quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Apocalipse - Parte 2


Continuação do estudo do Livro de Apocalipse. 

 APOCALIPSE – PARTE 2

 (1)Continuamos com nosso estudo de Apocalipse, e gostaria de lembrar que, por enquanto, a proposta é fugir desses principais debates sobre arrebatamento, pois estamos dando foco à construção de uma firme convicção sobre consolação e esperança. Qualquer abordagem bíblica que, ao ler Apocalipse não construa Consolação e esperança, se perdeu em algum momento. Na aula anterior falamos sobre as últimas palavras sobre Cristo como sendo aquele que tem as sete estrelas, porque ele já está com as suas roupas de sacerdote para trabalhar e ele já está agindo com autoridade, governando, apesar de que, aparentemente, o império das trevas está avançando. Agora, a partir do capítulo 2 e 3, temos as últimas palavras sobre a igreja. E é muito importante perceber o que Jesus e o que o apóstolo João está sendo usado pelo Espírito Santo para dizer as últimas palavras que temos para confortar e guiar o povo de Deus.  

(2) O amor não existe no isolamento. Ao estarmos afastados dos outros, vamos deformando a vida, transformando aquele sentimento inicial em orgulho. Portanto, o amor precisa ser vivido dentro de uma comunidade, pois quando nos afastamos do outro, aquele sentimento que tinha tudo para ser bom, se transforma em orgulho e vaidade. Da mesma forma, a esperança também não se desenvolve no isolamento. Assim sendo, nós precisamos da comunidade porque, à medida que eu me afasto da comunidade e aquela que era para ter esperança para contagiar as pessoas vai virando semente de fantasia. Porque a esperança é para a igreja e quem quer começar a cultivar esperança sozinho, isso vai criando traço de ilusão, de fantasia, uma roupa velha que ninguém mais pode vestir. Dessa forma, a obediência é um caminho para a liberdade, a humildade é nosso caminho para o prazer e a unidade é o caminho para construção da nossa personalidade. Portanto, as últimas palavras sobre a igreja são para que ela não caia na armadilha de querer andar sozinha. Muitos são os nossos desafios e precisamos saber ouvir. Existem dois fatos constantes no texto de Apocalipse: o Espírito que fala e, do outro lado, o povo que ouve. Se formos ver em algumas narrativas Bíblicas, como os próprios Evangelhos dizem, se nossos olhos nos escandalizarem ou impedirem nosso relacionamento com Deus, devemos arrancá-lo fora. Ou seja, figurativamente, precisamos nos mutilar para permanecer no Corpo em um relacionamento com Deus. Porém, perceba que em nenhum lugar da Bíblia nós vamos encontrar qualquer expressão que nos exorte a tirar o nosso ouvido. Isso, porque a Bíblia leva muito a sério a audição e a forma como ouvimos, pois, o Espírito vai falar, e precisamos ouvir. A Bíblia, portanto, dá ênfase ao povo que sabe ouvir, e se não existe um povo que ouve, não existe Igreja ela só existe se houver um grupo de pessoas que está realmente ouvindo a Palavra e o Espírito Santo. E as últimas palavras sobre a Igreja falam a respeito de abrir os ouvidos para que os conselhos de Jesus Cristo possam entrar em nosso coração.

 Pausa para Leitura

  faça uma leitura nos seguintes textos: Isaías 6:10; Isaías 50:4,5; Isaías 35:5 e Marcos 7:33. Somente depois disso, continue o nosso estudo. Fazendo uma reflexão sobre o que acabou de ler, você percebe que o povo precisa ouvir. E assim ratificamos, mais uma vez, que não existe Igreja se não existir um povo que ouve o Espírito Santo. Ele fala e a Igreja ouve. Então, a forma como eu ouço determina a forma que eu amo. Se pegarmos a Parábola do Semeador, vamos ter essa referência de pessoas que recebem a mensagem do Evangelho. Essa Parábola está diretamente ligada com a forma como eu ouço, ou seja, à qualidade do meu ouvir: se é endurecido, se é impenetrável (alguém fala e não entra porque estamos blindados e não conseguimos escutar), se é superficial (um solo rochoso onde tudo brota, mas não cria raízes, são pessoas que ouvem tudo, mas existe confusão). Portanto, a forma como ouvimos o Espírito, a Palavra e a mensagem irá determinar a forma com que o Evangelho irá entrar em nosso coração. Podemos ilustrar fazendo uma comparação com o ouvido de erva daninha. É o tipo de ouvido que escuta tudo que é barulhento e repetitivo, toma espaço na nossa alma na nossa mente, no nosso coração, mas não damos espaço para verdade. É uma confusão de sons, nós escutamos todos os barulhos, mas não estamos preocupados em ouvir a verdade. Então a forma como escutamos determina a forma com que eu ando. É por isso que sempre veremos ao longo de Apocalipse uma frase que repete, como se fosse um ritmo constante: “quem tem ouvidos, ouça” ... “quem tem ouvidos, ouça”. É impossível desenvolver fé, sem ouvir. O Espírito Santo fala através da Palavra de Deus, Ele fala através da história, por isso precisamos de uma igreja que saiba ouvir. Nós sempre ocupamos o tempo da igreja fazendo atividades com ótimas programações, mas se ela perde essa questão central que é ouvir, a tendência é sucumbir e morrer. Temos essa estrutura de Jesus conversando com essas igrejas através do Apóstolo João que transmite essa mensagem aos anjos da igreja, e nessa conversa com as igrejas vamos encontrar uma afirmação, uma correção e uma promessa. O texto começa dizendo “eu conheço as suas obras”. Se Ele está dizendo, significa que Ele sabe quem nós somos. Por isso, não adianta se esforçar tentando ser o que não somos. Isso é tão profundo, que deveria nos causar um verdadeiro espanto e alegria, afinal, isso demonstra que Jesus conhece cada centímetro que está dentro do nosso coração, principalmente por Ele ser um Deus de misericórdia. “Eu conheço” significa que não temos direito de usar máscaras, precisamos ter a coragem de tirar todas as nossas hipocrisias e disfarces. Portanto, quando Jesus se aproxima da Igreja, é com a afirmação “eu conheço vocês”, ou seja, “eu sei quem são vocês”. E nessa estrutura de afirmação x correção x promessa, Jesus primeiro faz um elogio, Ele elogia as igrejas justamente por conhecer e saber o que elas têm de positivo. A Igreja de Éfeso, por exemplo, é elogiada por ser incansável, atenta. A Igreja de Esmirna é elogiada porque sofre com coragem, mesmo sendo perseguida e sofrendo. A Igreja de Pérgamo é elogiada porque tem uma ousadia para testemunhar nesses tempos onde o Império Romano está sendo cruel então é elogiada por uma ousadia que Ele conhece. A Igreja de Tiatira é elogiada porque o crescimento é evidente, o discipulado está sendo desenvolvido. Então Jesus se dirige para todas essas igrejas dizendo: “Eu conheço vocês, Eu sei o que vocês têm de melhor”. Mas, depois de elogiar, Jesus faz as repreensões. E então Ele usa uma frase que pesa, que é como uma flecha: “Eu tenho contra você”. Primeiro Ele diz “Eu te conheço”, e depois ele usa essa frase que, na verdade, toda igreja precisa ouvir: “Eu tenho contra você”. Em qualquer tempo precisamos ouvir a voz do Senhor dizendo isso, a fim de que sejamos renovados, restaurados e permanecendo em Cristo.  

👉🏿 Para Éfeso, a acusação do Cordeiro é: “Eu tenho contra vocês que vocês abandonaram primeiro amor”
👉🏿 A igreja de Pérgamo era indiferente aos ensinamentos de heresias, era uma igreja que tinha sua parte boa, mas por outro lado, aceitava e compactuava com as heresias sem questionamentos
👉🏿 Já Tiatira tolerava não a heresia, mas a imoralidade. 
👉🏿 Laodiceia permitiu que o luxo, o glamour e a riqueza substituísse a vida no Espírito Santo. E essas são as acusações de Jesus Cristo contra a Igreja. É por esse motivo que a Igreja de hoje precisa escutar essa acusação, porque faz todo o sentido para nós nos dias atuais, uma vez que temos igrejas que permitem que o luxo e que a riqueza substitua a ação do Espirito Santo, igrejas que, assim como a igreja de Sardes, demonstram apatia, são igrejas apáticas, dormentes. Ou outras que, como Tiatira, apesar de tudo o que se faz, tolera imoralidade e ensinamentos de heresia ou que abandonam o amor. Portanto, se quisermos fazer parte de uma Igreja saudável, temos que ter coragem de perguntar ao Senhor: “Meu Mestre, o que o Senhor tem contra mim?”. “Eu tenho tolerado imoralidade, tenho tolerado heresia, tenho me tornado uma Igreja apática?”, “O que o Senhor tem contra mim?”. Essa precisa ser nossa consciência, porque as últimas palavras que Jesus tem para igreja é para que ela entenda que Ele ainda é, e sempre foi o Dono da Igreja, é Ele quem controla o seu rumo. E depois que Jesus conheceu, elogiou e falou o que tem contra - Ele agora se detém nas promessas, porque esse é a forma com que o livro está dizendo que Jesus está falando com sua igreja. E as promessas estão relacionados à vida eterna. Para Éfeso, uma igreja cujos frutos não alimentavam mais e que estava sendo destruída e desnutrida pela falta de amor, Ele promete a Árvore da Vida. Esmirna, que está sendo perseguida pela escravidão da morte, recebe a promessa de uma coroa da vida. Pérgamo recebe a promessa de Pedra Branca - existe essa relação com nome na Pedra Branca que só quem a recebe, conhece. Para quem está sendo ameaçado pela destruição da identidade, uma igreja que está correndo o risco de ser quebrada na sua identidade, que a sua identidade seja pulverizada. Essa igreja está recebendo a promessa de receber um nome que não pode ser destruído, um nome maravilhoso que é reflexo de uma intimidade única e exclusiva entre Cristo e a sua Igreja. Tiatira, uma igreja que está correndo o risco de viver um eterno anoitecer, recebe a promessa de receber a Estrela da Manhã, o eterno amanhecer. A Igreja de Sardes, uma igreja que estava já contaminada por não estar entendendo o reino, recebe a promessa de receber vestes brancas e limpas.

Filadélfia, uma igreja que também está sendo perseguida, recebe a promessa de ser coluna do templo. Essa igreja que é desprezada, invisível aos olhos de muitos, agora recebe a promessa de ser um pilar, uma coluna do templo. E então, essa que é tida como nada, recebe a promessa de ser fundamental. A igreja de Laodiceia recebe a promessa de comer e reinar com Cristo, porque uma igreja que não ouve, corre o risco de não se sentar à mesa e de não se alimentar junto com Cordeiro. Cristo sempre tem promessas, assim sendo, se a Igreja quer se relacionar com Ele, ela precisa saber que Cristo, de fato, nos conhece e o que, de fato, Ele tem contra nós - tenha certeza de que Ele tem coisas contra nós. Precisamos também conhecer quais são as promessas que alcançam o nosso ministério, a nossa vida, a nossa família, nossa igreja (pessoas). E à medida que conhecemos esses três eixos, nosso relacionamento com Cristo se fundamenta sobre uma verdade indestrutível. As últimas palavras que Jesus Cristo tem sobre a sua Igreja é que Ele repreende e corrige aqueles a quem ama (Apocalipse 3:19) Portanto, somos treinados a amar como a igreja de Éfeso, a sofrer como a Igreja de Esmirna, a falar a verdade como a igreja de Pérgamo, para sermos santos como a igreja de Tiatira, e autênticos como a igreja de Sardes. Treinados também para cumprir nossa missão, como a igreja de Filadélfia e treinados para adorar, como a igreja de Laodiceia. E assim estamos sendo treinados pelo Espírito Santo, mas, sobretudo, precisamos manter os ouvir abertos para ouvir a Sua voz. A igreja, precisa ter uma visão de encorajamento, de esperança. E essa orientação nós precisamos receber de forma direta e sensata. Igreja é um lugar para ouvir o que estamos fazendo certo, portanto, nossas igrejas precisam ser um lugar de afirmação. Ou seja, a sua igreja precisa ser um lugar onde os pastores, os louvores a comunidade aprenda e reflita: "estamos fazendo isso certo"? A igreja também precisa ser um lugar de correção para dizer aquilo que estamos fazendo de errado. Nós precisamos desse momento para crescer como igreja. Mas a igreja é lugar de ouvir as promessas, ou seja, é lugar de motivação. Temos então a igreja em três funções: como lugar de afirmação, como lugar de correção e como lugar de motivação. Quando escutamos as últimas palavras de Jesus Cristo, entendemos a identidade de cada uma dessas funções.

A partir dos Capítulos 4 e 5 começamos a ouvir as últimas palavras sobre adoração. Vemos que existe uma porta que separa o povo do banquete. Jesus está à porta, convidando, ao lado de fora; a igreja está ao lado de dentro. É como se fosse um convite a vir adorar. Assim sendo, percebemos que Deus nos busca. Ele nos resgata e nos convida para o adorarmos. Então, no Capítulo 4:1, aparece uma porta, cujo primeiro significado é de uma igreja que sabe adorar. A igreja abriu a porta, ou seja, ela aceitou o convite para adoração. E, como resultado da adoração, as outras coisas acontecem. É Jesus quem está batendo à porta em Apocalipse, nos convidando para abrirmos. Em nosso relacionamento com adoração não é diferente. Jesus bate à porta do nosso coração e nos convida para vivermos adorando. Note que adorar não é somente cantar, a palavra "adoração" significa, literalmente, "serviço", ou "beijar a mão". Portanto, Jesus é aquele que nos convida para esse momento de estarmos em adoração. E nessas últimas palavras sobre adoração nós vemos um Trono, é o centro de um Reino. Isso significa que a adoração é o momento onde existe a centralização da vida: todos olham para o trono, todos olham para o rei. A partir do Capítulo 4 começamos a ver que na adoração é o lugar onde selos são abertos, onde a palavra é revelada, onde começamos a conhecer a vontade de Deus na igreja e na história, e também onde adoramos o criador, o redentor. E então terminamos nossa adoração de uma forma simples, com um "amém", um "assim seja", afirmando e reconhecendo o lugar da adoração. Portanto, existe um Trono, existe um rei. E nós estamos vindo diante desse Rei adorá-lo.

Provocação

 Quero terminar esse estudo, mais uma vez, fazendo uma pergunta:  
Quanto das nossas adorações, pensamentos e canções falam do que Ele é? E quantas das nossas canções falam do que nós estamos sentindo? É claro que o momento da adoração é de se derramar, de se quebrantar. Mas a adoração só é adoração porque existe um Trono, existe um Rei, e a essência da nossa adoração é falar com quem está sentado no Trono e reconhecer quem Ele é. Quanto da nossa adoração nós usamos "eu", e quanto da nossa adoração nós usamos "Ele": a Ele seja dada a honra, a Ele seja dada a glória... Porque Ele é... Porque Ele vive... Porque Ele tem a chave da morte em Suas mãos... Porque Ele... Para Ele? 

A essência da adoração

 Quando começamos a perder a dimensão da adoração e começamos a ser entronizados por aquilo que estamos sentindo, por aquilo que estamos querendo, a adoração começa a se transformar em uma idolatria, porque nosso ego começa a ficar evidente. Isso não quer me dizer que não podemos cantar nenhuma música que tenha o "eu", mas nas últimas palavras sobre adoração, Apocalipse revela que existe um Trono, portanto, um Rei que está assentado. 

 A Ele deve ser dada a honra, a glória eternamente. Estar diante do Rei, portanto, significa simplesmente se render, parar de falar, e reconhecer quem Ele é. Uma igreja que adora é uma igreja que está imersa na realidade do governo de Deus e na Sua redenção. A nossa adoração tem sido ineficiente porque estamos mergulhados em nossos sentimentos, em nossos problemas, naquilo que não conseguimos ver ou resolver. E quando somos levados, pelo Espírito Santo, a mergulhar na essência da adoração bíblica, nós mergulhamos em um Deus que está com as sete estrelas na mão, governando a todos. Então nós entramos na realidade do senhorio de Cristo na história, e descobrimos que o que acontece na adoração também acontece na história. Portanto, você quer fazer parte da história? Aprenda a adorar como Apocalipse nos ensina. Adoração é reconhecer que existe um Trono e que nesse Trono está assentado Aquele que vive para sempre, Aquele que tem olhos de fogo, cabelos brancos; o alfa, o ômega, o primeiro, o último. Jesus Cristo é o motivo da nossa adoração, da nossa vida, da nossa criação e da nossa redenção. Só adora quem enxerga Jesus Cristo acima de todas as coisas.

Que o Senhor te abençoe e te leve a adorar de uma forma que você nunca achou que fosse possível. Lembre-se de que as últimas palavras sobre adoração falam de um povo que não é abalado, mesmo quando o império das trevas mais poderoso se levanta. 

  Você percebe que o mal é revelado de uma forma tão assustadora, ainda assim pode cantar e celebrar, porque Jesus Cristo reina. 

 Deus te abençoe 

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