segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Atos dos Apóstolos - Parte 1

           Atos  dos  Apóstolos Parte 1 
Neste  módulo  nós  vamos  passar  dar  início  ao  livro  de  Atos,  falando sobre  as  características  da  Igreja  Primitiva. Como  já  vimos  na  aula  anterior,  o  livro  de  Lucas  e  Atos  é  um segmento  único,  escrito  pelo  mesmo  autor:  Lucas.  O  eixo  principal de  seus  textos  tem  foco  nas  pessoas  sendo  cheias  do  Espírito Santo,  a  fim  de  cumprirem  seus  papéis  na  história.  Dessa  forma, identificamos  que,  como  Igreja,  precisamos  estar  cheios  do  Espírito Santo  para  cumprir  o  nosso  papel. O  livro  de  Atos  começa  com  a  seguinte  perspectiva: 
👉🏿a  ação  dos apóstolos,  
👉🏿a  ação  do  Espírito  e  também  
👉🏿a  ação  de  Jesus,  que continua  influenciando  e  dirigindo a  Igreja.  Esse  livro  marca  o surgimento  de  uma comunidade que hoje chamamos de Igreja,  uma comunidade  que  aceita  Jesus  Cristo  e  que  proclama  a  verdade  do Evangelho.  Começamos, então,  a identificar  alguns  aspectos  dessa comunidade  cristã. Antes  de  tudo,  vamos  entender  que  existiam  algumas  questões jurídicas  naquela  época.  Uma  delas  era  a  necessidade  de  12 testemunhas  para  poder  provar  algum  fato.  Portanto,  quando  12 apóstolos  são  selecionados,  a  intenção  de  Jesus  era  atestar  a veracidade  do  Evangelho  e  da Sua  ressurreição. No  Livro  de  Marcos  temos  o  kerigma  apostólico  que  é  a proclamação  dos  apóstolos  com  relação  ao  Evangelho.  Já  no kerigma  de  Pedro,  Jesus  realiza,  na  intervenção  do  Pai,  prodígios e sinais. E esse mesmo Jesus é morto na Cruz, revelando a toda humanidade como uma obra redentora, vence a morte, ressurge e ascende para sentar à direita de Deus. Ao chegarmos ao livro de Atos, encontramos esse mesmo kerigma apostólico. Vamos analisar algumas características de cada período desse livro:

 Introdução 

Atos 1:15 a Atos 2:1 A partir do versículo 1 ao 5 até chegar ao capítulo 2:1, encontramos todo o desenrolar da introdução do livro de Atos.

👉🏿Primeiro bloco 

Atos 2:2 a Atos 6:7,8 Nesse primeiro bloco, que vai até o capítulo 6:7,8, temos o nascimento da comunidade da Igreja. Tratase de uma comunidade pneumática, do Espírito Santo, humanitária, que busca o bem estar e age em favor dos membros dessa comunidade. É marcada pela proclamação da verdade do Evangelho e pela força desse testemunho. É importante observarmos que essa comunidade é essencialmente judaica. Portanto, essa primeira igreja que nasce, é composta de cristãos judeus, mostrando as características de judeus convertidos. 

👉🏿Segundo bloco 

Atos 6:9 a Atos 9:31 Até o capítulo 9:31 nós temos o segundo bloco, que retrata uma comunidade com um perfil diferenciado. Trata se de uma igreja que já não é mais essencialmente judaica. Já começam a vir elementos externos onde a força da tradição judaica deixa de ser tão determinante. Aos poucos começa a haver uma migração para uma comunidade onde o perfil racial do primeiro bloco já não é dominante.

 MARCAS DE PERSEGUIÇÃO DA IGREJA 

Logo no início da Igreja podemos observar uma marca de perseguição. Temos a Igreja de Cristo sofrendo alguns tipos diferentes de perseguição, por volta de 40 d.C.

 Vejamos quais são elas. 

👉🏿Perseguição diplomática

Nesse período de perseguição diplomática podemos perceber uma certa tolerância, ainda que em estado de vigia. A comunidade cristã é aceita, mas tem sobre ela uma atenção maior. Portanto, ainda que haja essa aceitação, ainda existe uma tentativa de controle, uma certa vigilância, um olhar mais atento e desconfiado. 

👉🏿Perseguição proibitiva 

A perseguição diplomática dá lugar a uma perseguição mais forte, que é a perseguição proibitiva. Aqui, os apóstolos são presos e proibidos de pregar o Evangelho; começam a ser coagidos, intimados a se calar. 

👉🏿Perseguição popular 

Este é o terceiro nível de perseguição, que é orquestrada pelos fariseus. Estes, passam a identificar os apóstolos como hereges e começam a perseguir essa comunidade que está nascendo. Inclusive, é dessa revolta popular que surge a morte de Tiago, o segundo crime realizado, após o crime do assassinato de Jesus. Tiago é perseguido e morto no período onde os fariseus orquestram uma verdadeira “caça às bruxas” na comunidade de Atos. Tudo isso acontece sob coordenação de Herodes. A tradição identifica ainda a morte de Pedro como consequência desse processo (mais ou menos 60 d.C.). Depois disso temos também a morte de Paulo.

  Portanto, trata se de um período na história onde esse fermento dos fariseus vai contagiar os romanos, que também passam a perseguir os apóstolos. 

