domingo, 17 de novembro de 2019

Palestina nos Tempos de Jesus Parte 3

 Essa  aula  fala  sobre  os  personagens  que  se  ambientavam  no cenário  da  época  de  Jesus.  Nesse  período  havia  alguns  grupos distintos,  com  características  peculiares.  São  esses  grupos  o  objeto de  estudo  desse  capítulo. 

Os  fariseus 

O primeiro  grupo  que  vamos  falar  é  o  grupo  dos  fariseus.  Trata se de  um  grupo  que  nos  chama  a  atenção  por  conta  da  conotação negativa  que  esse  povo  carrega  no  nome,  até  mesmo  por  conta  de Jesus tê-los chamado  de  sepulcros  caiados. No  entanto,  nem  todos  os  aspectos  desse  povo  são  negativos. Nesse  capítulo,  nós  iremos  entender  que  o  problema  dos  fariseus consistia  em  não  compreender  a  mensagem  do  evangelho. Mas,  antes,  vamos  conhecer  o  contexto da  época.

Helenização

Tratato   se  de  um termo usado para  descrever  a  difusão  da  cultura  da Grécia  Antiga.  Isso  significa  que  quando  os  gregos  entram  na história,  essa  difusão  se  torna  muito  forte.  Dessa  forma,  os  gregos pensam em conquistar  o  mundo a través  das  artes,  esportes etc. O desejo dos  gregos  era  imprimir  uma  filosofia  de  vida  nas  pessoas. Chegavam  a  colocar  seus  missionários  para  tentar  fazer  uma lavagem  cerebral  para  que  todos  daquela  época pensassem  como  eles.  Assim sendo,  a  helenização  se  tornou  muito  forte  em  todo  o  mundo. É  nesse  cenário  que  entram  os  fariseus,  que  se  opuseram  a  essa ideia.  Eles  simplesmente  se  recusam  a  pensar  como  os  gregos, pois  queriam  manter  a  postura  de  ser  um  povo  que  tem  uma  aliança com  Yaveh. E  é  dessa  forma  que  eles  passam  a  lutar,  não  somente  com  os gregos,  mas  com  os  próprios  judeus  que  acataram  essa  ideia.  Os fariseus  têm  então  uma  tarefa  muito  difícil,  que  é  não  se contaminar. A  origem  do  nome “fariseu”  vem do  latim,  “pharisaeus”,  que  sifnifica: “separado”.  Da  mesma  forma,  quando  falamos  em  santidade,  seu significado  é  o  mesmo.  Assim,  santo  é  aquele  que  é  separado,  e  as duas  ideias  estão  apontando  para  a  mesma  direção:  ser  separdo do mundo  e  não  resistir. Portanto,  o  fariseu  é  alguém  que  quer,  do  eu  jeito,  ser  santoTrata se  de  um  grupo  que  não  quer  ser  engolido  pelo  sistema,  mas  está o  tempo todo  tentando  sobreviver,  sendo  ele  mesmo. Quando  lemos  o  livro  de  Isaías,  vemos  que  ele  fala  de  um  povo remanescente,  que  sobreviveu  à  apostasia  e  à  idolatria,  e  que sofreu  diversos  traumas,  permanecendo  como  um  remanescente fiel.  Esse  povo  a  quem  Isaías  se  refere  é  o  fariseu. Compreendemos,  então,  que  o  fariseu  não  é  um  povo  qualquer, que  viveu  de  qualquer  forma.  Ele  é  alguém  que  vem  de  um  trajeto de vida diferente, buscando viver de uma forma diferente do mundo. Portanto, a ideia do fariseu é de alguém que está tentando viver separado de um padrão contaminado de viver, de um padrão que ele entende que não seja o certo. Para entendermos melhor o perfil do fariseu, a história fala de Antíoco, que cometeu uma abominação em lugar sagrado: colocou um porco sobre o altar. Uma atitude dessas é inadmissível para um fariseu, que é quem se posiciona, que não fica em cima do muro. Assim sendo, o fariseu é alguém que quer ser uma pessoa melhor. Mas há um porém: nessa tentativa de ser alguém melhor, ele acaba se tornando alguém pior. Não seria essa uma característica de muitos de nós? Quando olhamos para as religiões, vemos que cada uma tem o seu caminho para ir para o céu. O judeu, por exemplo, acha que é merecedor da salvação por ter sido fiel à lei. E assim vemos que todas as religiões possuem um mesmo padrão: acham que estão habilitados a ir para o céu por causa da obediência. Em contrapartida, o cristianismo defende que o cristão vai para o céu simplesmente pela graça de Jesus. Ele reconhece sua incapacidade de obedecer, de fazer as coisas por ele mesmo que lhe desse direito à salvação. O teólogo Jonathan Edwards diz que todas as nossas tentativas, como seres humanos, são incapazes de nos manter longe do inferno, na mesma medida que uma teia de aranha conseguiria suportar a queda de uma pedra. Ou seja, todas as nossas obras de justiça são totalmente incapazes de nos tirar do inferno. Mas também vimos essa afirmação no livro de Isaías, ao dizer que “todas as nossas obras de justiça não passam de trapos de imundície”.

E onde fica o fariseu? Ele é aquele que acredita que sua salvação acontece por causa de seus atos. Acredita que se for suficientemente bom, ele terá a salvação. Mas Jesus não nos ensina isso. E era justamente esse o embate de Jesus contra o fariseu: mostrar que eles não entenderam a lei como deveria, uma vez que a essência da lei é o próprio amor e a própria graça. Mas o que o fariseu faz para se manter distante do mundo? Ele começa a criar um acúmulo de regras, com a ilusão de que, se ele seguir tais regras em obediência, conseguirá agradar a Deus. Mas esses costumes se desenvolvem de tal forma que ele garante a essência de ser judeu, mas a paixão interior é substituída por um comportamento exterior. E assim, a santidade do fariseu é baseada na sua justiça, naquilo que ele acredita que seja certo. E então ele cria regras para tudo: para não se contaminar, para não errar etc. Mas ele faz tanta força para não ser um pecador e não se contaminar, que cria uma camada rígida ao seu redor. E então vemos que toda a tentativa de viver uma vida diferente está no seu exterior; o interior continua intacto. A Bíblia chega a dizer que o fariseu é aquele que tem zelo, paixão zelosa, mas não tem entendimento. Portanto, o embate de Jesus com o fariseu é para que ele compreenda que ainda não entendeu o caminho. A parábola do filho pródigo. No cenário em que Jesus ensinava essa parábola, encontramos dois grupos distintos: de um lado os fariseus, de outro, os publicanos. E de acordo com a parábola, o fariseu é o protótipo do irmão mais velho: está em casa, perto do pai, mas não tem intimidade com ele. Portanto, existe uma tendência de se perder quando está querendo se achar. Um bom exemplo que temos é o apóstolo Paulo, antes de sua conversão. Ele não poderia ser considerado uma pessoa falsa, pois tinha um excesso de zelo pela igreja, que fazia com que ele agisse da forma como agia. Ele é o melhor que a sociedade daquele tempo produzia: alguém que estava levando a vida a sério. O fariseu é também aquele que conheceu muito bem o preço da idolatria e não quer voltar aos mesmos erros ele não quer regredir. Outra característica é que ele tem uma ênfase na lei oral, se importando muito mais com o que vem sendo dito boca a boca em detrimento daquilo que está escrito. Ele conhece muito bem a lei, mas começa a escrever uma série de documentos para explicar essa lei. E então ele escreve textos e mais textos, tendo que explicá los oralmente. E dessa forma ele começa a dar ênfase ao que está sendo dito, muitas vezes deixando de lado o texto bíblico. Essa atitude não é diferente dos cristãos de hoje, quando parte da nossa fé tem base no que a gente ouve, e não necessariamente ao que está escrito. E assim é o povo fariseu: acredita em anjos, ressurreição. Tem consciência da providência divina e de que Deus está no controle das coisas. Portanto, eles eram pessoas como nós. A maioria, inclusive, simples. Ao lado deles temos um segundo grupo que são os saduceus.

Os  saduceus 

Ao contrário dos fariseus, a maioria dos saduceus era de ricos e poderosos. Nessa época, os sumos sacerdotes eram todos saduceus. Eles faziam acordos políticos e econômicos o tempo todo. Viviam um padrão de vida significantemente maior do que os compatriotas. E, se de um lado o fariseu queria ser alguém melhor, de outro lado o saduceu queria privilégios. Eles compravam cargos de sumo sacerdote. Uma atitude diferente dos dias de hoje? Existe em nosso tempo pessoas como fariseus e saduceus. E Jesus ainda fala conosco da mesma forma que falava antigamente. Os saduceus acreditavam numa vontade livre, mas não acreditavam na ressurreição. Só queriam privilégios. É o primeiro grupo que cai na revolta de 66 a 70, na destruição do templo de Jerusalém, e não sobrevive. 

Os essênios 

Esses, não engoliam o sistema. Percebiam toda a corrupção dos saduceus, tinham uma percepção de que a vida religiosa havia tomado um rumo diferente. Boa parte dos manuscritos que tempos nós devemos aos essênios. Eles se negavam a fazer parte do sistema religioso. No entanto, Jesus veio e eles estavam tão concentrados em fugir do sistema que não enxergaram a Sua vinda; sequer notaram Jesus, que esteve o tempo todo no meio deles. 

Os Zelotes

Eram uma facção dentre dos fariseus; queriam briga. Os zelotes queriam pegar nas armas, conquistar o Império Romano, ansiavam por uma revolução política. Simão, um dos apóstolos, fazia parte desse grupo. Na nossa atualidade, os zelotes são aqueles que tende a ser agressivos demais em face das diferenças. Em vez de misericórdia, agem como um rolo compressor. São intolerantes. 

Conclusão 

Podemos observar que cada um desses personagens se parece um pouco conosco. O fariseu era alguém que queria ser melhor, o saduceu queria ter privilégios. Os essênios tinham uma percepção muito desenvolvida, entendendo a corrupção do sistema e sem querer fazer parte. Os zelotes queriam resolver tudo na força. No entanto, Jesus fala com cada um deles, mostrando todos os seus erros com íntima compaixão. Da mesma forma, ao lermos o texto bíblico, que possamos entender tudo aquilo o que Jesus está falando conosco. 

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