Essa aula fala sobre os personagens que se ambientavam no cenário da época de Jesus. Nesse período havia alguns grupos distintos, com características peculiares. São esses grupos o objeto de estudo desse capítulo.
Os fariseus
O primeiro grupo que vamos falar é o grupo dos fariseus. Trata se de um grupo que nos chama a atenção por conta da conotação negativa que esse povo carrega no nome, até mesmo por conta de Jesus tê-los chamado de sepulcros caiados. No entanto, nem todos os aspectos desse povo são negativos. Nesse capítulo, nós iremos entender que o problema dos fariseus consistia em não compreender a mensagem do evangelho. Mas, antes, vamos conhecer o contexto da época.
Helenização
Tratato se de um termo usado para descrever a difusão da cultura da Grécia Antiga. Isso significa que quando os gregos entram na história, essa difusão se torna muito forte. Dessa forma, os gregos pensam em conquistar o mundo a través das artes, esportes etc. O desejo dos gregos era imprimir uma filosofia de vida nas pessoas. Chegavam a colocar seus missionários para tentar fazer uma lavagem cerebral para que todos daquela época pensassem como eles. Assim sendo, a helenização se tornou muito forte em todo o mundo. É nesse cenário que entram os fariseus, que se opuseram a essa ideia. Eles simplesmente se recusam a pensar como os gregos, pois queriam manter a postura de ser um povo que tem uma aliança com Yaveh. E é dessa forma que eles passam a lutar, não somente com os gregos, mas com os próprios judeus que acataram essa ideia. Os fariseus têm então uma tarefa muito difícil, que é não se contaminar. A origem do nome “fariseu” vem do latim, “pharisaeus”, que sifnifica: “separado”. Da mesma forma, quando falamos em santidade, seu significado é o mesmo. Assim, santo é aquele que é separado, e as duas ideias estão apontando para a mesma direção: ser separdo do mundo e não resistir. Portanto, o fariseu é alguém que quer, do eu jeito, ser santo. Trata se de um grupo que não quer ser engolido pelo sistema, mas está o tempo todo tentando sobreviver, sendo ele mesmo. Quando lemos o livro de Isaías, vemos que ele fala de um povo remanescente, que sobreviveu à apostasia e à idolatria, e que sofreu diversos traumas, permanecendo como um remanescente fiel. Esse povo a quem Isaías se refere é o fariseu. Compreendemos, então, que o fariseu não é um povo qualquer, que viveu de qualquer forma. Ele é alguém que vem de um trajeto de vida diferente, buscando viver de uma forma diferente do mundo. Portanto, a ideia do fariseu é de alguém que está tentando viver separado de um padrão contaminado de viver, de um padrão que ele entende que não seja o certo. Para entendermos melhor o perfil do fariseu, a história fala de Antíoco, que cometeu uma abominação em lugar sagrado: colocou um porco sobre o altar. Uma atitude dessas é inadmissível para um fariseu, que é quem se posiciona, que não fica em cima do muro. Assim sendo, o fariseu é alguém que quer ser uma pessoa melhor. Mas há um porém: nessa tentativa de ser alguém melhor, ele acaba se tornando alguém pior. Não seria essa uma característica de muitos de nós? Quando olhamos para as religiões, vemos que cada uma tem o seu caminho para ir para o céu. O judeu, por exemplo, acha que é merecedor da salvação por ter sido fiel à lei. E assim vemos que todas as religiões possuem um mesmo padrão: acham que estão habilitados a ir para o céu por causa da obediência. Em contrapartida, o cristianismo defende que o cristão vai para o céu simplesmente pela graça de Jesus. Ele reconhece sua incapacidade de obedecer, de fazer as coisas por ele mesmo que lhe desse direito à salvação. O teólogo Jonathan Edwards diz que todas as nossas tentativas, como seres humanos, são incapazes de nos manter longe do inferno, na mesma medida que uma teia de aranha conseguiria suportar a queda de uma pedra. Ou seja, todas as nossas obras de justiça são totalmente incapazes de nos tirar do inferno. Mas também vimos essa afirmação no livro de Isaías, ao dizer que “todas as nossas obras de justiça não passam de trapos de imundície”.
E onde fica o fariseu? Ele é aquele que acredita que sua salvação acontece por causa de seus atos. Acredita que se for suficientemente bom, ele terá a salvação. Mas Jesus não nos ensina isso. E era justamente esse o embate de Jesus contra o fariseu: mostrar que eles não entenderam a lei como deveria, uma vez que a essência da lei é o próprio amor e a própria graça. Mas o que o fariseu faz para se manter distante do mundo? Ele começa a criar um acúmulo de regras, com a ilusão de que, se ele seguir tais regras em obediência, conseguirá agradar a Deus. Mas esses costumes se desenvolvem de tal forma que ele garante a essência de ser judeu, mas a paixão interior é substituída por um comportamento exterior. E assim, a santidade do fariseu é baseada na sua justiça, naquilo que ele acredita que seja certo. E então ele cria regras para tudo: para não se contaminar, para não errar etc. Mas ele faz tanta força para não ser um pecador e não se contaminar, que cria uma camada rígida ao seu redor. E então vemos que toda a tentativa de viver uma vida diferente está no seu exterior; o interior continua intacto. A Bíblia chega a dizer que o fariseu é aquele que tem zelo, paixão zelosa, mas não tem entendimento. Portanto, o embate de Jesus com o fariseu é para que ele compreenda que ainda não entendeu o caminho. A parábola do filho pródigo. No cenário em que Jesus ensinava essa parábola, encontramos dois grupos distintos: de um lado os fariseus, de outro, os publicanos. E de acordo com a parábola, o fariseu é o protótipo do irmão mais velho: está em casa, perto do pai, mas não tem intimidade com ele. Portanto, existe uma tendência de se perder quando está querendo se achar. Um bom exemplo que temos é o apóstolo Paulo, antes de sua conversão. Ele não poderia ser considerado uma pessoa falsa, pois tinha um excesso de zelo pela igreja, que fazia com que ele agisse da forma como agia. Ele é o melhor que a sociedade daquele tempo produzia: alguém que estava levando a vida a sério. O fariseu é também aquele que conheceu muito bem o preço da idolatria e não quer voltar aos mesmos erros ele não quer regredir. Outra característica é que ele tem uma ênfase na lei oral, se importando muito mais com o que vem sendo dito boca a boca em detrimento daquilo que está escrito. Ele conhece muito bem a lei, mas começa a escrever uma série de documentos para explicar essa lei. E então ele escreve textos e mais textos, tendo que explicá los oralmente. E dessa forma ele começa a dar ênfase ao que está sendo dito, muitas vezes deixando de lado o texto bíblico. Essa atitude não é diferente dos cristãos de hoje, quando parte da nossa fé tem base no que a gente ouve, e não necessariamente ao que está escrito. E assim é o povo fariseu: acredita em anjos, ressurreição. Tem consciência da providência divina e de que Deus está no controle das coisas. Portanto, eles eram pessoas como nós. A maioria, inclusive, simples. Ao lado deles temos um segundo grupo que são os saduceus.
Os saduceus
Ao contrário dos fariseus, a maioria dos saduceus era de ricos e poderosos. Nessa época, os sumos sacerdotes eram todos saduceus. Eles faziam acordos políticos e econômicos o tempo todo. Viviam um padrão de vida significantemente maior do que os compatriotas. E, se de um lado o fariseu queria ser alguém melhor, de outro lado o saduceu queria privilégios. Eles compravam cargos de sumo sacerdote. Uma atitude diferente dos dias de hoje? Existe em nosso tempo pessoas como fariseus e saduceus. E Jesus ainda fala conosco da mesma forma que falava antigamente. Os saduceus acreditavam numa vontade livre, mas não acreditavam na ressurreição. Só queriam privilégios. É o primeiro grupo que cai na revolta de 66 a 70, na destruição do templo de Jerusalém, e não sobrevive.
Os essênios
Esses, não engoliam o sistema. Percebiam toda a corrupção dos saduceus, tinham uma percepção de que a vida religiosa havia tomado um rumo diferente. Boa parte dos manuscritos que tempos nós devemos aos essênios. Eles se negavam a fazer parte do sistema religioso. No entanto, Jesus veio e eles estavam tão concentrados em fugir do sistema que não enxergaram a Sua vinda; sequer notaram Jesus, que esteve o tempo todo no meio deles.
Os Zelotes
Eram uma facção dentre dos fariseus; queriam briga. Os zelotes queriam pegar nas armas, conquistar o Império Romano, ansiavam por uma revolução política. Simão, um dos apóstolos, fazia parte desse grupo. Na nossa atualidade, os zelotes são aqueles que tende a ser agressivos demais em face das diferenças. Em vez de misericórdia, agem como um rolo compressor. São intolerantes.
Conclusão
Podemos observar que cada um desses personagens se parece um pouco conosco. O fariseu era alguém que queria ser melhor, o saduceu queria ter privilégios. Os essênios tinham uma percepção muito desenvolvida, entendendo a corrupção do sistema e sem querer fazer parte. Os zelotes queriam resolver tudo na força. No entanto, Jesus fala com cada um deles, mostrando todos os seus erros com íntima compaixão. Da mesma forma, ao lermos o texto bíblico, que possamos entender tudo aquilo o que Jesus está falando conosco.
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