OS PRIMEIROS ASPECTOS DO NASCIMENTO DA IGREJA

 A igreja nasce, então, como alternativa de excluir, porque ela começa a ser perseguida. O fato é que seus 300 primeiros anos são debaixo de perseguição. 

  A Igreja, portanto, não nasce com um núcleo social de fácil acesso.

Muito pelo contrário, ela nasce como uma contracultura, uma contramão, um gueto, uma alternativa àquela sociedade que paulatinamente cercava os apóstolos e todos aqueles que confessavam o nome de Cristo. 

POLÊMICAS NO LIVRO DE ATOS 

É importante observarmos um aspecto importante da Igreja de Atos, que é a forma como era organizada a sua liderança. Não é necessariamente uma hierarquia (embora essa se construa no decorrer do tempo). Trata se de uma liderança planificada onde temos uma diaconia. Surgem, então, os diáconos da Palavra e diáconos da mesa. Diácono é aquele que serve. Nós temos um episódio onde os apóstolos percebem que as funções estão se atropelando, e então chegam à conclusão de que não é bom deixarem a diaconia da Palavra pela diaconia da mesa. Os apóstolos entendiam que precisavam se dedicar à Palavra e à oração e, portanto, precisavam levantar homens que fosse cheios do Espírito Santo para a diaconia da mesa (servir a mesa). Essa diaconia consistia em realizar tarefas como: supervisionar, ajudar na organização da Igreja, abençoar a casa das viúvas e dos órfãos etc. Esses diáconos são homens, na maioria, de origem grega. Um deles é Estevão, que faz parte da primeira leva da diaconia da mesa. Muito se fala sobre a Igreja Primitiva, especulando como ela era. E alguns chegam a dizer que a Igreja Primitiva é uma Igreja que tende ao socialismo. No entanto, não existem referências com relação a isso. Precisamos entender a sua lógica.  A igreja de Atos é uma comunidade que se reúne em torno de Jesus Cristo e que reparte tudo segundo a necessidade de cada um. 

1ª ideia:  repartir, 
2ª idéia: necessidade: A ideia central da Igreja Primitiva consiste em: Se meu próximo tem uma necessidade, significa que eu tenho uma possibilidade, a igreja tem um dever. Para melhor entendimento, vamos fazer uma exemplificação. Imagine que uma pessoa tenha necessidade de 1000 (moedas). Eu tenho uma possibilidade de 100. A igreja, então, se organiza de acordo com as possibilidades de cada um, para que a necessidade seja cumprida. Isso não é um sistema político. É olhar Para nosso próximo e entender que ele é alvo de nossa compaixão.
Portanto, a Igreja Primitiva ajuda o próximo de acordo com a necessidade, e não com a possibilidade no sentido geral.
A possibilidade pessoal era respeitada, mas a necessidade não era desprezada. Não existe nenhum outro grupo que pense na necessidade com tanta compaixão e responsabilidade. Vemos nessa Igreja, a necessidade do próximo sendo atendida em uma medida real. Na Igreja Primitiva eles tinham tudo em comum: essa é a ideia de comunidade. O que tinham em comum é que a necessidade era suprida. Eles não eram proibidos de ter propriedades. A ideia é que eles resolviam a necessidade de uma forma coletiva sem destruir a individualidade. Esse é o segredo da Igreja Primitiva. Podemos ver que eles estavam tão cheios do Espírito Santo, que foram uma comunidade que quebrou o poder de Mamom, o deus da riqueza. E esse deus não teve vez na Igreja Primitiva porque a riqueza não esteve à frente da misericórdia e compaixão das pessoas. Temos então o primeiro mártir: Estêvão. Ele percebe o novo momento da história, que era vivida em volta de Jesus. Percebe que aquele sacrifício que entregavam no templo já não fazia tanto sentido. Ele passa, então, a anunciar essas verdades, e acaba sendo morto por isso, pois não aceitavam o que ele pregava sobre a nova Igreja. 

A Igreja Primitiva é aquela que persevera no partir do pão, na comunhão e na doutrina dos apóstolos. Eles perseveravam em comunhão, tendo tudo em comum no sentido de suprir a necessidade do próximo. Oravam juntos e perseveravam na doutrina = ensino. Ou seja, a Igreja perseverava no ensino dos apóstolos. Quando Jesus ensina a orar o pai nosso, a Igreja da época tinha uma marca. Já a Igreja Primitiva orava diferente, porque a própria Igreja já respondia o pão nosso. Um dos grandes milagres que eles têm de diferente é que o “pão nosso” era compartilhado pela própria Igreja. E a oração segue a vida numa direção de descobrir todas as profundidades da riqueza do nosso Senhor. Na próxima aula, falaremos sobre Pentecoste. Pentecoste = festa judaica instituída e que tinha que ser cumprida pelo povo. A origem do nome (penta) indica que a festa era realizada 50 dias depois da Páscoa. "Tratava se de festa da roça”, que celebrava a colheita, os primeiros frutos de uma “colheita". Portanto, era uma festa da agricultura que celebrava a fertilidade do campo, agradecendo a Deus pelos frutos dados. Na festa de Pentecoste temos duas informações importantes: Pentecoste acontece 50 dias depois da Páscoa. Pentecoste é uma festa agrícola celebrando que o Deus dos cristãos (que era o mesmo Deus de Israel) abençoou e a terra deu fruto. Mas, será que isso tem alguma coisa a ver com o Espírito Santo? É o que veremos na próxima aula. 

Nenhum comentário: