é o êxtase, que agrega a filosofia Pagã, com judaísmo, mais cristianismo, enfim, tudo o que era novidade, cabia nesse culto. Era como uma espécie de caldeirão de várias tendências, onde cabia um pouquinho de cada coisa, cada ideia, mesmo o intelectualismo, tudo se encaixava dentro desse culto. Paulo está dizendo que esse caldeirão de influências, que tem de tudo para todos os gostos, não é igual ao culto a Cristo. E mais um a vez nós o vemos preocupado em fazer a distinção entre o culto a Cibele e o culto a Cristo.

Esse é o pano de fundo de Colossenses, e é uma carta escrita da prisão, onde Paulo, mesmo preso, está preocupado com o andamento da igreja. Sua prisão não faz com que ele perca o foco da igreja, mas ele continua interessado em cuidar. Percebemos então que, mesmo preso, Paulo ainda é pastor dessas igrejas, e ele ainda se preocupa com a realidade das mesmas. Ao longo dessas cartas da prisão podemos observar um tema recorrente que é uma discussão cristológica: Qual o papel de Cristo e qual é a Sua função na igreja? Por conta disso, essas cartas que partem da prisão apresentam a Cristo como cabeça do cosmos, como cabeça da igreja e como cabeça do homem. Isso é muito claro em todas as cartas da prisão. Além disso, também temos a ideia musical. Um bom exemplo disso é o episódio de Paulo e Silas na prisão em uma atitude de louvar e engrandecer a Jesus Cristo e a Deus, apesar das dificuldades. Dessa forma, nas cartas da prisão nós podemos ver esse mesmo movimento de adoração. Podemos encontrar verdadeiros hinos cristológicos, verdadeiras canções, que são canções que você canta, com melodias certamente baseadas nesses textos. Seguramente os mais conhecidos desses hinos cristológicos nós vemos no livro de Filipenses 2:6-11: a narrativa de Paulo (canção) de que Jesus se esvazia e abre mão da Sua glória, assumindo forma de homem, obedecendo até a morte de Cruz. Podemos ver isso em diversas canções, com a estrutura de um hino, de  um louvor. Da mesma forma também temos esse hino cristológico em Colossenses 1:15-20. Portanto, mesmo sendo cartas da prisão, o louvor é uma questão muito significativa. Temos ainda a tensão entre alegria da expansão do Evangelho e a tristeza de um sofrimento pessoal. Todas as cartas da prisão vão transmitir essa mesma ideia: a felicidade de Paulo por perceber que o Evangelho está florescendo, mas ao mesmo tempo, de estar passando por circunstâncias difíceis estando preso, vivendo limitações que é, inclusive, quando ele chega a falar sobre as marcas que ele carrega. Efésios Embora existam teorias de que essas cartas tenham sido escritas em roma ), em Cesaréia ou em Jerusalém, a maior probabilidade é que elas tenham sido escritas em Éfeso. 

👉🏿Filipenses 

Temos no livro de Filipenses mais uma carta da prisão. Talvez uma das mais conhecidas, onde que ele repete várias vezes a expressão: regozijaivos. A ideia da alegria é interessante, porque ele está encontrando alegria atrás das grades às vezes queremos encontrar alegria nos lugares que não são exatamente onde a palavra de Deus nos demonstra. Podemos ver então que Paulo pôde encontrar alegria depois de surras, de prisões, de apedrejamento. E agora, mesmo atrás das grades, apesar da dificuldade, do cansaço e de algumas angústias, ele encontra a felicidade. O livro de Filipenses traz uma descoberta da felicidade: posso todas as coisas naquele que me fortalece. Podemos identificar essa frase como um sorriso de um preso, não a presunção de um falastrão, mas de alguém que passou por todos os tipos de circunstâncias e que, mesmo na prisão, consegue se alegrar no Deus da sua salvação.
Filipenses é uma cidade importante, havia várias minas de ouro e prata, era uma cidade estrategicamente importante para questões militares, um ponto comercial importante. Então nós vamos ver um paralelismo entre a carta aos Filipenses e o Capítulo 16 de Atos Compare: 
👉🏿Filipenses x Atos 16 Como já vimos, a igreja de Filipenses começa com Paulo e Timóteo orando, depois encontram Lídia, uma senhora comerciante. Depois encontram uma serva que está possuída por espírito de adivinhação, e depois têm um encontro com um carcereiro romano. Então, dessas três famílias nasce uma igreja com um perfil simples:

👉🏿 uma senhora, 

👉🏿uma escrava

👉🏿  e um carcereiro romano.

 Essa é a identidade da igreja de Filipenses, uma igreja que precisa ser ministrada por uma alegria, sendo impactadas pela profunda obra que o Espírito Santo, que irá trazer uma felicidade sobrenatural incomparável na vida do apóstolo Paulo. Podemos ver humildade e gratidão, e então vemos que lágrimas podem andar juntas, de mãos dadas com alegria; lágrimas não são empecilhos para alegria ou felicidade cristã. E então nós vemos o desenvolvimento desse tema de alegria e unidade que não são destruídas por nenhum elemento humano. Retomando, o objetivo de Paulo em Colossenses é combater as heresias. Porque na cabeça de Colossenses eles pensam num Cristo ou um fantasma que não tinha corpo ou numa outra versão de um Cristo que só realmente habitou depois do batismo. Essas são duas heresias sobre quem é Cristo. Portanto, podemos dizer que essas cartas da prisão reforçam a identidade de Jesus, para que a igreja não caia nesses mitos e nessas falsas doutrinas sobre a pessoa de Jesus Cristo. 

CARTAS PASTORAIS

Depois então temos as cartas pastorais:👉🏿 I e II Timóteo👉🏿  e Tito. Nas cartas a Timóteo, Paulo tem essa preocupação mais pessoal, a ênfase eclesiológica de cuidar, e de como Timóteo vai estabelecer uma nova liderança. Paulo exorta Timóteo a cuidar mais de si mesmo. A grande questão de Timóteo é que todo esse sofrimento que o seu discipulador que Paulo sofre, isso funciona como um grande dilema, como um desafio para o próprio Timóteo, uma vez que a pessoa que o está ensinando está passando por diversas dificuldades. Então Paulo vai desenvolver logo no início do livro de Timóteo, que o plano da Redenção, a obra Redentora era propósito para trazer consolação nos corações. Paulo se sentia privilegiado por ser alguém que pregava o Evangelho. E ele então estimula a Timóteo a sofrer com ele como soldado de Jesus, para que esses sofrimentos e essas dificuldades não começassem a toma resmorece o coração de Timóteo, a fim de esmorece - lo e causar fraqueza na fé. Ao contrário, a intenção de Paulo era que Timóteo pudesse se sentir fortalecido, uma vez que seu sofrimento não é vão. A preocupação de Paulo com Timóteo, portanto, é que ele entenda o que existe por trás de toda a luta que está sendo travada em nome do Evangelho. A mesma relação de encorajamento nós podemos ver em Tito, quando Paulo está colocando as coisas em seu lugar a fim de que a igreja possa crescer de uma forma equilibrada, conhecendo os verdadeiros ensinamentos do Senhor. Encerramos aqui as cartas Paulinas 👉🏿as cartas missionárias, 👉🏿as cartas da prisão 👉🏿e as cartas pastorais. 

  Espero que elas possam te inspirar mais uma vez a se dedicar a esse Evangelho maravilhosos de Jesus Cristo.