sábado, 30 de novembro de 2019

Epístola aos hebreus - Parte 2

Recapitulando o que vimos na primeira parte deste módulo, o livro de Hebreus nos traz uma reflexão de não olharmos para trás, mostrando também que Jesus Cristo é superior aos anjos ou qualquer outro homem. “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Hebreus 4:14-16

Existe uma ilustração feita por Ed René esclarecendo sobre essa questão do “tempo oportuno” mencionado no versículo 16. Muitas vezes nós confundimos esse tempo oportuno como sendo um tempo em que surge alguma necessidade, fazendo com que venhamos a procurar a Deus, que supre a nossa necessidade. Mas se nós compreendermos o contexto de Hebreus, vamos perceber que ele está apontando para outra direção. Na parte anterior do texto existe uma narrativa do que aconteceu com o povo que saiu da Terra Prometida, e essa primeira geração se perde pela incredulidade e porque, em algum momento, a fé não foi suficiente para que eles continuassem a sua caminhada. Então, segundo René, o tempo oportuno é um tempo onde a nossa fé está correndo o risco de ser esmagada e pulverizada pelas circunstâncias. O momento oportuno que nós lemos é o momento onde a violência do dia a dia entra em choque com a nossa alma, nos deixando em uma situação embaraçosa e nos levando a repensar. E o que o escritor de Hebreus está nos dizendo é que no tempo oportuno - esse momento em que a nossa fé está correndo o risco de ser achatada, quando parece não haver mais tempo para depois – é que devemos buscar o Trono da Graça. Ele diz ainda que no Trono da Graça podemos encontrar misericórdia, a fim de não morrermos no deserto, como aquela geração morreu.
Então é nesse tempo em que estamos correndo um sério risco, que devemos buscar, com confiança, ao Trono da Graça, a fim de encontrarmos misericórdia para continuar o nosso caminho. E isso tem tudo a ver com o sacerdócio de Melquisedeque, pois é o sumo sacerdote Jesus Cristo quem ajuda a fazer essa mediação no Trono da Graça; é Ele o dono da misericórdia. Ainda no capítulo 7 ele faz uma referência ao livro de Gênesis 14.
Compare: Hebreus 7 x Gênesis 14 x Salmos 110:4 
 O escritor de Hebreus sempre faz uma comparação com o Antigo Testamento para converter as pessoas que estão enfrentando esse tempo oportuno, usando um argumento lógico: Quem é Melquisedeque? Essa figura misteriosa é alguém que está fazendo essa mediação Então vemos em Hebreus 7:6 Abraão encontrando Melquisedeque. E assim temos a ideia de que o maior abençoa o menor. No texto temos Melquisedeque abençoando Abraão, mostrando que existe alguém que está acima dele. Existe alguém que está acima de toda lei de Moisés e esse alguém é tipificado pela figura desse sumo sacerdote chamado Melquisedeque. Se pensarmos em uma hierarquia, temos: Melquisedeque – maior do que Abraão Abraão – pai de Levi; pai do povo Levi – vem da descendência de Abraão; pai do sacerdote e Sacerdotes.
O  livro  de  Hebreus,  então,  está  enfatizando  a  ideia  de  que  existe alguém  que  seja  maior  do  que  tudo  isso.  Melquisedeque  é  maior do  que  Abrão,  o  pai  da  fé,  alvo  da  promessa,  pai  da  promessa;  é maior  do  que  Levi,  o  pai  do  sacerdote;  é  também  maior  do  que  o sacerdote.  Portanto,  é  Melquisedeque  quem  está  abençoando Abraão,  e  não  o  contrário.  O  texto  nos  fala  que  Abraão  está  vindo de  uma  guerra  trazendo  os  despojos,  e  ele  vai  atrás  de Melquisedeque  para trazer o  dízimo. Outra  informação  importante  com  relação  ao  que  vemos  nas menções  do  dízimo,  é  que  o  livro  de  Hebreus  deixa  claro  que  o dizimo  é  anterior  à  lei,  ou  seja,  ele  veio  antes  de  a  lei  existir. Portanto,  ele  não  está  simplesmente  limitado  à  questão  da  lei. Porque  muitos  argumentam  que  a  lei  foi  superada  pela  nova aliança,  então  não  temos  mais  necessidade  de dizimar.  Embora tenha  sido  organizada  nesse  tempo  de  Moisés,  o  dízimo  é  uma realidade  que  a  já  existe  desde  os  patriarcas.  É  uma  realidade anterior  à  lei e  ela  sobrevive  até  mesmo  depois dela (esse argumento sobre o dízimo no novo testamento é subjetivo). 

É importante que a gente faça uma consideração. Quando pensamos nesse sacerdócio de alguém que é superior a Abraão, de alguém que é superior a Levi, que é superior sacerdote, então, ao olharmos para Melquisedeque, imaginamos que agora temos que olhar para o futuro, para essa Nova Aliança que temos em Jesus. Porque é só Jesus que vai dar conta de fazer essa mediação, nesse tempo oportuno. Abraão não vai conseguir fazer isso, Levi não vai conseguir, tampouco o sacerdote. Jesus é esse mediador que, no tempo oportuno, nos ajuda a ir em frente é alcançar misericórdia. Voltar atrás é deixar a mediação de Jesus para retomar a mediação e as figuras simbólicas. Em nosso meio evangélico, temos um movimento de voltar para o passado para resgatar alguns símbolos. Cuidado, se nós entendemos que Jesus é a revelação plena, temos que olhar para frente. Jesus é o que temos de mais perfeito em termos de revelação da parte de Deus, e precisamos tomar cuidado ao olhar para trás. Precisamos tomar cuidado para retornar os símbolos que têm menor poder importância e menor capacidade de nos ajudar no momento que precisamos encontrar misericórdia no tempo oportuno. 

Capítulo 8

 Neste capítulo vamos encontrar uma afirmação muito forte. Vejamos. 
estamos dizendo, é este: Temos um sumo sacerdote tal, que se assentou nos céus à direita do trono da Majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem. Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que esse sumo sacerdote também tivesse alguma coisa que oferecer. Ora, se ele estivesse na terra, nem seria sacerdote, havendo já os que oferecem dons segundo a lei, os quais servem àquilo que é figura e sombra das coisas celestiais, como Moisés foi divinamente avisado, quando estava para construir o tabernáculo; porque lhe foi dito: Olha, faze conforme o modelo que no monte se te mostrou. Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas.” Hebreus 8:1-6 

A primeira afirmação que encontramos no versículo 6 é que a aliança que Jesus está trazendo é uma aliança superior. Significa que a aliança que existia no Antigo Testamento com o povo agora encontra uma aliança que é superior em valor, em significado, em possibilidades com seu povo. E nessa aliança do Novo Testamento nós começamos a perceber uma outra realidade. A segunda afirmação está no versículo 7, pois se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, nunca teria buscado lugar para uma segunda. Mas então, será que a primeira aliança tinha defeito? A questão é que ela era inconclusiva, temporária, e o que estamos buscando é uma aliança que seja superior. Se a antiga fosse tão perfeita e sem Retoques, como povo judeu pensava, para que seria preciso uma segunda? Então o argumento de Hebreus para as pessoas que estão pensando em desistir é que a aliança que eles viveram, por mais que tenha sido uma aliança importante, agora dá lugar para uma aliança que é superior, que aperfeiçoada, que vai, enfim, atingir o objetivo. 

Comparando as alianças, podemos diferenciar essa questão de defeito e superioridade nos versículos 6 e 7.   

(1)Primeira aliança - (2)segunda aliança 

(1)O sacerdote é um homem -
(2)O sacerdote é um Rei. 

(1)A oferta são animais-
(2)A oferta é o próprio sacerdote. 

(1)DNA-
(2)Fé, conversão. 

(1)Circuncisão-
(2) fé e batismo. 

(1)Obediência à lei-
(2)A lei dentro do homem (?). 

 (1)Sacrifício era anual - 
(2)Sacrifício definitivo. 

(1)Páscoa -
 (2)Ceia

(1)Sábado - 
(2)Domingo

Se formos então comparar a primeira com a segunda aliança, podemos perceber uma distinção muito grande. O que se exigia na primeira aliança não é exatamente o que se exige na segunda. Na primeira aliança temos um sacerdote que era homem, que precisa, inclusive, entregar oferta pelos seus próprios pecados. Já na segunda aliança o sacerdote é um Rei, o Rei dos reis, Senhor dos senhores. Na primeira aliança temos as ofertas que eram feitas com os animais; na segunda, a oferta era o próprio sacerdote, da ordem de Melquisedeque, Jesus Cristo. O Antigo Testamento já mostrava que essa primeira aliança não ia dar conta, e isso vemos no livro de Jeremias quando ele afirma que Deus agora escreve a lei no coração e na mente do Povo, não mais nas tábuas da lei, nas tábuas de pedra. Ele fala ainda que Deus faria uma Nova Aliança, onde a lei estaria do lado de dentro e não de fora, de uma tal forma, que ninguém iria precisar falar para as gerações vindouras quem era Deus, porque essas pessoas já iriam saber quem era Deus. Porque nessa Nova Aliança que Jeremias está profetizando, a lei está gravada no coração, dentro de nós. Quem faz parte dessa primeira aliança é uma questão de genética familiar, de linhagem, é o DNA que define quem está dentro e quem está fora. Quem define a segunda aliança é a fé, a conversão. Nessa primeira temos um símbolo da circuncisão, um símbolo daquilo que Deus haveria de fazer no coração das pessoas. Já na segunda aliança nós temos essa “cirurgia” que acontece no coração do convertido, que é essa regeneração que o Espírito Santo faz em nossa vida. A primeira e a segunda alianças são separadas por um abismo. E o que se requer dessa aliança? Na primeira o povo de Deus tem que obedecer para fazer parte. E então as pessoas se esforçam em obedecer para não ficarem de fora. Mas Paulo fala no livro de Romanos que ninguém consegue cumprir a lei perfeitamente. Tanto isso é verdade, que podemos ver no Antigo Testamento o povo fracassando nessa tentativa de tentar obedecer. E por que precisamos de uma Nova Aliança? Porque fica evidente, ao longo do Antigo Testamento, que o povo fracassou em obedecer, em permanecer no seu acordo com Deus. Porque na antiga aliança, a parte do povo era obedecer, a parte de Deus era dar proteção, e cumprir a promessa de lhes dar uma terra especial. O que fica visível, então, é capacidade que o povo de Deus tinha de obedecer, apesar da circuncisão, apesar da lei, apesar dos sacerdotes e dos sacrifícios. Então essa Nova Aliança é importante, porque agora a lei está escrita do lado de dentro do coração nosso coração, que está regenerado, existe a conversão. Então agora temos um Israel espiritual, que é a própria Igreja de Jesus Cristo. Nessa Nova Aliança a obediência não é o que está trazendo aqui, porque nós estamos dentro dessa Aliança por conta da obediência do próprio Jesus Cristo. O que nos garante como parte da Nova Aliança, portanto, é que Cristo obedeceu até a morte, e morte de cruz. E porque Ele obedeceu perfeitamente - porque a justiça é perfeita -, ele cumpriu o que nenhum homem jamais conseguiu cumprir. Então, baseado na obediência de Cristo, eu me alegro e me regozijo, porque agora é pelo sangue do Cordeiro e pelo Seu sacrifício que eu posso fazer parte de uma Nova Aliança. Essa possibilidade foi garantida pelo meu Sumo Sacerdote. A obediência agora é uma é um segundo passo. Agora que estamos na Nova Aliança, se começarmos a viver de qualquer forma, termos que repensar se realmente estamos fazendo parte dela. Porque, como profetizou Jeremias, a quem faz parte dessa Nova Aliança, a lei tá escrito do lado de dentro. Por mais que saibamos que a nossa obediência é tão limitada como a obediência do povo da antiga aliança, existe prazer em buscar a Deus. Então, se conseguimos viver de qualquer jeito e ir atrás de qualquer coisa, isso significa que o nosso coração não clama por aquilo que é justo e certo. Portanto, precisamos repensar se somos cidadãos dessa Nova Aliança. Porque a Bíblia vai começar a nos explicar que esse Segundo Pacto é um pacto que muda a nossa essência e a forma de enxergarmos a vida: somos cidadãos de um reino espiritual. Na primeira aliança, o sacrifício era feito anualmente. Todo ano o povo entrava nesse ritual, rememorando os pecados, cumprindo um protocolo onde cada ano o sumo sacerdote ia até o Santo dos santos oferecer o sacrifício para perdão dos pecados. Já na Nova Aliança existe uma afirmação poderosa, em que Deus simplesmente não se lembra mais dos nossos pecados. Isso signifique que esses pecados não precisam mais ser rememorados ano após ano, mas agora, de uma forma definitiva, fomos separados do nosso pecado, assim como o ocidente está separado do oriente. Temos o sacrifício perfeito, pelo Sacerdote perfeito. Outro ponto que podemos observar é que na primeira aliança existia a festa da Páscoa. Na segunda nós temos a Ceia, que é mais íntima, tem uma profundidade, lembra da última Ceia de Jesus Cristo e abriga elementos que trazem com maior clareza o Seu sacrifício. A primeira aliança fala, de uma forma geral, o que acontece na segunda. Porém, ela fala de uma forma temporária, onde também vemos o fracasso do homem (em obedecer). Na segunda nós temos o sucesso de Jesus Cristo, que é onde nos baseamos. O crente é aquele que se baseia na capacidade que o nosso Senhor teve de obedecer, se submeter e cumprir com seu propósito. Ou seja, o crente não é aquele que alcança a graça pela sua própria obediência, mas esta deve ser voltada a Cristo, o nosso modelo de fé e entrega. Fica então visível a perfeição do Cordeiro que nos chama para fazer parte dessa Nova Aliança. Temos ainda uma diferença entre a primeira e a segunda aliança onde, na primeira, vemos muito essa questão do sábado, que significa o descanso, baseado na criação – Deus descansou no sétimo dia. Já na Nova Aliança, o nosso descanso é com base na ressurreição de Jesus Cristo. Porque Ele ressurgiu, porque Ele voltou dos mortos, porque Ele voltou da morte, então agora o nosso descanso é de quem sabe que a morte foi vencida, e baseado em redenção. Em Hebreus 8:13 o texto diz que, uma vez tendo surgido uma Nova Aliança, isso significa que a antiga está se tornando inadequada, antiquada e obsoleta, incapaz de organizar a relação entre Deus e os homens.   
Além disso, na primeira aliança o homem receberia uma terra da parte de Deus. Na segunda, o homem recebe a eternidade, a paternidade de Deus e a filiação por intermedeio de Jesus Cristo. Na primeira aliança o homem só poderia fazer parte por meio de sua própria obediência. Na segunda, o homem faz parte por causa da obediência de Jesus Cristo, por uma questão de graça; por consequência, nossa obediência entra fundamentalmente baseada em gratidão e consciência de que uma Aliança Superior foi escrita em nossos corações. A primeira aliança é precária, cumpre um objetivo, mas não dá para o homem tudo que Deus deseja. Então ela é limitada, seu sentido de “defeito” tem a ver com essa ideia de limitação. A segunda aliança revela toda sorte de bênçãos que o Senhor do Universo deseja para o seu povo. Então, quando paramos para fazer esse contraste, fica evidente, na primeira aliança, as tábuas de pedra; na segunda aliança temos o que está escrito nas tábuas do nosso coração. Na primeira temos os sacrifícios de animais, na segunda temos o sacrifício do Cordeiro Santo. 

Capítulo 9

 Neste capítulo o autor começa a desenrolar sobre os rituais antigos, sobre o Tabernáculo. Todo esse livro é sempre construído em cima de comparações: Jesus com anjos, Jesus com Moisés, Jesus com os antigos sacerdotes, antiga e nova lei. Agora, no capítulo 9, nós temos uma comparação entre os rituais, os tipos de culto que existiam na antiga e na nova aliança, em uma perspectiva da diferença entre o primeiro e o segundo Tabernáculo. No antigo Tabernáculo nós temos um lugar de adoração que era o átrio exterior, onde as ofertas eram entregues e onde aconteciam os sacrifícios. Depois tínhamos outras duas salas. A primeira era o santo lugar, com um candeeiro de ouro, uma mesa de ouro e um incensário. A segunda sala era depois do véu, o santíssimo lugar, com a Arca da Aliança e, dentro dela, as tábuas da lei e uma urna. Dentro dessa urna havia ainda um pedaço do maná e também o bordão, o cajado de Arão. Essas duas salas eram, portanto, o Santo lugar e o Santíssimo lugar. Vamos ver ao longo da Bíblia que o sumo sacerdote não podia entrar no Santíssimo lugar sem sangue. Ele entrava duas vezes: na primeira ele matava um boi e aspergia esse sangue em cima da tampa do propiciatório. Sobre essa tampa ficava a arca com 2 querubins, os guardiões da Glória de Deus; dentro dessa tampa do propiciatório ficavam a arca e a urna. O sumo sacerdote então, após matar o boi lá fora no átrio, entrava no Santíssimo lugar e aspergia o sangue, primeiro pela remissão dos seus pecados e de sua família. Depois ele saía, matava um cordeiro e voltava fazendo a mesma coisa, só que, dessa vez, em favor dos pecados das pessoas. Essa é uma simbologia riquíssima, porque pouco sabemos sobre o que era realmente feito no Santíssimo lugar. Pensando nesse tabernáculo da antiga aliança nós vemos que ele entrava no Santíssimo lugar anualmente para pedir perdão de pecados, aspergindo aquele sangue para remissão de pecados. O ato do sumo sacerdote no culto tem um papel central no culto. Nesse ato, existe uma centralidade de reconhecimento de culpa, de perdão. O Santíssimo lugar é um lugar tremendamente santo, e em um lugar assim precisamos trabalhar com algumas ideias. Primeiramente, o Santíssimo lugar é o lugar de reconhecimento da diferença de quem é homem e quem é Deus. E quando se reconhece essa distância, acontecem duas atitudes: suplicar perdão e misericórdia e adorar. Embora hoje em dia muito se fale sobre o Santíssimo lugar como o lugar de adoração, temos pouca habilidade em compreender o fato de que papel do sumo sacerdote tem a ver com a aspersão que era feita para propiciação dos pecados. E não podemos deixar de lado a importância da figura desse sumo sacerdote para o culto. No versículo 9, 10 vemos que a presença de Deus no novo Tabernáculo não pôde ser evidenciada enquanto o antigo Tabernáculo estava de pé, interditando o acesso ao novo e vivo caminho. Percebemos, então, nos versículos 8 a 10 que, enquanto essa forma de culto estava valendo e esse Tabernáculo da antiga lei estava de pé, o caminho para Deus estava interditado.   

Embora não haja referência, é possível pensar que antes da ressurreição é possível que os sacerdotes tenham ficado costurando o véu, que fora rasgado. Assim sendo, enquanto estivermos tentando reparar essa estrutura, não entenderemos a realidade do novo e vivo caminho. Enquanto estamos baseados em uma relação de Deus através de nosso próprio mérito, no tipo de santidade e obras que nós acreditamos ser as corretas, este antigo Tabernáculo continuará sempre de pé. No entanto, é preciso que ele venha abaixo, a fim de que se torne evidente o novo e vivo caminho. Isso é ilustrativo do que Deus quer que aconteça hoje: um Tabernáculo espiritual, em uma relação de intimidade com Ele, baseado em Cristo Jesus. Em Hebreus 9:10 podemos refletir sobre uma afirmação também bastante significativa. Todas essas ordenanças baseadas em comida, bebida - sacrifício de matar os animais, ofertas de comida e bebida – não têm o poder ou capacidade de aperfeiçoar, de santificar. Essas coisas cumprem um papel ilustrativo do que ia acontecer na Nova Aliança, mas são provisórias e não têm a capacidade de alcançar a mente. Então, o que purifica, de fato, a consciência no ser humano? Realmente não temos uma ferramenta, um instrumento que realmente purifique a nossa consciência.    

Provocação 

Se no Versículo 10 o texto diz que esta estrutura não purifica, não aperfeiçoa, não santifica, você saberia dizer o que é capaz de purificar a sua consciência? Se permanecer na velha aliança, obedecendo, se esforçando em cumprir a lei, ou usando a mediação entre homens, trazendo sacrifícios de comida e bebida, se nada disso tem capacidade de santificar, o que, então, poderia realmente alcançar a sua consciência?
Paulo em Colossenses 2 diz que essas coisas de “não toques, não proves, não manuseie”, não têm poder para enfrentar a sensualidade. Essa é a mesma ideia do escritor de Hebreus. Somente o culto que sabe que precisa render adoração, que sabe que precisa pedir perdão é que pode alcançar o mais profundo do nosso ser para haver transformação. Minha preocupação Pastoral é que nós continuemos usando elementos de uma antiga aliança e, por conta disso, a nossa consciência continua pesada, cheia de culpa, nos mantendo continuamente distantes de Deus. Os protocolos espirituais que nós usamos parecem continuar sem efeito de gerar no nosso coração a santidade. Parece que os protocolos nos quais tanto insistimos não conseguem atingir em cheio a nossa consciência, a fim de que ela tenha a paz de estar diante de um Deus puro, perfeito e verdadeiro. Se nós erramos os protocolos, se erramos a aliança, por certo iremos cair em uma armadilha poderosa, que é continuar com a nossa consciência presa pelo peso do pecado. 

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