LIVRO DE MATEUS
Começa com uma genealogia pra nos situar na história. Essa analogia é como se fosse um mapa, ela nos localiza na História. O livro de Mateus é escrito para os judeus. Existe aquela preocupação de que o judeu conheça a vida de Jesus, para que ele possa fazer uma conexão entre o que ele aprendeu no torá e o que Jesus nos ensinou quando estava aqui. Trata-se de um livro didático, doutrinário, escrito para combater o farisaísmo, visando trazer o crescimento da igreja. Na mentalidade judaica nós temos o torá, que é identificado nos 5 primeiros livros da Bíblia. Além disso, temos a tradição oral que era muito forte na época. O livro de Mateus, então, vem para cumprir um objetivo: combater a tradição oral, que está incutida nos fariseus. E assim, esse Evangelho mostra que a lei faz todo o sentido (porque é de Deus), mas que essa tradição oral precisa ser quebrada, pois é justamente essa tradição que tem impedido que os fariseus e outras pessoas entrem no reino dos céus. Tradição oral é tudo aquilo que ouvimos de boca a boca. É todo o conhecimento que é transmitido de pai para filho, nosso conjunto de experiência. Portanto, não é somente o fariseu que tem uma tradição oral. O que Jesus questiona é a dependência que essas pessoas têm de se basear em suas experiências ou naquilo que é transmitido boca a boca. Ou seja, o povo não estava conseguindo conciliar experiência com o que está escrito na palavra. Quando baseamos nossa fé na experiência, a gente pode se perder. E Jesus está querendo minar essa tradição oral para que o cerne da lei seja novamente entendido. Não há problemas com as experiências, pois todos nós devemos ter nossas experiências com Deus. O problema é que chegou um momento em que as experiências passaram a ser um obstáculo para as pessoas poderem entender e viver o Evangelho. Vemos, então, no discurso de Jesus, a tentativa de mostrar a diferença que havia entre a tradição oral e a lei. E assim podemos dividir o livro de Mateus em um grupo de ensinamentos, textos, sermões. Se olharmos ao longo do livro, todas as histórias acontecem num período entre uma pregação e outra. É uma coletânea de sermões.
Sermão do Monte
No capítulo 5 Mateus, nós temos o Sermão do Monte, uma mensagem para ensinar o significado de felicidade, à luz da Bíblia. O monte, olhando pra geografia de Israel, faz parte do dia a dia, mas também era um lugar especial que contava a história da fé daquele povo, os cultos, os ancestrais, a lei. Era também um lugar pra se afastar do centro da cidade, um lugar de calma. E é esse lugar que Jesus escolhe para falar sobre as características do que é ser uma pessoa feliz, um bem - aventurado.
Vejamos quais são elas:
👉🏿 Pobres de espírito:
Essa palavra tem sido erroneamente mal interpretada e até mesmo evitada. Ninguém quer ser pobre de espírito. No entanto, Jesus nos diz que isso é felicidade. Mas, por quê? Porque o pobre de espírito enxerga o que ele tem falta. E porque ele enxerga isso, é também capaz de depender de Deus. Ele olha para si mesmo e enxergar suas limitações, por isso pode ir até a cruz. Mas observe que uma coisa é um pobre de espírito jejuando. Outra coisa é alguém que não é pobre de espírito fazendo o mesmo. O jejum é um ato de contrição de um pecador que reconhece seu estado de pecado, e está em busca de misericórdia. Assim sendo, o jejum na vida do pobre de espírito remete à ideia de que ele reconhece a sua condição de pecador e, por isso, busca misericórdia. Dessa forma, o jejum se torna uma auto percepção, uma conversa com Deus. Por outro lado, quando a pessoa não tem essa percepção, ela acredita que seja autossuficiente e, por isso, tem merecimento próprio de alcançar benefícios da parte de Deus. O pobre de espírito consegue entender muito bem a frase de Isaías quando ele recebe o chamado: “ai de mim que sou pecador”. E assim compreendemos que a experiência de santidade nunca começa com “ai de você”, começa com “ai de mim”.
👉🏿Fome e sede de justiça:
Aqui Jesus não está se referindo à justiça humana, mas à fome de justiça de Deus. E a justiça do Evangelho vem pela fé.
👉🏿Pacificadores:
Estes buscam a paz, são construtores de pontes, trazem a realidade da paz para a vida das pessoas. O tempo todo nós vivemos buscando felicidade. Por esse motivo, faz-se necessário que nos concentremos sobre o que Jesus nos ensina sobre as bem-aventuranças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário